Uso de tabaco por jovens pode elevar risco de Covid, diz estudo de Stanford
agosto 11, 2020(Bloomberg) – Adolescentes e adultos jovens que usam produtos de tabaco parecem mais propensos a contrair o novo coronavírus, de acordo com novo estudo, uma descoberta que traz mais dados conflitantes sobre a associação entre fumar, vaporizar e a Covid-19.
Mais de 6% de jovens entre 13 a 24 anos que relataram ter fumado e também vaporizado no último mês disseram ter testado positivo para a Covid-19, em comparação com menos de 1% daqueles que nunca usaram tais produtos, de acordo com estudo publicado no Journal of Adolescent Health. O artigo foi baseado nos resultados de uma pesquisa online com 4.351 pessoas em sites de jogos, redes sociais e outros.
“Resumindo, se você usa tanto cigarros eletrônicos quanto cigarros, é muito mais provável que seja diagnosticado com Covid”, disse Bonnie Halpern-Felsher, principal autora do artigo e professora de medicina pediátrica da Universidade Stanford, com foco no uso de cigarros eletrônicos por adolescentes.
A suscetibilidade de adolescentes e jovens à Covid-19 é uma questão de crescente urgência, à medida que escolas nos Estados Unidos começam a ser reabertas.
As preocupações com os riscos da vaporização para a saúde também aumentaram. Autoridades de saúde nos Estados Unidos descreveram o uso de cigarros eletrônicos por adolescentes como uma epidemia e tomaram medidas para controlar os produtos aromatizados, populares entre os jovens.
Uma doença pulmonar posteriormente associada a produtos de vaporização de THC contaminados afetou milhares de americanos no ano passado. Fabricantes de cigarros eletrônicos devem submeter seus produtos à autorização da agência FDA até 9 de setembro.
Dados inconsistentes
Pesquisadores do mundo inteiro tentam determinar se o uso do tabaco influencia o risco de uma pessoa contrair Covid-19 e quão grave será a doença. Estudos observacionais revelaram que fumantes respondiam por apenas uma fração das hospitalizações, embora pareça que corram maior risco de complicações graves ou morte, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Nem todas as descobertas do estudo de Stanford foram consistentes, disse Ray Niaura, professor da Universidade de Nova York especializado em dependência do tabaco. Por exemplo, os entrevistados que disseram ter usado produtos de tabaco no último mês mostraram menor probabilidade de testar positivo para o coronavírus do que aqueles que disseram ter tentado fumar ou vaporizar pelo menos uma vez no passado.
Os jovens que usaram tanto cigarros eletrônicos quanto cigarros tradicionais apresentaram maior risco de testar positivo, seguidos por aqueles que só vaporizaram.
O estudo de Stanford não foi elaborado para mostrar como os produtos do tabaco aumentam o risco de infecção, e não há evidências suficientes para dizer que os próprios produtos, em vez de algum outro fator associado ao fumo ou vaporização, são os responsáveis.
Halpern-Felsher disse que usuários de tabaco podem ter sistema imunológico mais fraco, ou o fato de levarem o cigarro à boca e compartilhá-lo com amigos pode permitir que os germes se espalhem mais livremente. Reunir-se com amigos ou estar mais disposto a correr riscos para a saúde podem ser fatores, afirmou.
“Se acho que existem fortes riscos associados? Com certeza”, disse Halpern-Felsher.