Tesouro Direto: taxas recuam com expectativa de governo menos intervencionista e de olho nos EUA

Tesouro Direto: taxas recuam com expectativa de governo menos intervencionista e de olho nos EUA

janeiro 25, 2023 Off Por JJ

As taxas dos títulos públicos operam em queda na manhã desta quarta-feira (25). Nos prefixados, as taxas recuam até 12 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação a baixa é de até 9 pontos-base.

Segundo Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, a queda nas taxas é um movimento de continuidade ao visto na sessão de ontem após publicação do IPCA-15 (prévia da inflação), que veio acima do esperado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,55% em janeiro, enquanto a estimativa dos analistas apontava para inflação de 0,52%.

O movimento foi um pouco contraditório, considerando que o natural seria uma abertura nas taxas após o avanço da inflação, mas Cavaca explica que isso ocorre porque o mercado está focando no comportamento futuro de políticas governamentais e na pressão da política monetária dos Estados Unidos, que amenizaram os impactos nos juros brasileiros. “Os efeitos nas expectativas foram maiores do que os impactos diretos das variáveis econômicas”, avalia.

Para outros agentes de mercado a percepção foi de que a prévia da inflação não trouxe grandes surpresas negativas, apesar da alta do IPCA-15.

Nas taxas reais também houve queda dos prêmios de risco. “O aumento do preço da gasolina pela Petrobras também contribuiu positivamente para as expectativas, com o mercado interpretando um governo menos intervencionista nas estatais, com menos políticas de manutenção artificial de preços e políticas fiscais”, afirma Cavaca.

Segundo o gestor, a sessão de hoje ainda deve ter ajustes na precificação dos títulos com possíveis anúncios no âmbito político e a redução dos juros norte-americanos.

Dentro dos títulos públicos, o Tesouro Prefixado 2026 e o Tesouro Prefixado 2029 apresentavam a maior queda nas taxas. Os títulos ofereciam um retorno anual de 12,71% e 13,06%, respectivamente, abaixo dos 12,83% e 13,18% vistos na sessão anterior.

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Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 13,04%, inferior aos 13,15% registrados na terça-feira (24).

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas recuavam entre 7 e 9 pontos-base. A maior baixa era na taxa do Tesouro IPCA+ 2040, que oferecia um ganho real de 6,30% na primeira atualização desta quarta-feira (25), abaixo dos 6,39% vistos ontem.

O maior ganho real registrado nesta sessão era do Tesouro IPCA+ 2045, de 6,41%.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (25):

Fonte: Tesouro Direto

Confiança do consumidor cai 2,2 pontos em janeiro

A confiança do consumidor caiu 2,2 pontos em janeiro ante dezembro de 2022, na série com ajuste sazonal, informou nesta quarta-feira (25), a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ficou em 85,8 pontos. A queda ocorre após avanço de 2,7 pontos em dezembro. Em médias móveis trimestrais, o índice caiu 0,9 ponto, para 86,4 pontos, na segunda queda seguida.

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“O resultado reflete o pessimismo em relação aos próximos meses, embora as famílias de menor poder aquisitivo ainda se mantenham otimistas. A percepção sobre a situação atual não se altera muito em relação aos meses anteriores, ou seja, há uma desaceleração do mercado de trabalho, endividamento e taxa de juros elevados que continuam diminuindo as intenções de compras nos próximos meses”, diz nota divulgada pela FGV.

Entre os dois principais componentes do ICC, o Índice de Expectativas (IE) recuou 3,6 pontos, para 96,7 pontos, puxando a queda do indicador agregado. O Índice de Situação Atual (ISA) se manteve “relativamente” estável pelo segundo mês seguido, com alta de 0,2 ponto, para 71,1 pontos.

Dentro do ISA, houve piora da satisfação das famílias sobre a situação econômica e melhora das avaliações sobre as finanças pessoais, informou a FGV. “O indicador que mede a satisfação sobre a situação financeira das famílias subiu 0,8 ponto, para 64,4 pontos, enquanto o indicador que mede as avaliações sobre a situação econômica recuou 0,5 ponto, para 78,3 pontos e chega ao seu pior resultado desde julho de 2022 (77,9 pontos)”, diz a nota da FGV.

Já no IE, o que mais contribuiu para a queda de janeiro foi o componente que mede a perspectiva sobre a situação financeira das famílias nos próximos seis meses, cujo indicador caiu 7,6 pontos, para 97,4 pontos. “Os indicadores que medem o grau de otimismo com a situação econômica geral e a intenção de compra de bens duráveis recuaram 1,7 e 1,2 ponto, para 113,4 e 79,6 pontos, respectivamente”, diz a nota da FGV.

A entidade destacou ainda que houve “uma equiparação do nível de confiança entre as faixas de renda, mas que não significa um resultado favorável, já que todas se mantêm girando em torno dos 80 pontos, nível baixo em termos históricos”. “Consumidores de menor poder aquisitivo estão mais otimistas pelo segundo mês consecutivo, enquanto os de maior seguem com as expectativas em queda pelo quarto mês consecutivo”, diz a nota.

A Sondagem do Consumidor coletou as informações com entrevistas entre os dias 1º e 21 de janeiro.

Gleisi isenta governo de alta da gasolina

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou o aumento do preço da gasolina anunciado na quarta-feira (24) pela Petrobras e isentou o governo federal de responsabilidade pelo reajuste.

“Reajuste da gasolina acontece antes de Jean Paul assumir a Petrobras. Notícia é de que foi pressão dos acionistas”, disse a deputada federal pelo Paraná ao destacar que a alta acontece antes de Prates, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumir o comando da estatal.

Ainda segundo ela, o governo vai trabalhar pela mudança da atual política de preços da empresa, que atrela os reajustes aos valores praticados internacionalmente, em dólar.

“Nosso compromisso é por fim à dolarização e à política de venda dos ativos. Riquezas da estatal deverão ser partilhadas com o povo brasileiro, que é o seu dono”, afirmou.

A Petrobras anunciou que o preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro. O aumento de 23 centavos por litro equivale a um reajuste de 7,46%.

A alta é a primeira do governo Lula, mas vale lembrar que a atual direção da companhia não foi trocada pelo novo presidente e permanece a mesma deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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