Tesouro Direto: taxas recuam, mas prefixados ainda pagam acima de 13% ao ano
julho 13, 2022As atenções nesta quarta-feira (13) estão voltadas para o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que apresentou números bastante elevados, subindo 1,3% em junho na comparação mensal (valor acima do esperado), e 9,1%, na base anual.
O núcleo de inflação, que exclui alimentos e energia diante da maior volatilidade dos preços, também foi superior ao previsto por analistas, ao avançar 0,7% na comparação anual e 5,9% na anual.
Para Fernando Fenólio, economista-chefe da WHG, os dados reforçam a ideia de que a inflação de serviços está cada vez mais disseminada e que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, terá um trabalho duro pela frente para desinflacionar a economia americana.
“O Fed vai ter que continuar subindo a taxa de juros de maneira forte em 75 pontos [0,75 ponto percentual] na próxima reunião e talvez não vai ter espaço para desacelerar esse ritmo tão cedo”, destacou o economista.
Na prática, afirma Fenólio, os números indicam que o dólar deve se manter elevado e sugerem que há uma chance maior de recessão nos Estados Unidos entre 2023 e 2024.
Após a divulgação, os rendimentos oferecidos pelos títulos americanos (treasuries) subiam acima de 2% na maior parte dos casos, com destaque para os vencimentos entre um e três anos. O mercado aguarda ainda a divulgação do Livro Bege, na tarde desta quarta-feira.
Mais um dado de atividade é o destaque da cena local, com a apresentação dos números do varejo de maio, que vieram bem abaixo do esperado pelo mercado ao subir 0,1% na comparação mensal.
Agentes financeiros também acompanham os desdobramentos em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que foi aprovada em 1º turno na Câmara, na véspera (12). A votação dos destaques deve ocorrer nesta quarta-feira.
No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam em queda na manhã desta quarta-feira. Apesar do recuo, as taxas oferecidas pelos papéis prefixados seguem acima dos 13%, sendo que o maior retorno é entregue pelo Tesouro Prefixado 2033, com uma taxa de 13,23% ao ano. O percentual está abaixo dos 13,35% vistos ontem (12).
Entre os papéis atrelados à inflação, as taxas reais também seguem acima dos 6% ao ano. Destaque para o Tesouro IPCA + 2055 que oferecia juros reais de 6,30% na primeira atualização da manhã. O valor segue próximo do recorde entregue pelo título, batido nesta semana, de 6,35% ao ano. O percentual, no entanto, é inferior aos 6,32% registrados um dia antes.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (13):
Commodities, China e Europa
Na cena externa, os preços do petróleo apresentam leve alta na sessão de hoje (13), mesmo com os dados de estoque dos EUA mostrando acúmulos de petróleo bruto e produtos refinados em meio a crescentes temores de uma desaceleração econômica global. Na véspera, o Brent havia fechado abaixo de US$ 100 o barril pela primeira vez em cerca de três meses com o dólar forte e o maior pessimismo com a atividade mundial.
Atenção também para os dados da balança comercial chinesa, que mostraram um aumento de 17,9% nas exportações denominadas em dólar em junho, acima da alta de 12% que os analistas esperavam, informou a Reuters. As importações subiram 1%, abaixo dos 3,9% previstos por analistas em pesquisa.
Na Alemanha, a leitura final anualizada do CPI (inflação ao consumidor) subiu 7,6% em junho, em linha com a previsão.
Vendas no varejo
Após a apresentação dos dados de serviços na véspera (12), investidores repercutem nesta quarta-feira os números do varejo. O avanço mensal de 0,1% representa a quinta taxa consecutiva do setor no campo positivo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano, o varejo acumula crescimento de 1,8% e nos últimos 12 meses, queda de 0,4%. Na base anual, o recuo foi de 0,2%.
Os números vieram bem abaixo do esperado. Projeções de mercado compiladas pelo consenso Refinitiv projetavam alta de 1% na comparação mensal e de 2,6% na base anual.
“Este resultado mostra um cenário de estabilidade na passagem de abril para maio. Mas, apesar de vir de quatro resultados positivos, as taxas foram decrescentes. Observamos uma retomada no comércio varejista, mas que vem de uma base baixa, dezembro, e sempre fazendo um acúmulo menos intenso ao longo desses meses”, ressalta o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
PEC dos Auxílios, piso para enfermagem e TCU
Na seara política, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, ontem (12), em primeiro turno, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que cria programas sociais e amplia benefícios já existentes. Foram 393 votos favoráveis e 14 contrários à matéria.
Os parlamentares ainda precisam analisar os destaques apresentados pelas bancadas, com sugestões de mudança no texto. Depois, ainda é necessário votar a matéria em segundo turno.
A sessão foi marcada por falhas no sistema que permite a participação remota de parlamentares. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), suspendeu a sessão no plenário e alegou problemas técnicos na internet da Casa.
Também na cena política, a Câmara dos Deputados aprovou na véspera, em primeiro turno, a PEC que estabelece o piso salarial nacional de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. A proposta ainda deve ser votada em segundo turno pelos deputados.
A matéria foi proposta após senadores e deputados aprovarem o PL 2.564/2020, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que prevê piso mínimo inicial para enfermeiros no valor de R$ 4.750.
Também na cena política, o Tribunal de Contas da União (TCU) foi acionado para que realize uma auditoria nos pagamentos e cargos públicos ocupados por milhares de militares da ativa. A representação, que foi protocolada na Corte de contas pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), e se baseia em reportagem publicada pelo Estadão, que revelou o conteúdo de um levantamento realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
A representação pede que o TCU faça uma “auditoria detalhada na folha de pagamento das Forças Armadas em conjunto com demais sistemas de controle de pessoal nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022”.