Tesouro Direto: taxas avançam com IPCA-15 e perspectivas para Selic; prefixados pagam até 12,76%
junho 24, 2022
As taxas dos títulos públicos apresentam um leve movimento de alta na manhã desta sexta-feira (24). Nos prefixados, as taxas avançam até 3 pontos-base e nos títulos atrelados à inflação, até 4 pontos-base. Alguns papéis permanecem estáveis.
Segundo Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, o movimento da curva de juros acompanha a publicação do IPCA-15 (prévia da inflação), que mostrou números acima do esperado. “Isso pode sinalizar a necessidade de uma taxa Selic mais alta por mais tempo”, afirma.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,69% em junho na comparação mensal, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado de junho.
Cavaca destaca que o movimento na curva também é fruto de uma certa correção na tendência da semana, após alguns dias de queda nas taxas. Ele avalia como natural um equilíbrio na precificação do mercado. Segundo Cavaca, com o aumento da expectativa da inflação, os papéis atrelados ao IPCA podem acabar apresentando leves quedas na taxa real no decorrer do dia.
Dentro do prefixados, as taxas dos títulos de curto e médio prazo eram as que mais avançavam.
O Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 ofereciam, às 9h25, um retorno anual de 12,39% e 12,57%, respectivamente, superior aos 12,36% e 12,54% vistos ontem.
Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 12,76%, acima dos 12,74% registrados na quinta-feira (23).
Nos títulos atrelados à inflação, as taxas avançavam entre 2 e 4 pontos-base.
As taxas dos títulos com vencimento em 2026 e 2032 operavam com estabilidade.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (24):
IPCA-15
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,69% em junho na comparação mensal, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado de junho.
O IPCA-E, que se constitui no IPCA-15 acumulado trimestralmente, foi de 3,04%. Já no acumulado do ano, o IPCA-15 tem alta de 5,65% enquanto nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2021, o índice foi de 0,83%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa do mercado, segundo consenso Refinitiv, era de uma alta ante maio de 0,62% e anual de 11,98%.
Os dados são divulgados um dia depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar a meta para a inflação em 2025 em 3%, interrompendo uma sequência sucessiva de cortes no alvo a ser perseguido pelo Banco Central em sua política monetária.
Teto de ICMS
O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira (23) o teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, aprovado na semana passada pelo Congresso, mas vetou trechos incluídos pelo Senado que beneficiariam os Estados na compensação pela perda de receita com o tributo. A sanção da lei, com os vetos, consta de edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
O projeto faz parte da ofensiva do Palácio do Planalto para reduzir os preços dos combustíveis, mas enfrentou resistência dos governadores, que preveem uma crise fiscal em 2023 com a redução das alíquotas de ICMS. O Senado, onde os chefes dos executivos estaduais têm mais poder de barganha, atendeu alguns pleitos levados pelos secretários de Fazenda, agora vetados pelo presidente.
Bolsonaro vetou, por exemplo, a compensação da perda de receitas para os cinco Estados sem dívida com a União, que seria feita em 2023, com recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e com a priorização na contratação de empréstimos da União.
Dessa forma, a compensação será feita apenas para Estados que estão endividados com a União, por meio do abatimento da dívida, quando a perda de arrecadação com o ICMS ultrapassar 5%, na comparação com 2021. Esse ressarcimento será feito de forma temporária, durante seis meses.
O presidente também vetou a determinação de que a União compensasse os Estados e municípios para que mantivessem os gastos mínimos constitucionais em educação e saúde na comparação com o que estava em vigor antes de a lei do teto passar a valer.
Na sanção da lei, Bolsonaro manteve a zeragem dos impostos federais, como PIS/Cofins e Cide, sobre gasolina e etanol.