Tesouro Direto: prefixados recuam até 11,48% após resultado apertado no 1º turno e queda do dólar
outubro 3, 2022
As taxas dos títulos públicos operam em queda na manhã desta segunda-feira (3), após resultado do primeiro turno das eleições presidenciais. Nos prefixados, as taxas recuam até 25 pontos-base, já nos papéis de inflação a baixa é de até 17 pontos-base.
Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, o mercado está refletindo o resultado do primeiro turno, que apresentou uma diferença apertada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
Com 99,99% das urnas apuradas, Lula caminha para encerrar a primeira etapa da corrida presidencial com pouco mais do que 48% dos votos válidos (o equivalente a 57,3 milhões de votos), enquanto Bolsonaro aparece levemente acima de 43% (algo próximo a 51,1 milhões).
“Isso traz uma discussão de que o vencedor no segundo turno precisará ter uma postura de centro na questão econômica. Provavelmente veremos mais propostas em relação a ajuste e consolidação fiscal no novo governo”, avalia Costa.
Ainda segundo o economista, as reformas administrativas e tributárias poderiam ganhar espaço novamente diante deste resultado apertado nas urnas.
Costa destaca também a dinâmica favorável de outros mercados, com a bolsa subindo e o dólar recuando frente ao real, o que contribui com a retirada de prêmio de risco da curva de juros. Por volta das 10h10, o dólar comercial recuava 3,07%, cotado a R$ 5,2285.
Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era nos prefixados de médio e longo prazo. O Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, ofereciam na primeira atualização do dia um retorno anual de 11,58% e 11,73%, respectivamente, inferior aos 11,83% e 11,98% vistos na sexta-feira (30).
Já o Tesouro Prefixado 2025 apresentava uma rentabilidade anual de 11,48%, abaixo dos 11,64% registrados na sessão anterior.
Nos títulos atrelados à inflação, as taxas recuavam entre 12 e 17 pontos-base. A maior queda era na taxa do Tesouro IPCA+ 2055. O título público oferecia às 9h19 um ganho real de 5,58%, inferior aos 5,75%, vistos na semana passada.
Apesar da queda nas taxas, o Tesouro IPCA+ 2055 oferecia o maior ganho real da sessão, de 5,58%.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (3):
Bolsonaro demonstra força e desafia favoritismo de Lula
Apesar de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) largar na frente na disputa pelo Palácio do Planalto, o primeiro turno das eleições, concluído neste domingo (2), mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está muito mais forte do que as principais pesquisas de intenção de voto mostraram às vésperas do pleito.
Com 99,99% das urnas apuradas, Lula caminha para encerrar a primeira etapa da corrida presidencial com pouco mais do que 48% dos votos válidos (o equivalente a 57,3 milhões de votos), enquanto Bolsonaro aparece levemente acima de 43% (algo próximo a 51,1 milhões).
Analistas políticos ouvidos pelo InfoMoney, mantêm avaliação de que Lula é favorito na disputa, embora um favoritismo muito mais modesto e que pode mudar com quatro semanas para campanha em paridade de armas no rádio e na televisão. Para eles, o cenário é muito mais equilibrado do que o previsto, e a noite traz um sabor amargo para a campanha petista.
“Lula é um pouco favorito, mas o cenário é muito incerto. Aquela avaliação de que a eleição estava decidida não é mais correta”, avalia o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores.
“Bolsonaro mostrou muito mais força do que se imaginava. Os candidatos bolsonaristas, quase sem exceção, tiveram desempenho melhor do que o esperado. A maior parte das pesquisas não captou um voto bolsonarista que estava escondido ou se formou de última hora”, complementa.
Basta lembrar que o dia começou com avaliações de uma vantagem entre 8 e 14 pontos percentuais e especulações sobre a possibilidade de Lula liquidar a fatura ainda no primeiro turno. E termina com desempenho surpreendente de Bolsonaro, resultados contundentes de aliados do presidente nos estados e a formação de uma sólida bancada no Congresso Nacional.
“Quando associamos a eleição presidencial aos demais pleitos – para governador, deputado e senador –, conseguimos identificar a presença de destaque de nomes associados ao bolsonarismo na perna não econômica. Parece que o tema moral, o tema político no sentido mais amplo, teve maior peso nesse desempenho”, avalia o analista político Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria Integrada.
Saiba mais:
Bolsonaro demonstra força e desafia favoritismo de Lula em segundo turno indefinido
Bolsa deve subir e juro cair, mas exterior pode atrapalhar
A vitória mais apertada do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições, juntamente com o ganho de espaço de senadores e deputados bolsonaristas no Congresso no ano que vem, surpreendeu boa parte dos gestores, que aguardavam um resultado mais favorável ao petista com base no que apontavam a maior parte das pesquisas eleitorais.
Como resultado, a expectativa é que o resultado do primeiro turno do pleito eleitoral ajude a impulsionar uma descompressão do risco, o que ajudaria a fazer com que o Ibovespa subisse, o real se valorizasse frente ao dólar e os juros caíssem, na visão de Mariana Dreux, sócia e gestora macro da Truxt Investimentos.
A especialista participou de painel do InfoMoney, juntamente com Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital, na manhã desta segunda-feira (3) para repercutir as eleições e os principais efeitos sobre o mercado.
Do lado das ações, a descompressão de risco e uma eventual vitória do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) devem favorecer o kit de ações de estatais, explica Mariana.
A gestora afirma que o mercado acredita que um eventual segundo mandato de Bolsonaro teria o ministro Paulo Guedes como chefe da pasta econômica, como funciona hoje. Por outro lado, há uma expectativa grande com relação ao ministro da Economia de um eventual governo Lula. O nome mais cogitado entre agentes financeiros é o de Henrique Meirelles.
Já do lado dos juros, a tendência é que haja um fechamento (queda dos juros) da curva, ainda que o mercado siga atento ao próximo movimento da Selic – que tende a ser corte entre o terceiro e quarto trimestre de 2023, acredita Mariana. Ao mesmo tempo, a gestora avalia que o real tende a ter uma perspectiva mais positiva com o resultado do primeiro turno.
Embora o cenário doméstico pese a favor da descompressão de risco, ambos os gestores não negaram que é preciso cuidado com o exterior. Para Figueiredo, se o mercado externo for mal na sessão de hoje, é inegável que isso irá impactar o Brasil. “O mercado [externo] não está limpo hoje. Ele não está estável”, alerta o gestor, ao dizer que uma das maiores fontes de preocupação está no Credit Suisse.
No fim de semana, a crise de confiança em torno do maior banco da Suíça e um dos maiores do mundo cresceu.