Tesouro Direto: retornos de prefixados avançam para até 11,82% em dia de payroll e preocupações fiscais

Tesouro Direto: retornos de prefixados avançam para até 11,82% em dia de payroll e preocupações fiscais

outubro 7, 2022 Off Por JJ

A sexta-feira (7) reserva a apresentação do relatório de emprego (payroll) nos Estados Unidos. O documento é um dos principais indicadores utilizados pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para basear suas decisões de política monetária.

Segundo o Departamento do Trabalho americano, os Estados Unidos criaram 263 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em setembro, valor acima do esperado. Na avaliação de alguns analistas, os números de hoje mostraram que o mercado de trabalho continua aquecido, o que tende a reforçar um ajuste mais duro por parte do Fed para “estancar” a escalada de preços.

Após a divulgação do payroll, os contratos futuros de Fed Funds mostravam que aumentou a chance de que a autoridade monetária tenha que elevar os juros em 75 pontos-base na reunião de novembro, com a probabilidade implícita passando de 75,2%, na véspera, para 81,1%, por volta das 9h38 de hoje.

No cenário doméstico, investidores monitoram dados de vendas no varejo, que recuaram 0,1% em agosto, abaixo do esperado por economistas.

No foco local também está nova pesquisa eleitoral da Genial/Quaest, que mostrou o ex-presidente Lula (PT) na liderança da disputa pelo Palácio do Planalto com 48% das intenções de voto totais, contra 41% do presidente Bolsonaro (PL). Na véspera (6), declarações dadas pelo candidato petista de que ele não pretende antecipar nomes de ministros em um eventual governo pesaram sobre a curva de juros, movimento que se manteve na abertura de hoje.

No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos também opera com alta nas taxas nesta manhã. Na primeira atualização do dia, o juro máximo oferecido por papéis prefixados era de 11,82% ao ano no Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral. A remuneração está acima dos 11,80% vistos na véspera.

Já a remuneração real mais elevada oferecida por papéis atrelados à inflação era de 5,74% ao ano no mesmo horário. Esse retorno era entregue por três títulos: Tesouro IPCA+2035, 2045 e 2055, com juros semestrais.

Um dia antes, o papel com vencimento em 2055 oferecia uma taxa real de 5,69% ao ano, enquanto o Tesouro IPCA+ 2035 e o 2045 entregavam juros reais no valor de 5,65% ao ano.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (7): 

Fonte: Tesouro Direto

Payroll e commodities

O foco da cena externa nesta sexta-feira está nos Estados Unidos, com a divulgação do payroll. Segundo o Departamento do Trabalho, a taxa de desemprego no país caiu para 3,5% e os EUA abriram 263 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em setembro.

O resultado veio acima da expectativa do mercado (que previa 250 mil vagas), mas a projeção era de que a taxa de desemprego permaneceria em 3,7%, segundo o consenso Refinitiv.

Em setembro, o salário médio por hora de todos os funcionários fora do setor agrícola aumentou em 10 centavos, ou 0,3%, para US$ 32,46. Nos últimos 12 meses, os ganhos médios por hora aumentaram 5%.

Destaque também para o petróleo. As cotações da commodity sobem na sessão de hoje, estendendo os ganhos registrados durante a semana depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) concordou em restringir a oferta global com um acordo para reduzir as metas de produção em 2 milhões de barris por dia (bpd). Essa foi a maior redução desde 2020 e veio antes de um embargo da União Europeia ao petróleo russo.

Ontem (6), o presidente dos EUA, Joe Biden, se mostrou decepcionado com os planos da Opep+ e sinalizou que os EUA estão analisando todas as alternativas possíveis para impedir que os preços subam.

Vendas no varejo

No noticiário doméstico, o destaque está no volume de vendas do comércio varejista no Brasil, que recuou 0,1% em agosto na comparação com julho, apresentando o quarto mês consecutivo de taxa negativa.

No acumulado de 2022, o varejo registra alta de 0,5%. Já nos últimos 12 meses, o setor acumula queda de -1,4%%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira (7) pelo IBGE. Na comparação com agosto de 2021, o registro é de alta de 1,6%.

O resultado foi um pouco melhor que o esperado, uma vez que o mercado projetava queda de 0,2% na base mensal. Para o resultado anual, a previsão era de e estabilidade (0,0%), segundo o consenso Refinitiv.

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em julho caiu 0,6% ante julho e 0,7% contra agosto de 2021.

Cinco das oito atividades pesquisadas pelo IBGE em agosto fecharam o mês no campo positivo: Tecidos, vestuário e calçados (13,0%), Combustíveis e lubrificantes (3,6%), Livros, jornais, revistas e papelaria (2,1%), Móveis e eletrodomésticos (1,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%).

Pautas econômicas

No noticiário político, o mercado financeiro começa a ver com preocupação a articulação de Damares Alves (Republicanos) para assumir a presidência do Senado, conforme mostra reportagem de O Globo. Damares tem a agenda de costumes como a sua principal bandeira política, e não as reformas econômicas. À frente da Casa, teria força para ditar a pauta e inverter a prioridade das votações.

O receio, na verdade, é mais amplo. Segundo o executivo de um grande banco internacional com atuação no Brasil, os investidores estão se dando conta de que a eleição de um Congresso conservador não significa um impulso para o liberalismo econômico, segundo o jornal.

Sob pressão para sinalizar com clareza suas propostas para as contas públicas, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda está dividida em relação ao caminho da política fiscal a ser adotado num eventual novo governo, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.

O ponto central das divergências é sobre a necessidade, ou não, de se adotar uma regra de controle das despesas para substituir o atual teto de gastos – que Lula já antecipou que será revogado se ele vencer a eleição.

De um lado, a “turma da política” defende a revogação do teto com a permanência da regra de meta de resultados primários (receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros da dívida pública). De outro, uma ala de economistas – entre eles, integrantes da Fundação Perseu Abramo, braço do pensamento econômico do PT – defende a necessidade de um modelo de controle de gastos que permita, ao mesmo tempo, investimentos em projetos prioritários, com efeito “multiplicador” para acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o jornal.