XP seleciona gestores de private equity e venture capital em fundo de fundos com R$ 50 mil de aplicação mínima
março 10, 2021SÃO PAULO – A pessoa física tem sido cada vez mais contemplada por um maior leque de produtos do mercado financeiro até então restritos aos investidores sofisticados, com patrimônios milionários.
O desenvolvimento do mercado de fundos de índices (ETFs) ou de BDRs, recibos de ações estrangeiras, e o crescimento de fundos voltados ao mercado internacional são bons exemplos de um quadro que tem como respaldo a forte queda da taxa básica de juros brasileiro, com redução das oportunidades na renda fixa.
O investidor precisa ser mais arrojado para garantir bons retornos à sua carteira, e o mercado tem atuado para suprir essa demanda.
Nesse sentido, uma das vertentes que ganha força diz respeito aos investimentos alternativos, o que inclui a participação em empresas privadas de capital fechado.
De olho nisso, a XP está em fase de captação do fundo de fundos XP Selection Alternativo, produto que tem como foco o mercado de private equity e venture capital e que é acessível ao investidor qualificado, isto é, aquele com ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.
A iniciativa, pioneira no Brasil, exige aplicação mínima equivalente a R$ 50 mil e tem rentabilidade-alvo de IPCA mais 20% ao ano.
O Fundo de Investimento em Participações (FIP) multiestratégia pretende levantar R$ 835 milhões, com possibilidade de alcançar até R$ 1 bilhão, para investir indiretamente em um grupo de 60 a 100 empresas. A maior parte da alocação será no Brasil, dada a limitação de 20% de exposição internacional.
“Nossa ideia é trazer a melhor tecnologia para investir nos mercados de private equity e venture capital que é usada fora do Brasil”, diz Jorge Lange, que está à frente do fundo, ao lado de Amabile Rebeschini.
Ambos têm mais de uma década de experiência nesse mercado, com passagens na indústria por casas como Victoria Capital Partners, Partners Group e Hamilton Lane.
Saída em 4 anos
O período de investimento do novo fundo da XP será de quatro anos, com a possibilidade de prorrogação de mais um ano mediante determinação da gestora, ou até de antecipação. Conforme ocorrerem os desinvestimentos, o investidor vai receber o valor aplicado de volta.
O prazo de duração do fundo, contudo, é de dez anos, prorrogáveis por duas vezes de um ano cada.
Lange explica que os quatro anos são uma janela de liquidez, que possibilitam a saída do investimento, ainda que a orientação seja ter foco no longo prazo, portanto em dez anos.
A proposta do novo produto é combinar investimentos primários – com o maior peso, de 60% –, secundários e co-investimentos.
Os investimentos primários serão representados pelas cotas dos fundos em que o XP Selection Alternativo vai investir. No Brasil, Advent International, Patria, Vinci Partners e General Atlantic estão entre os exemplos de gestores ativos com atuação no mercado. Nessa etapa, o investidor vai conseguir alocar em um ciclo completo de uma empesa privada, desde o início.
Na abordagem secundária, o fundo da XP pode negociar cotas de investidores que queiram sair antes de suas alocações, com desconto. “Teremos muita oportunidade de acesso que não estaria disponível a uma boa parte dos investidores locais”, diz Lange.
Por fim, no co-investimento, a XP seleciona empresas específicas, com aportes a serem feitos em parceria com outra gestora. McDonald’s, Dr. Consulta e Technos são exemplos de transações que contaram com co-investimentos.
O processo de seleção de ativo é praticamente o mesmo, afirma Lange, mas a XP não estará na gestão da empesa selecionada.
Retorno adicional ao portfólio
O investimento do tipo private equity e venture capital parte do princípio da compra de participação de empresas privadas, em geral com desconto, seguida por um aporte de capital para acelerar seu crescimento.
A ideia, explica a XP no material publicitário, é ter uma participação ativa na gestão para criação de valor, para poder vender, posteriormente, a fatia via IPO ou para um comprador estratégico/financeiro.
“PE&VC [private equity e venture capital] se torna, em nossa visão, um gerador de retorno adicional no portfólio dos investidores”, frisa a XP, no material.
Um estudo da Cambridge Associates mostra que, em dez anos, de junho de 2008 a junho de 2018, o retorno global da indústria de PE&VC é superior ao do mercado de ações.
Fundos de private equity e venture capital geridos ativamente renderam, em média, 21,2% e 33,3% ao ano, respectivamente, ao longo de dez anos. Já os produtos de ações tiveram retornos que não ultrapassaram os 5% ao ano, no intervalo.
Lange explica que, no exterior, os fundos de fundos desse mercado permitem que tanto investidores institucionais, como fundos de pensão de médio porte, quanto de varejo possam acessar o segmento de private equity.
A atuação da XP no mercado de private equity teve início em 2020, com o XP Private Equity I FIP Multiestratégia, focado em empresas de médio porte com alto potencial de crescimento. Comandado por Chu Kong (ex-Actis), o fundo captou R$ 1,3 bilhão na oferta e também foi voltado para investidores qualificados, porém com aplicação mínima de R$ 150 mil.
Leia também:
• Restritos a milionários, fundos de private equity vendem ações na onda de IPOs, enquanto buscam próximas candidatas
“A XP começou em 2020 com o processo de democratização dessa classe de ativos até então inacessível para a pessoa física. Agora cabe oferecer esse produto para que o investidor possa ter todos os frutos do mercado”, diz Amabile.
A taxa de administração do XP Selection Alternativo será de 1,25% ao ano sobre o capital comprometido, isto é, o total levantado inicialmente, durante o período de investimento, de quatro anos. Passado esse intervalo, a taxa passa a cair trimestralmente, até um mínimo de 0,1%, o que é um incentivo para o gestor devolver os recursos aos cotistas, diz Lange.
Será cobrada taxa de performance de 10% sobre um retorno preferencial de IPCA mais 7% ao ano. Essa é a rentabilidade mínima para a cobrança acontecer. O Imposto de Renda será igual ao de um fundo de ações, com alíquota de 15% sobre os rendimentos, sem cobrança de come-cotas.
O período de reserva do fundo terá o encerramento no dia 29 de março.