XP seleciona gestores de private equity e venture capital em fundo de fundos com R$ 50 mil de aplicação mínima

XP seleciona gestores de private equity e venture capital em fundo de fundos com R$ 50 mil de aplicação mínima

março 10, 2021 Off Por JJ

(Pixabay)

SÃO PAULO – A pessoa física tem sido cada vez mais contemplada por um maior leque de produtos do mercado financeiro até então restritos aos investidores sofisticados, com patrimônios milionários.

O desenvolvimento do mercado de fundos de índices (ETFs) ou de BDRs, recibos de ações estrangeiras, e o crescimento de fundos voltados ao mercado internacional são bons exemplos de um quadro que tem como respaldo a forte queda da taxa básica de juros brasileiro, com redução das oportunidades na renda fixa.

O investidor precisa ser mais arrojado para garantir bons retornos à sua carteira, e o mercado tem atuado para suprir essa demanda.

Nesse sentido, uma das vertentes que ganha força diz respeito aos investimentos alternativos, o que inclui a participação em empresas privadas de capital fechado.

De olho nisso, a XP está em fase de captação do fundo de fundos XP Selection Alternativo, produto que tem como foco o mercado de private equity e venture capital e que é acessível ao investidor qualificado, isto é, aquele com ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

A iniciativa, pioneira no Brasil, exige aplicação mínima equivalente a R$ 50 mil e tem rentabilidade-alvo de IPCA mais 20% ao ano.

O Fundo de Investimento em Participações (FIP) multiestratégia pretende levantar R$ 835 milhões, com possibilidade de alcançar até R$ 1 bilhão, para investir indiretamente em um grupo de 60 a 100 empresas. A maior parte da alocação será no Brasil, dada a limitação de 20% de exposição internacional.

“Nossa ideia é trazer a melhor tecnologia para investir nos mercados de private equity e venture capital que é usada fora do Brasil”, diz Jorge Lange, que está à frente do fundo, ao lado de Amabile Rebeschini.

Ambos têm mais de uma década de experiência nesse mercado, com passagens na indústria por casas como Victoria Capital Partners, Partners Group e Hamilton Lane.

Saída em 4 anos

O período de investimento do novo fundo da XP será de quatro anos, com a possibilidade de prorrogação de mais um ano mediante determinação da gestora, ou até de antecipação. Conforme ocorrerem os desinvestimentos, o investidor vai receber o valor aplicado de volta.

O prazo de duração do fundo, contudo, é de dez anos, prorrogáveis por duas vezes de um ano cada.
Lange explica que os quatro anos são uma janela de liquidez, que possibilitam a saída do investimento, ainda que a orientação seja ter foco no longo prazo, portanto em dez anos.

A proposta do novo produto é combinar investimentos primários – com o maior peso, de 60% –, secundários e co-investimentos.

Os investimentos primários serão representados pelas cotas dos fundos em que o XP Selection Alternativo vai investir. No Brasil, Advent International, Patria, Vinci Partners e General Atlantic estão entre os exemplos de gestores ativos com atuação no mercado. Nessa etapa, o investidor vai conseguir alocar em um ciclo completo de uma empesa privada, desde o início.

Na abordagem secundária, o fundo da XP pode negociar cotas de investidores que queiram sair antes de suas alocações, com desconto. “Teremos muita oportunidade de acesso que não estaria disponível a uma boa parte dos investidores locais”, diz Lange.

Por fim, no co-investimento, a XP seleciona empresas específicas, com aportes a serem feitos em parceria com outra gestora. McDonald’s, Dr. Consulta e Technos são exemplos de transações que contaram com co-investimentos.

O processo de seleção de ativo é praticamente o mesmo, afirma Lange, mas a XP não estará na gestão da empesa selecionada.

Retorno adicional ao portfólio

O investimento do tipo private equity e venture capital parte do princípio da compra de participação de empresas privadas, em geral com desconto, seguida por um aporte de capital para acelerar seu crescimento.

A ideia, explica a XP no material publicitário, é ter uma participação ativa na gestão para criação de valor, para poder vender, posteriormente, a fatia via IPO ou para um comprador estratégico/financeiro.

“PE&VC [private equity e venture capital] se torna, em nossa visão, um gerador de retorno adicional no portfólio dos investidores”, frisa a XP, no material.

Um estudo da Cambridge Associates mostra que, em dez anos, de junho de 2008 a junho de 2018, o retorno global da indústria de PE&VC é superior ao do mercado de ações.

Fundos de private equity e venture capital geridos ativamente renderam, em média, 21,2% e 33,3% ao ano, respectivamente, ao longo de dez anos. Já os produtos de ações tiveram retornos que não ultrapassaram os 5% ao ano, no intervalo.

Fonte: XP, com base em estudo da Cambridge Associates

Lange explica que, no exterior, os fundos de fundos desse mercado permitem que tanto investidores institucionais, como fundos de pensão de médio porte, quanto de varejo possam acessar o segmento de private equity.

A atuação da XP no mercado de private equity teve início em 2020, com o XP Private Equity I FIP Multiestratégia, focado em empresas de médio porte com alto potencial de crescimento. Comandado por Chu Kong (ex-Actis), o fundo captou R$ 1,3 bilhão na oferta e também foi voltado para investidores qualificados, porém com aplicação mínima de R$ 150 mil.

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“A XP começou em 2020 com o processo de democratização dessa classe de ativos até então inacessível para a pessoa física. Agora cabe oferecer esse produto para que o investidor possa ter todos os frutos do mercado”, diz Amabile.

A taxa de administração do XP Selection Alternativo será de 1,25% ao ano sobre o capital comprometido, isto é, o total levantado inicialmente, durante o período de investimento, de quatro anos. Passado esse intervalo, a taxa passa a cair trimestralmente, até um mínimo de 0,1%, o que é um incentivo para o gestor devolver os recursos aos cotistas, diz Lange.

Será cobrada taxa de performance de 10% sobre um retorno preferencial de IPCA mais 7% ao ano. Essa é a rentabilidade mínima para a cobrança acontecer. O Imposto de Renda será igual ao de um fundo de ações, com alíquota de 15% sobre os rendimentos, sem cobrança de come-cotas.

O período de reserva do fundo terá o encerramento no dia 29 de março.