Tesouro Direto: taxas apresentam alta na Super Quarta; mercado espera também resultado das eleições no Congresso

Tesouro Direto: taxas apresentam alta na Super Quarta; mercado espera também resultado das eleições no Congresso

fevereiro 1, 2023 Off Por JJ

Os cenários político e econômico estão recheados de fatores, nesta quarta-feira (01), ou melhor, Super Quarta, que mexem com o humor dos agentes financeiros. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) diminuiu o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para um intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano. A decisão foi unânime.

Na reunião de dezembro, a autoridade monetária já havia reduzido o compasso de alta dos Fed funds, fazendo um ajuste de 50 pontos-base. Antes disso, foram quatro altas consecutivas de 75 pontos-base.

Após o fechamento do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga decisão sobre a taxa Selic, com expectativa de manutenção dos 13,75% ao ano.

O foco também em Brasília. Senadores e deputados eleitos decidirão quem ocupará os cargos de presidentes das duas Casas legislativas – Senado e Câmara – pelos próximos dois anos. A questão principal, de acordo com os especialistas, é que ambos os favoritos são apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o número de votos pode influenciar diretamente na força que governo terá para aprovar suas propostas no futuro.

Na Câmara, a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) não tem grandes ameaças e é dada como certa. No Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente da casa, é o grande favorito, mas vai enfrentar uma disputa acirrada com o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), apoiado por Jair Bolsonaro (PL).

No Tesouro Direto, às 15h26, os juros dos títulos públicos apresentam alta, com exceção do Tesouro IPCA+2045, que oferecia retornos de 6,49%, em linha com os 6,50% vistos na véspera.

Em igual horário, o maior juro entregue por prefixados era de 13,19% ao ano, bem acima dos 13,08% oferecidos pelo Tesouro Prefixado 2029 um dia antes.

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“O mercado hoje está adotando uma dinâmica descolada do resto do mundo. Houve a divulgação dos indicadores de atividade de emprego nos Estados Unidos abaixo do esperado e temos o rendimento dos Treasuries [títulos do Tesouro americano] também caindo. E ainda assim temos o mercado de juros aqui no Brasil subindo, na contramão”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

Segundo ele, o movimento é natural, diante de uma quarta-feira com decisões de política monetária. “A grande expectativa é por conta do comunicado que vai sair mais tarde. Poderemos ter uma ideia se o Banco Central vai seguir sua linha de atividade, de atuação com relação ao seu compromisso de trazer a inflação para a meta, ou se vai abaixar a cabeça para as pressões políticas que têm registrado”, detalha. “Já vimos o presidente Lula criticando a independência do Banco Central e a meta de inflação”.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (1): 

Fonte: Tesouro Direto

Eleição no Senado e na Câmara

Na cena política, as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, nesta quarta-feira (1), são o primeiro grande teste de governabilidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de sua posse um mês atrás.

O evento também oferece uma oportunidade para uma avaliação inicial sobre quanto a distribuição de espaços de poder na Esplanada dos Ministérios a partidos aliados rendeu de apoio efetivo no Congresso Nacional e quais podem ser os ajustes necessários para o futuro.

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Não é surpresa para ninguém que Lula optou por apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados. O parlamentar foi aliado próximo de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), mas, desde o resultado das urnas em outubro de 2022, deu sinais de colaboração com a nova gestão – como a aprovação da PEC da Transição ainda antes da troca de administração.

Já no Senado Federal, o governo Lula apoia a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em uma eleição bem mais incerta do que a da outra casa legislativa.

O parlamentar, ainda visto como favorito, conta com o apoio de sete partidos: PSD (14), MDB (10), PT (9), PDT (3), PSB (2), Cidadania (1) e Rede Sustentabilidade (1), que somam 40 dos 81 assentos na próxima legislatura. São necessários 41 votos para vencer a disputa, mas dentro das próprias legendas que declaram apoio a Pacheco já há manifestas defecções.

Ontem à noite, três senadores do próprio PSD – Nelsinho Trad (MS), Lucas Barreto (AP) e Samuel Araújo (RO) − anunciaram voto em seu principal adversário, o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Expectativa pré-Copom

Já na cena econômica, agentes financeiros aguardam com ansiedade qual será o tom que o Banco Central irá adotar no comunicado de hoje. Segundo Caio Megale e Tatiana Nogueira, ambos da XP, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não deve alterar muito o seu balanço de riscos para inflação, mas deve mostrar que está mais preocupado atualmente com as perspectivas de inflação do que estava no encontro de dezembro.

Na visão de ambos, os dados desde a última reunião mostraram sinais mistos para a dinâmica inflacionária. “No curto prazo, há surpresas baixistas na maioria dos indicadores; por outro lado, incertezas fiscais intensificam os riscos altistas no médio prazo”, afirmaram em relatório.

Nos cálculos dos economistas da corretora, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 deve saltar de 5,0% para 5,5% e estabilizar em 3,0% em 2024, segundo simulações feitas pela casa utilizando o modelo do Copom.

Fed e mercado de trabalho

Na cena externa, o Federal Reserve diminuiu o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica dos EUA em 0,25 ponto percentual (p.p.) após reunião desta quarta-feira (1), para um intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano.

A decisão de hoje veio em linha com o projetado pelo mercado. O CME FedWatch Tool, monitor de juros do CME Group, mostrava que 99,3% dos traders previam uma alta dessa magnitude.

Mas no horizonte dos analistas, ainda está distante a expectativa de um início de cortes. O motivo são os sinais pouco claros do efeito da política mais restritiva na atividade econômica dos Estados Unidos.

Agora, as atenções se voltam ao comunicado do Fed, que acompanha a decisão. No texto, a autoridade monetária afirma que o crescimento de empregos tem sido robusto nos últimos meses. Contudo, reconhece que indicadores recentes apontam para crescimento modesto de gastos e produção. O BC americano disse ainda que a inflação continua elevada, mesmo que tenha arrefecido um pouco.

Também na seara econômica, a abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos subiu para 11,0 milhões no último dia útil de dezembro, ante 10,4 milhões em novembro, de acordo com o relatório Jolts, publicado nesta quarta-feira (1) pelo Departamento do Trabalho do país. A taxa de abertura de vagas foi de 6,7%.

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No mês, o número de contratações e desligamentos totais pouco mudou, em 6,2 milhões e 5,9 milhões, respectivamente.

Em dezembro, os maiores aumentos de postos de trabalho foram registrados no setor de alojamento e restauração (+409 mil), comércio varejista (+134 mil) e construção (+82 mil). O número de vagas caiu no segmento de informação (-107 mil).

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