BNP vê excesso na curva de juro e aposta em solução fiscal

BNP vê excesso na curva de juro e aposta em solução fiscal

outubro 23, 2020 Off Por JJ

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Foto: reprodução

(Bloomberg) — O Banco Central não deve subir a Selic nem no prazo nem na intensidade precificada na curva de juros, já que o governo manterá o compromisso fiscal, diz Marcelo Carvalho, diretor global de pesquisa para mercados emergentes do BNP Paribas.

O mercado de juros futuros precifica que o Banco Central passará a elevar a Selic a partir de dezembro deste ano e que a alta poderá somar quase 300 pontos base em 2021, à medida que a deterioriação fiscal desafia a sinalização do Copom de taxas estáveis.

Para o diretor do BNP, essa perspectiva não deve se confirmar. Ele prevê que a Selic só voltará a subir em 2022 e o dólar cairá para abaixo de R$ 5,00 no próximo ano. “A inclinação da curva de juros está excessiva”, afirma Carvalho, em entrevista por telefone, de Londres.

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O risco fiscal não deve se materializar como o mercado teme, pois o governo tende a manter o teto de gastos ou substituí-lo por alguma “âncora crível”, diz o economista. Ele ainda prevê um aumento da arrecadação com a retomada da economia no próximo ano. “A questão fiscal deve ter um bom encaminhamento.”

Segundo Carvalho, a manutenção do regime fiscal deve assegurar que as expectativas de inflação sigam baixas, o que reduz a preocupação com a alta recente dos preços.

Exterior

O cenário externo também pode contribuir para manter os juros baixos no Brasil. O real, que tem sido a pior entre as principais moedas do mundo este ano, deve se beneficiar da política de estímulos econômicos em países avançados como os Estados Unidos – o que tende a elevar o fluxo de recursos para países emergentes, segundo o economista.

A tendência, diz o diretor do BNP, é que a inflação e os juros também fiquem baixos nas principais economias do mundo diante da elevada ociosidade provocada pela pandemia, que não deve ser totalmente revertida com a recuperação recente.

Carvalho também destaca a melhora das contas externas no Brasil, favorecida pelo efeito do crescimento da China sobre as commodities.

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