Tesouro Direto: títulos prefixados oferecem até 11,78% à espera do IPCA
outubro 10, 2022As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta segunda-feira (10). Nos prefixados, as taxas curtas recuam até 4 pontos-base, enquanto as taxas de médio e longo prazo permanecem estáveis. Já nos papéis atrelados à inflação, o movimento é de alta em boa parte das taxas, que avançam até 6 pontos-base.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o dia é de liquidez reduzida por conta do feriado nos Estados Unidos. Ele destaca que a queda nas taxas acompanha o recuo do petróleo no exterior, além das projeções para baixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Relatório Focus, do Banco Central.
Segundo as instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC, a expectativa para o IPCA deste ano passou de 5,74% há uma semana para 5,71%. A projeção do IPCA para 2024 caiu de 3,50% para 3,47%.
“A expectativa dos investidores é que o IPCA de setembro apresente deflação”, destaca Borsoi. O dado será divulgado nesta terça-feira (11) e pode ser o terceiro mês seguido de inflação negativa. O Itaú, por exemplo, prevê que o indicador fique em -0,37% na base mensal.
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Borsoi destaca que a estabilidade vista nas taxas mais longos é reflexo da maior aversão ao risco no exterior, com investidores ainda digerindo um payroll (relatório de emprego) forte e possíveis posturas agressivas do Federal Reserve (Fed, banco central americano) nas próximas reuniões, além do estresse do mercado de juros em Londres.
No radar do mercado e que deve impactar a curva de juros nas próximas sessões, Borsoi cita as pesquisas eleitorais, além do IPCA de setembro. No exterior, destaque para os dados de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que serão divulgados na quinta-feira (13).
O número de inflação será apresentado um dia depois da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em que o Federal Reserve irá detalhar o que motivou a decisão de elevar os juros em 75 pontos-base (0,75 ponto) no encontro de setembro.
“As atenções devem seguir voltadas à trajetória dos juros em Londres e o cenário geopolítico e suas possíveis consequências sobre o mercado de commodities, como petróleo e grãos, que podem elevar a volatilidade do mercado”, afirma o economista-chefe da Nova Futura.
Dentro do Tesouro Direto, a taxa do Tesouro Prefixado 2025 operava em queda. O título público oferecia às 15h23, um retorno anual de 11,54%, inferior aos 11,58% vistos na sexta-feira (7).
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Já as taxas do Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam estabilidade.
Nos títulos atrelados à inflação, as taxas subiam entre 4 e 6 pontos-base. Apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2026 permanecia estável. O maior ganho real registrado nesta sessão era do Tesouro IPCA+ 2055, de 5,77%.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (10):
Petrobras reduzirá preços do gás natural
A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou que reduzirá em 5%, em média, os preços dos contratos de gás natural para distribuidoras, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (10).
A companhia destacou que tais contratos preveem atualizações trimestrais e vinculam a variação do preço do gás às oscilações do petróleo Brent e da taxa de câmbio. Durante o período, o petróleo teve queda de 11,5%; e o câmbio teve depreciação de 6,5% (isto é, a quantia em reais para se converter em um dólar aumentou 6,5%), afirmou a companhia.
A Petrobras ressalta que o preço final do gás natural ao consumidor não é determinado apenas pelo preço de venda da companhia, mas também pelas margens das distribuidoras (e, no caso do GNV, dos postos de revenda) e pelos tributos federais e estaduais.
Além disso, as tarifas ao consumidor são aprovadas pelas agências reguladoras estaduais, conforme legislação e regulação específicas. Importante informar que a atualização anunciada para 1 de novembro não se refere ao preço do GLP (gás de cozinha), envasado em botijões ou vendido a granel.
Os preços atualizados seguirão vigentes até 31 de janeiro de 2023, conforme estabelecido nos contratos firmados.
“A atualização trimestral do preço do gás natural e anual para o transporte do produto permite atenuar volatilidades momentâneas e aliviar, no preço final, o impacto de oscilações bruscas e pontuais no mercado externo, assegurando, desta forma, previsibilidade e transparência aos clientes. Os contratos são públicos e divulgados no site da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis)”, afirmou a Petrobras.
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Banco da Inglaterra e commodities
Na cena externa, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anunciou mais medidas para injetar liquidez na economia e assim, garantir a estabilidade financeira no Reino Unido.
