WEG (WEGE3): transição energética será o grande catalisador? Analistas elevam otimismo com ação, de olho em novas tendências

WEG (WEGE3): transição energética será o grande catalisador? Analistas elevam otimismo com ação, de olho em novas tendências

outubro 7, 2022 Off Por JJ

Queridinha dos investidores, a ação da WEG (WEGE3) tem registrado um desempenho inferior ao Ibovespa em 2022. Até a tarde desta sexta-feira (7), enquanto o benchmark da Bolsa avançava cerca de 12% no acumulado do ano, WEGE3 tinha ganhos de cerca de 3%. Em 12 meses, enquanto o Ibovespa subiu 6%, o ativo caía cerca de 9%.

Contudo, nas últimas semanas, a tese de investimentos na multinacional brasileira – especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, transformadores e geradores – têm ganhado força entre os analistas, que destacam a transição energética e o curso da crise de gás na Europa levando a uma busca maior por alternativas como catalisadores para a companhia. A boa execução e o potencial de ganho de participação de mercado também levam a um cenário mais positivo para a empresa, ainda que haja alertas sobre o valuation esticado (ou seja, que a ação não é uma “barganha”).

No final da semana passada, o Morgan Stanley, que tinha recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para a ação há um longo tempo, fez uma dupla elevação para os ativos, para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra). O preço-alvo das ações passou de R$ 26 para R$ 39 (potencial de valorização de 16% frente o fechamento da véspera).

De acordo com relatório, a mudança de recomendação se baseia no “posicionamento favorável da companhia em relação aos temas de automação, descarbonização e eletrificação” – “tendências de longo prazo que apoiam uma avaliação premium para WEG, que deve continuar a ter o maior crescimento de receita/Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês] e níveis de rentabilidade entre seus pares de classe mundial”.

Além disso, o documento destaca as perspectivas construtivas sobre o cenário global de investimentos (ou seja, a mudança no mix de gastos favorece a WEG, apesar de uma possível desaceleração econômica)”.

Na última semana, a WEG anunciou investimentos de R$ 600 milhões na expansão da capacidade produtiva; o JPMorgan (que tem recomendação equivalente à compra para o ativo) também viu o anúncio como positivo, principalmente a construção de uma planta com foco em mobilidade elétrica, corroborando com a visão da casa de que a WEG continua encontrando novos caminhos de crescimento e que o segmento elétrico deve representar um mercado importante no futuro.

O Morgan Stanley trouxe ainda uma grande revisão para cima da taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de receita da fabricante de motores elétricos – para 14% no período entre 2021-2030, antes era de aproximadamente 10%.

O Morgan Stanley acrescentou que o modelo de negócios diferenciado da WEG e potenciais mercados endereçáveis podem sustentar uma taxa de crescimento média próxima do que a companhia apresentou no passado, sustentado principalmente por potenciais ganhos de participação de mercado no exterior na área de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI) e pela crescente demanda por produtos de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia devido à transição para energia renovável.

Na sequência, no início de outubro, a Genial Investimentos também elevou a recomendação para os ativos WEGE3, de manutenção para compra, com um preço alvo saindo de R$ 34,50 para R$ 40,40, representando um potencial de valorização de 20%.

Quatro fundamentos baseiam a tese de investimento na companhia: i) quadro de transição energética global; ii) retomada gradual de investimentos na indústria brasileira; iii) maior resiliência ao possível cenário de recessão global; iv) continuidade, e, principalmente, assertividade dos projetos de expansão da empresa, resultando em ganhos de market-share.

“Do ponto de vista de desafios, sempre acreditamos que o maior problema da WEG era a briga por participação de mercado, considerando a competitividade no setor, e, principalmente, a representatividade e o tamanho dos concorrentes. Na nossa visão, o cenário de pressão de custos de energia na Europa e mão-de-obra elevada nos EUA pode favorecer a companhia dada a sua verticalização e maior concentração de parques fabris no Brasil”, avalia o analista Ygor Araujo, que assina o relatório da Genial.

Ele faz uma ponderação ao destacar que, mesmo com números e fundamentos sólidos, os múltiplos da empresa estão esticados, presumindo um crescimento muito acelerado.

