Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos têm queda nesta segunda-feira
março 15, 2021SÃO PAULO – Após dias de forte volatilidade na semana passada, as taxas dos títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto operam em queda na manhã desta segunda-feira.
Entre os prefixados, o prêmio do papel com vencimento em 2024 era de 7,53% no início dos negócios, contra 7,59% no fechamento passado. Da mesma forma, o juro pago pelo Tesouro Prefixado 2026 recuava de 8,09% para 8,02%.
Entre os títulos atrelados à inflação, o papel com vencimento em 2026 pagava uma taxa real de 3,09%, ante 3,13% no fechamento de ontem. No caso do Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030, o prêmio era de 3,45%, ante 3,48% na sessão passada.
Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta segunda-feira (15):
Fonte: Tesouro Direto
Juros e inflação no radar
Entre os destaques do dia na agenda doméstica, o boletim Focus divulgado nesta manhã mostrou que, com uma pressão inflacionária cada vez maior, a tendência é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se veja forçado a subir a taxa Selic em um ritmo mais forte do que o previsto inicialmente.
No encontro que se inicia nesta terça-feira para definir a taxa Selic para os próximos 45 dias, a expectativa é a de que o Copom inicie o processo de alta da taxa de juros com um aumento de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 2,50% ao ano no anúncio de quarta-feira.
No Focus da semana passada, a estimativa dos economistas apontava para uma alta de 0,25 ponto percentual. A projeção é a de que a taxa básica de juros suba para 4,50% ao fim de 2021, também acima dos 4% do último levantamento.
O ponto central está na inflação. Pela décima semana seguida, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 subiu, desta vez de 3,98% para 4,60%.
Ainda entre os indicadores, o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teve alta de 1,04% em janeiro, na comparação com dezembro, superando as estimativas. Já na comparação com janeiro de 2020, houve queda de 0,46%.
A expectativa dos economistas, segundo projeção mediana em pesquisa Bloomberg, era de uma alta de 0,5% na comparação com dezembro, após avanço de 0,64% na medição anterior. Já a expectativa da Refinitiv era de alta de 0,4% frente na base mensal.
Na comparação com janeiro de 2020, o IBC-Br registrou queda de 0,46% e, no acumulado em 12 meses, teve recuo de 4,04%.
No cenário político, a atenção dos investidores se volta para as prováveis mudanças no Ministério da Saúde. Veículos de imprensa noticiaram no fim de semana que o general Eduardo Pazuello deixará o cargo diante da explosão em casos e mortes pela Covid-19. Os principais nomes cotados para a substituição de Pazuello são os da médica cardiologista Ludhmila Hajjar e do deputado Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ).
Ainda em destaque na cena política está a promulgação da PEC Emergencial na manhã de hoje, o que deve abrir espaço para a edição das medidas provisórias com a liberação de recursos e detalhamento das regras para o pagamento da nova rodada do auxílio emergencial, que deve começar em abril.
Em relação ao combate contra o coronavírus, o governo do Estado de São Paulo entrega nesta segunda-feira mais um lote de 3,3 milhões de doses da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, ao Ministério da Saúde para que elas sejam usadas no Programa Nacional de Imunização (PNI).
No total, 20,6 milhões de doses já foram entregues desde o início do acordo de distribuição – firmado em 17 de janeiro. O acordo prevê o envio de 46 milhões de doses até o final de abril.
A necessidade de mais vacinas é clara: o Brasil bateu o recorde pelo 16º dia seguido de alta na média móvel de mortes pela Covid-19. Essa média chegou a 1.832 óbitos por dia nos últimos sete dias, segundo dados coletados até as 20h do domingo pelo consórcio de veículos de imprensa.
Os dados mostram que o país teve sua pior semana na pandemia, com 12.795 mortes de segunda (8) até domingo (14).
Destaques internacionais
No cenário internacional, a sessão é de maior apetite por risco, com as principais altas partindo de ações de empresas que se beneficiam de uma recuperação econômica pós-pandemia, como das companhias aéreas American Airlines e United Airlines.
Esse movimento ocorre depois da aprovação na semana passada do pacote de US$ 1,9 trilhão em estímulos contra os impactos econômicos do coronavírus.
Na agenda global para os próximos dias, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) se encontra entre terça (16) e quarta-feira (17) para tratar dos rumos da política monetária americana.
Alguns analistas esperam que o Fed revise sua previsão para a atividade econômica dos EUA, reagindo ao lançamento do pacote de estímulos sancionado por Biden na última semana.
A pandemia de Covid, contudo, continua a ser motivo de preocupação. O principal conselheiro médico da Casa Branca, Anthony Fauci, alertou no domingo (14) que a batalha dos Estados Unidos com o coronavírus ainda não está “na zona final”, e instou os americanos a aderirem a medidas de saúde pública, em um momento em que diversos países europeus passam por aumentos de casos.
A Alemanha registrou na quinta-feira passada 14.356 novos casos de Covid em 24 horas. No mesmo dia da semana anterior, foram 2.400 casos. Na sexta-feira, Lothar Wieler, chefe da agência alemã para saúde pública, o Instituto Robert Koch para Doenças Infecciosas, alertou: “Nós temos sinais claros: A terceira onda na Alemanha já começou”.
Os planos do governo alemão são de vacinar 80% da população até o início do outono no Hemisfério Norte, no fim de setembro.