Nesta segunda-feira, a autarquia informou que irá comprar títulos de longo prazo do governo do país (Gilts) em montantes mais elevados e que continuará a apoiar fundos de pensão, que estão no centro da crise do mercado de títulos.
As novas ações estendem a resposta iniciada em 28 de setembro, quando a autoridade monetária decidiu iniciar um programa temporário de compras de bônus para tentar conter a disparada dos juros dos Gilts. A previsão é que a iniciativa termine na próxima sexta-feira (14).
Segundo nota emitida nesta segunda-feira, até o momento, o BoE realizou oito leilões diários, com oferta de compra de até 40 bilhões de libras (US$ 44,2 bilhões), tendo adquirido 5 bilhões de libras (US$ 5,5 bilhões) em papéis. A instituição informou que está preparada para ampliar o volume total das próximas cinco operações. A quantidade total de cada leilão será divulgada diariamente às 5h (de Brasília) e a de hoje somará 10 bilhões de libras (US$ 11 bilhões).
Atenção também para o petróleo. As cotações da commodity fecharam o dia em queda, reduzindo as máximas de cinco semanas, com investidores realizando lucros após fortes ganhos na semana passada com expectativas de oferta mais apertada após cortes da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e antes do embargo da União Europeia ao petróleo russo.
Focus e IPCA
A agenda local é marcada pela apresentação do Relatório Focus, do Banco Central. Nesta semana, o mercado manteve a tendência de reduzir a expectativa de inflação para 2022, mas parou de elevar a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.
Segundo as instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC, a expectativa para o IPCA deste ano passou de 5,74%, uma semana antes, para 5,71% agora. Foi a décima quinta semana consecutiva de queda na projeção para o indicador.
Também houve recuo nas projeções para 2024, que agora estão em 3,47%, contra 3,50% vistos sete dias antes. As projeções para 2023, por outro lado, se mantiveram em 5,00%.
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Manutenção também nas estimativas de alta do PIB neste ano, que agora estão estacionadas em 2,70%, e em 2024, que se mantiveram em 1,70%. Já para 2023, as projeções avançaram de 0,53% para 0,54%.
A estimativa para o dólar também está estável há 11 semanas, com cotação prevista em R$ 5,20 por US$ 1, tanto para 2022 como para 2023. Para 2024, subiu de R$ 5,10 para R$ 5,11.
As expectativa para a taxa de juros básica (Selic) foi mantida em 13,75% para este ano (16 semanas de estabilidade), e 11,25% para 2023 (cinco semanas estáveis) e em 8% para 2024 (11 semanas sem alteração).
Também na cena econômica, o mercado opera em compasso de espera por novos dados de inflação. Amanhã (11), será conhecido o IPCA. Segundo o Itaú, o indicador deve mostrar deflação na gasolina, telecomunicações, serviços e alimentação em casa, com os cortes de preços feitos pela Petrobras em meados de agosto e setembro, além da redução de impostos e preços do leite mais baixos.
O núcleo – que exclui os itens mais voláteis do cálculo – também deve mostrar alívio na margem da inflação de serviços, ainda que se mantenha em níveis historicamente elevados, segundo espera o Itaú.
Tarifas de energia e teto de gastos
Na seara política, o PT analisa duas propostas principais de arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos, com a mais cotada prevendo uma meta flexível para o resultado primário das contas públicas, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só baterá o martelo sobre o modelo a ser adotado caso vença as eleições, disseram duas fontes ouvidas pela Reuters.
Ambas as propostas incluem alguma forma de controle do crescimento das despesas, mas permitem a adoção de medidas anticíclicas, para incentivar a economia no caso de desaceleração da atividade, e dão ao governo a liberdade de gastar mais quando houver recursos suficientes.
Também na cena política, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) confirmou ontem (9) ter recebido sugestões, em conversas com aliados, sobre eventual aumento do número de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), o que poderia “pulverizar” o poder do órgão máximo Judiciário com quem protagonizou uma série de crises institucionais ao longo de seu governo.
Um número maior de ministros na Suprema Corte teria o efeito de diluir o poder de decisão do tribunal, avaliou Bolsonaro em transmissões a canais no YouTube.
“O que não falta para mim, quando discuto com pessoas importantes da política, (são) sugestões”, disse o presidente. “Essa sugestão já chegou para mim”, confirmou, ao ser questionado sobre o aumento de cadeiras no STF.