“Porém, nesse momento de incerteza global, a expectativa é de fortalecimento do dólar frente ao real com uma agenda positiva de investimentos em 2023 e 2024 no Brasil, o que nos indica que a WEG pode ser uma ótima opção defensiva”, afirma.

Os principais riscos à tese estão relacionados ao seguintes cenários: i) destruição de demanda na Europa e queda da atividade econômica acima das expectativas nos EUA; ii) revisão nos níveis de investimentos em renováveis nos EUA por conta da inflação elevada, o que pode resultar em um processo de transição energética global mais lento; iii) falta de infraestrutura para eletro mobilidade no Brasil; iv) evolução lenta do market share no exterior e v) piora na perspectiva de fim de ciclo de alta nos juros globais, que causaria revisão de múltiplos para baixo.

Eficiência energética

Nesta semana, o Credit Suisse reiterou recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para o ativo, ainda que tenha reduzido o preço-alvo de R$ 43 para R$ 41 (upside de 21,5%), de forma a refletir maior custo de capital e ao incorporar as informações disponíveis mais recentes.

Os analistas Regis Cardoso, Marcelo Gumiero e Henrique Simões fizeram uma imersão sobre o tema de eficiência energética e como a empresa deve se beneficiar do maior uso de motores elétricos. Em um contexto de altos preços de energia e gás e incentivos (ou mandatos) para reduzir emissão de carbono, os países europeus podem ser os primeiros a avançar na transição para motores mais eficientes, sendo uma fonte de crescimento pra WEG relevante. As receitas da WEG na região (US$ 600 milhões em 2021) cresceram 9% em CAGR em dólares nos últimos cinco anos, apontam.

“Olhando globalmente, quase 45% de toda a eletricidade é consumida por motores elétricos e até 2040 e a ABB  acredita que o número de motores dobrará na indústria. A WEG também parece bem posicionada pra se beneficiar desse movimento não só por ser capaz de atender as necessidades dos clientes pelas novas exigências regulatórias, mas também por oferecer o portfolio mais completo”, afirmam.

Além do crescimento do mercado, existe um espaço também para ganho de market share em diversas regiões como Ásia e Europa, Oriente Médio e África (EMEA), onde tem apenas 2% e 7% de participação, respectivamente.

A Comissão Europeia estima que existam 85 milhões de grandes motores elétricos em operação na União Europeia (UE), consumindo de 65% a 70% de toda a energia usada na indústria. “Em nossa visão, a WEG poderia se beneficiar da ampla adoção de motores elétricos mais eficientes”, apontaram,

O Credit manteve suas estimativas de lucro por ação para 2022 e aumentou em 1,2%, para 1,19, para 2023, devido a um crescimento mais forte para o próximo ano. Para o terceiro trimestre de 2022, a projeção é de um Ebitda de R$ 1,4 bilhão, alta de 20% em base anual, margem Ebitda de 17,7% e um lucro líquido de R$ 1,1 bilhão, alta de 30%.

Em agosto, o Itaú BBA havia elevado a recomendação para WEGE3 para “compra”,  com preço-alvo de R$ 36,00 ao fim de 2023 (alta de 7%), listando cinco grandes razões para ter a ação na carteira: i) valuation interessante após o desempenho abaixo do Ibovespa nos últimos doze meses; ii) probabilidade limitada de revisão dos números para baixo pelos analistas; iii) perfil defensivo para períodos de incerteza; iv) execução de ponta (com excelente histórico de surpresas nos resultados) e v)  a boa posição para entradas de capital com foco em ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), com exposição da companhia a vários temas atrativos, como energias renováveis e eletrificação.

Posteriormente, o banco destacou que a fase crítica da Europa pode acelerar a necessidade de eficiência energética, com possibilidade de se traduzir em maior demanda por motores de baixa tensão, levando a impulso positivo de ganhos para a WEG.

De acordo com compilação da Refinitiv, atualmente, de 14 casas de análise que cobrem o papel, 9 possuem recomendação de compra (64%), 4 de manutenção (29%) e 1 de venda (7%). Em julho, eram 13 casas que cobriam a ação, com 6 recomendando compra (46%), 5 neutras (38%) e 2 com venda (16%).