Tesouro Direto: taxas avançam com cenário externo e à espera do IPCA; títulos de inflação pagam até 6,05%
julho 4, 2022As taxas dos títulos públicos operam em leve alta na manhã desta segunda-feira (4). Nos prefixados, as taxas de curto e médio prazo avançam até 4 pontos-base. Já nos títulos atrelados à inflação, a alta é de até 5 pontos-base.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o mercado de juros local inicia a semana seguindo o exterior, com os juros na Europa puxando as taxas ao redor do mundo.
Ele cita que apesar da queda de commodities como milho, soja e trigo, que devolveram a alta obtida após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o mercado de juros no exterior apresenta avanço nas taxas. O motivo são os investidores à espera dos planos de alta de juros pelos Bancos Centrais, movimento que deve ficar mais claro nas atas do Banco Central Europeu e do Fed (Federal Reserve, banco central americano).
“Além disso, o retorno dos lockdowns em Anhui, na China, acende o alerta para novas rupturas nas cadeias de oferta, o que pode manter pressionada a inflação de manufaturados”, afirma Borsoi.
No cenário local, o economista-chefe da Nova Futura destaca a divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho na sexta-feira (8). Segundo Borsoi, o dado deve mostrar uma nova aceleração da taxa em 12 meses para acima de 12%.
Ele também cita o trâmite da PEC dos Auxílios na Câmara, com os investidores focando em novas medidas de estímulo, que podem elevar os gastos para além dos R$ 42 bilhões já estabelecidos pelo Senado.
Dentro do Tesouro Direto, os títulos com vencimento em 2025 e 2029 apresentam alta nas taxas. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia, às 9h22, um retorno anual de 12,76%, superior aos 12,72% vistos na sexta-feira (1). Já o Tesouro Prefixado 2029 entregava uma rentabilidade anual de 12,90%, acima dos 12,86% registrados na sessão anterior.
O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava estabilidade nas taxas.
Nos títulos atrelados à inflação, o movimento também é de alta nas taxas. A maior é vista nos títulos com vencimento em 2032, 2035 e 2045, enquanto as outras taxas apresentam ganhos entre 3 e 5 pontos-base.
O Tesouro IPCA+ 2023 e o Tesouro IPCA+ 2045 ofereciam um ganho real de 5,94% ao ano nesta manhã, acima dos 5,89% da sexta-feira. Já o Tesouro IPCA+ 2032, com juros semestrais, apresentava um ganho real de 5,84% ao ano, superior aos 5,79% da semana passada. O maior ganho real é do Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, de 6,05%.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (4):
IPC-Fipe
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – Fipe desacelerou para 0,28% em junho, ante 0,42% em maio.
O resultado de junho veio abaixo da mediana das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, de 0,34%. As previsões variavam entre alta de 0,15% e de 0,71%. Nos 12 meses até junho, a inflação acumulada foi de 12,59%.
No sexto mês deste ano, três dos sete componentes do IPC-Fipe perderam força: Alimentação (de 1,15% a 0,93%), Transportes (de 0,87% a -0,25%) e Despesas Pessoais (de 2,18% a 1,02%).
Por outro lado, houve aceleração das categorias Habitação (de -1,18% para -0,57%), Saúde (de -0,01% a 0,47%), Vestuário (de 1,29% a 1,39%) e Educação (de 0,09% a 0,21%).
IPC-S
O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) desacelerou em quatro das sete capitais pesquisadas no fechamento de junho, diz Fundação Getulio Vargas.
A desaceleração é frente a terceira quadrissemana do mês de junho. Na mesma base, o índice cheio arrefeceu de 0,76% para 0,67%. A FGV apurou maior alívio inflacionário no Rio de Janeiro (0,53% para 0,05%). Recife (1,39% para 1,01%), São Paulo (0,56% para 0,31%) e Belo Horizonte (0,93% para 0,92%) também apresentaram arrefecimento em suas taxas de variação.
Por outro lado, Brasília (0,63% para 1,19%), Salvador (0,98% para 1,06%) e Porto Alegre (0,90% para 0,92%) aceleraram no período.
Guerra da Ucrânia
As forças russas na Ucrânia vão se concentrar em tentar tomar toda a região de Donetsk, após forçarem as tropas ucranianas a se retirarem da última grande cidade sob seu controle na região vizinha de Luhansk, disse o governador de Luhansk nesta segunda-feira.
Depois de abandonar um ataque a Kiev, a capital ucraniana, durante as primeiras semanas da guerra, a Rússia tem concentrado sua operação militar no coração industrial de Donbas, que compreende as regiões de Luhansk e Donetsk, onde representantes separatistas apoiados por Moscou lutam contra a Ucrânia desde 2014.
A Rússia disse que estabeleceu controle total sobre a região de Luhansk depois que as forças ucranianas saíram da cidade de Lysychansk, após bombardeio.
“Em termos militares, é ruim deixar posições, mas não há nada crítico (na perda de Lysychansk). Precisamos vencer a guerra, não a batalha por Lysychansk”, disse o governador Serhiy Gaidai em entrevista à Reuters. “Dói muito, mas não é perder a guerra”.
Ele afirmou que a retirada de Lysychansk foi “centralizada”, indicando que foi planejada e ordenada, mas que as forças ucranianas corriam o risco de serem cercadas.
“Ainda assim, para eles (as forças russas) o objetivo número 1 é a região de Donetsk. Sloviansk e Bakhmut serão atacadas –Bakhmut já começou a ser bombardeada com muita força”, declarou.
Gaidai disse acreditar que a cidade de Sloviansk e a cidade de Bakhmut em particular serão atacadas conforme a Rússia tenta assumir o controle total de Donbas, no leste da Ucrânia.
Moscou disse que a captura de Lysychansk menos de uma semana depois de tomar a vizinha Sievierdonetsk significava que havia “libertado” Luhansk, um importante objetivo de guerra do Kremlin.
Moscou informou que entregará o território capturado à autoproclamada República Popular de Luhansk, apoiada pela Rússia, cuja independência reconheceu às vésperas da guerra.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, prometeu na noite de domingo recuperar o território perdido com a ajuda de armas ocidentais de longo alcance.
Zelenskiy disse que a Rússia está concentrando seu poder de fogo no front de Donbas, mas a Ucrânia reagirá com armas de longo alcance, como os lançadores de foguetes Himars fornecidos pelos Estados Unidos.