Vale se torna uma empresa “sem dono” em mais um passo para evolução da governança
novembro 10, 2020
Agora é oficial: a mineradora Vale (VALE3) é uma empresa sem dono. A extinção formal do bloco de controle é vista como mais uma etapa no processo de evolução da governança da mineradora.
A assembleia de acionistas marcada para 2021 poderá dar o primeiro passo para definir se a empresa passará a ser oficialmente uma corporation, jargão do mercado para definir companhias de capital pulverizado.
Oriundo da privatização da Vale, em 1997, o bloco de controle agora desfeito incluía a Litel e a Litela (que reunia os fundos de pensão, sendo a Previ o mais relevante), além de Bradespar (empresa de investimentos do Bradesco), o grupo japonês Mitsui e o BNDESPar (braço de investimentos do banco estatal de fomento).
Do ponto de vista da governança, uma empresa sem controle definido geralmente é considerada mais independente – uma vez que não há tantos assentos “carimbados” no conselho. Em abril de 2021, a Vale vai eleger os novos membros para as 13 vagas do colegiado. Atualmente, há apenas três nomes independentes.
Para auxiliar nessa renovação, a companhia criou, em julho, um comitê de nomeação, liderado pelo ex-presidente da Petrobras (PETR3; PETR4) e presidente do conselho da BRF (BRFS3), Pedro Parente, e Alexandre Gonçalves Silva, presidente do conselho da Embraer (EMBR3).
O grupo deverá recomendar competências, perfis e nomes específicos para o conselho. Essas recomendações, no entanto, podem ou não ser aprovadas na reunião marcada para abril, o que dará um sinal mais claro se o fim formal do bloco de controle se concretizará na prática.
O Itaú BBA afirma que vê um “caminho mais claro para melhoras na governança corporativa da empresa”, com um provável aumento gradual no número de conselheiros independentes. O banco afirma que cerca de 20% das ações da empresa devem ser vendidas pelos acionistas, porém de forma gradual, já que nem todos eles precisam de liquidez de curto prazo.
Os fundos de pensão e BNDESPar devem ser os mais prováveis a desinvestir, devido à necessidade de liquidez. O banco manteve a recomendação para as ações em outperform (desempenho acima da média do mercado) , com preço-alvo em 2021 para o ADR (American Depositary Receipt) em US$ 15.
(Com Agência Estado)