Tesouro Direto: taxas de papéis de inflação recuam para até 5,81% com ICMS, inflação e exterior no radar
junho 10, 2022
Após uma semana intensa de divulgações de dados econômicos no Brasil, que reforçaram a percepção do mercado de que o Banco Central precisará realizar mais uma ou duas elevações nos juros, agentes financeiros estão focados nesta sexta-feira (10) em dados vindos dos Estados Unidos.
Números do Departamento do Trabalho americano mostraram que o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) e que o núcleo de inflação vieram acima do esperado. Tais dados podem dar força a altas mais agressivas dos juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano.
A piora da Covid-19 na China com a imposição de novos bloqueios também volta a preocupar investidores, já que pode gerar novas revisões para baixo nas projeções para o crescimento global e para a expansão econômica chinesa neste ano.
Na cena local, o mercado repercute mais um número de atividade, com a apresentação das vendas no varejo em abril, que avançaram acima do esperado.
Investidores seguem de olho nos desdobramentos em torno de projetos de lei para baixar o preço dos combustíveis. Atenção também para a lista de indicados da União para o Conselho de Administração da Petrobras feita ontem (9) pelo Ministério de Minas e Energia.
No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam sem direção única nesta sexta-feira (10). Taxas de papéis prefixados são negociadas em estabilidade, enquanto títulos atrelados à inflação apresentam recuo nos retornos.
Após registrar quedas fortes na véspera impulsionados por dados de inflação abaixo do esperado pelo mercado, prefixados ofereciam juros de até 12,77% ao ano na primeira atualização do dia, caso do papel com vencimento em 2033. O valor está em linha com os 12,78% vistos na véspera (9).
No caso dos títulos atrelados à inflação, o recuo chegava até 3 pontos-base (0,03 ponto percentual), na abertura dos negócios. O Tesouro IPCA+ 2026, por exemplo, via o juro real cair de 5,46% para 5,43% ao ano no início da sessão.
Apenas o Tesouro IPCA+ 2055 registrava estabilidade nos retornos reais no mesmo horário, ao entregar uma remuneração de 5,81% ao ano, em linha com os 5,82% do dia anterior.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (10):
CPI, China e BC da Rússia
Na cena externa, o destaque está no índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês), que subiu 1,0% em maio, na comparação com abril, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Departamento do Trabalho americano. Na comparação com abril de 2021, a alta foi de 8,6%.
O núcleo de inflação, que exclui alimentos e energia (cujos preços são mais voláteis), subiu 0,6% na comparação mensal.
Os resultados vieram acima do esperado pelo mercado, pois a estimativa era de uma alta de 0,7% na comparação mensal para a inflação e 0,5% para o núcleo, segundo o consenso Refinitiv. Para a comparação anual, a projeção era de alta de 8,3%.
Destaque também para mudanças nos juros na Rússia. Nesta sexta-feira (10), o Banco Central russo decidiu cortar a taxa básica de juros de 11,0% para 9,50%. Em comunicado, a instituição disse que o ambiente externo para a economia russa “segue desafiador”, enquanto o declínio da atividade é de magnitude menor do que o esperado pelo BC em abril.
Novos bloqueios na China também voltam a preocupar. A cidade de Xangai voltou a impor novo lockdown para 15 dos 16 distritos que possui. O objetivo é a testagem em massa da população para evitar novos surtos de Covid-19.
Também na China, investidores monitoram a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI), que subiu 2,1% na comparação anual de maio, repetindo o aumento de 2,1% apurado em abril, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, pela sigla em inglês).
O resultado foi 0,1 ponto porcentual abaixo do projetado por economistas consultados pelo The Wall Street Journal. Na comparação mensal, por sua vez, o CPI caiu 0,2% em maio.
Varejo, Petrobras, ICMS
Na agenda local, o volume de vendas do comércio varejista subiu 0,9% em abril de 2022 na comparação com março, na série com ajuste sazonal, informou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o quarto mês consecutivo de alta.
O crescimento é de 4,5% na comparação com abril de 2021, na série sem ajuste, e o setor também acumula alta de 2,3% nos primeiros quatro meses do ano e de 0,8% nos últimos 12 meses.
O resultado ficou bem acima das expectativas do mercado. O consenso Refinitiv projetava alta de 0,4% na comparação mensal e de 2,6% na base anual.
Já no comércio varejista ampliado, que inclui também as atividades de material de construção e veículos, motos, partes e peças, o volume de vendas cresceu 0,7% frente a março e 1,5% frente a abril de 2021. Nos acumulados do ano e em 12 meses, as altas são de 1,4% e 2,2% respectivamente.
Enquanto isso, na cena política, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, afirmou que vai definir neste fim de semana se o Senado votará o pacote dos combustíveis que estabelece um teto para a cobrança de ICMS na próxima segunda-feira (13).
Após dias de suspense, Paulo Guedes, ministro da Economia, informou ontem (9) que os servidores federais não deverão ter reajuste neste ano. Segundo ele, o governo federal não conseguirá dar aumento ao funcionalismo público em 2022 e um eventual reajuste poderá ocorrer mais à frente, após a aprovação da reforma administrativa.
Atenção também para novidades na Petrobras. O Ministério de Minas e Energia informou ontem (9) a lista dos indicados da União, como acionista controlador, para Conselho de Administração da Petrobras (PETR3;PETR4).
Caio Paes de Andrade foi confirmado como indicado a diretor-presidente, em substituição a José Mauro Ferreira Coelho, que foi demitido após pouco mais 40 dias no cargo.
O ministério enviou 10 nomes, e apenas quatro membros foram mantidos: Ruy Flaks Schneider e Márcio Weber, indicados pela União; e os representantes dos acionistas minoritários José João Abdala Filho e Marcelo Gasparino da Silva.
Foram confirmados os nomes de Edison Antonio Costa Britto Garcia; Ieda Aparecida de Moura Gagni e Jonathas Assunção Salvador Nery de Castro, que tiveram seus nomes vazados nos últimos dias.
Também foram indicados Ricardo Soriano de Alencar e Gileno Gurjão Barreto, este último para a presidência do Conselho.