Tesouro Direto: taxa mínima de títulos prefixados recua para 12,11%; papéis de inflação oferecem até 5,97%
agosto 29, 2022A sessão desta segunda-feira (29) é novamente de aversão a risco nos mercados acionários. Investidores seguem repercutindo a postura vista como mais hawkish (inclinada ao aperto monetário) adotada por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), na última sexta-feira (26), durante o simpósio de Jackson Hole.
De acordo com números desta manhã, 67% dos agentes financeiros acreditam em uma alta de juros mais dura nos Estados Unidos, de 0,75 ponto percentual, na reunião de política monetária de setembro. É o percentual mais elevado registrado em uma semana, segundo o CME Group. A título de curiosidade, um mês atrás as apostas estavam concentradas em uma alta de 0,50 ponto, com 72% do mercado precificando esse nível de elevação.
A possibilidade de um aperto monetário mais agressivo também impulsionou o avanço nos rendimentos dos títulos americanos (treasuries). Por volta das 9h20 (horário de Brasília), vencimentos a partir de cinco anos registravam alta de quase 2%.
Após o discurso de Powell, o mercado deve monitorar hoje a fala de Lael Brainard, vice-presidente do Fed, e os dados de emprego (payroll), que serão apresentados na sexta-feira (2).
Já na cena local, economistas consultados pelo Banco Central reduziram – pela segunda semana seguida – as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2023, que passaram de 5,33% para 5,30% agora, segundo o Relatório Focus divulgado hoje.
Houve ajuste também nas estimativas para o IPCA deste ano, que recuaram de 6,82% para 6,70% nesta semana. Há um mês, as projeções estavam em 7,15%. A queda tem sido puxada pelo pacote aprovado em junho pelo Congresso, que reduziu o ICMS sobre combustíveis e outros itens essenciais.
Atenção também para os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e as repercussões do debate entre os candidatos à Presidência no domingo (28).
No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam de forma mista nesta manhã. As taxas dos papéis prefixados apresentam recuo em dois dos três vencimentos disponíveis, enquanto os retornos reais de títulos atrelados à inflação registram estabilidade, em sua maioria.
No caso dos prefixados, a maior remuneração era entregue pelo papel com vencimento em 2033, no valor de 12,31% ao ano às 9h20, em linha com os 12,30% registrados na sexta-feira (26).
No mesmo horário, tanto o Tesouro Prefixado 2025 quanto o título com vencimento em 2029 viam o juro recuar levemente – de 12,13% ao ano para 12,11% ao ano, e de 12,16% ao ano para 12,14% ao ano, respectivamente.
Entre os papéis atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 e 2055 registravam alta nos retornos reais, às 9h20. No primeiro caso, o juro real subia de 5,70% ao ano para 5,72% ao ano. Já no segundo, a taxa real passava de 5,93% ao ano para 5,97% ao ano, no mesmo horário.
Outros títulos atrelados ao IPCA, como o Tesouro 2035 e 2045, por exemplo, ofereciam retorno real de 5,87% ao ano, em linha com os 5,86% vistos na sexta-feira (26).
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (29):
Commodities
As cotações dos contratos futuros de petróleo operavam em alta por volta das 10h (horário de Brasília).
Investidores equilibram as expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortará a produção para apoiar os preços com as preocupações provocadas pelo presidente do Fed dizendo que os EUA enfrentarão um crescimento lento “por algum tempo”.
Focus e Caged
As projeções de economistas consultados pelo BC estão no foco da cena local nesta segunda-feira. Segundo o Relatório Focus, as instituições financeiras voltaram a revisar para cima a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas a reduzir a do próximo.
A estimativa de crescimento da economia para 2022 subiu de 2,02% para 2,10% (há um mês era de 1,97%). Para 2023, caiu de 0,39% para 0,37% (há quatro semanas era de 0,40%).
Nesta quinta-feira (1), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o resultado do PIB do segundo trimestre.
Por outro lado, o mercado manteve as estimativas para a Selic e para o dólar nos próximos anos. No caso da taxa básica de juros, as previsões seguiram em 13,75% no fim de 2022, 11% no de 2023, 8,00% em 2024 e 7,50% em 2025 (em linha com as projeções do BC).
Para o câmbio, os economistas permaneceram com as projeções para dezembro deste e dos próximos três anos em US$ 1 = R$ 5,20, R$ 5,20, R$ 5,10 e R$ 5,17, respectivamente.
Manutenção também para as expectativas de inflação em 2024 e 2025, que seguiram em 3,41% e 3,00%, nessa ordem.
Também na cena econômica, investidores monitoram números do Caged. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, o País abriu 218.902 empregos com carteira assinada em julho, bem abaixo do consenso que era de 260.000 aberturas de vagas.
O número representa a diferença entre 1.886.537 contratações e 1.667.635 desligamentos feitos no mês. Ao logo deste ano, o saldo de vagas abertas é de 1.560.89, resultado de 13.554.553 admissões e de 11.993.657 desligamentos.
Debate presidencial e correção da tabela do IR
No primeiro debate com os candidatos à Presidência frente a frente, assuntos como políticas públicas para as mulheres, combate à corrupção, economia e educação estiveram no centro das falas dos presidenciáveis.
O debate foi organizado em pool pelos veículos Folha de S. Paulo, UOL, Grupo Bandeirantes e Cultura.
Analistas políticos consultados pelo InfoMoney avaliam que o programa ofereceu uma oportunidade para nomes alternativos à polarização – mantida entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – atingirem a dupla e se apresentarem como alternativa no pleito.
“O debate foi melhor para os candidatos menos conhecidos. Foi melhor para quem não é vidraça”, afirmou Ricardo Ribeiro, analista político da Ponteio Consultoria Política.
“Pior para Bolsonaro e Lula. Em termos de desempenho, Lula não teve um bom dia, estava um pouco apagado e confuso. E Bolsonaro se perdeu quando criou celeuma com as mulheres. Por conta própria, ele entrou em um terreno que lhe é muito desfavorável”, completou o analista.
Também na cena política, levantamento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) mostrou que a proposta do candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de isentar quem ganha até R$ 5 mil mensais resultaria em renúncia de R$ 199,8 bilhões e deixaria 17,2 milhões de pessoas livres do tributo — ante o total de 7,86 milhões que não pagam atualmente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Já a reiterada promessa de Jair Bolsonaro (PL) de liberar do IR quem ganha até 5 salários mínimos — feita na campanha de 2018, e ainda não cumprida — teria impacto maior: representaria corte de R$ 226,8 bilhões na arrecadação e isentaria 18,5 milhões de brasileiros, de acordo com o jornal.