Tesouro Direto: prefixados para 2025 e 2029 negociam com taxas abaixo dos 12%; investidores repercutem IPCA-15
agosto 24, 2022As atenções estão voltadas nesta quarta-feira (24) para a apresentação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), que apresentou recuo de 0,73% em agosto na comparação mensal. O mercado aguardava uma deflação de 0,81%, segundo consenso Refinitiv.
Essa foi a menor taxa obtida desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, a prévia da inflação oficial desacelerou para 9,6% – voltando a ficar abaixo dos dois dígitos.
Após a divulgação do IPCA-15, o mercado agora tende a operar em compasso de espera para o simpósio de Jackson Hole, que concentrará autoridades de política monetária, nos próximos dois dias. Na sexta-feira (26), a declaração mais aguardada é a de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Na manhã de hoje, agentes financeiros acreditavam que havia 56,5% de chance de que o Fed elevasse o juro americano em 0,75 ponto percentual na reunião de setembro, contra 43,5% dos agentes que projetavam uma alta de 0,50 ponto. Uma semana antes, as apostas majoritárias estavam concentradas em uma subida de 0,50 ponto percentual, para a faixa entre 2,75% e 3,00%.
Destaque também para o dólar comercial, que recuava 0,08%, cotado a R$ 5,094, no começo do dia.
No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos opera com queda, na maioria das taxas, nesta manhã. Na primeira atualização do dia, papéis prefixados acentuaram o recuo nos retornos, com o piso oferecido pelos títulos passando de 11,97% ao ano, na sessão anterior, para 11,92% ao ano. O juro em questão era entregue pelo Tesouro Prefixado 2029.
No mesmo horário, apenas um papel atrelado à inflação apresentava alta nas taxas reais: o Tesouro IPCA+2026. Às 9h40, o juro real oferecido pelo título avançava de 5,50% para 5,55%. Já a maior remuneração real era entregue pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 5,86% ao ano, contra 5,87% vistos na véspera (23).
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (24):
IPCA-15
A deflação – recuo dos preços na economia – em agosto foi puxada pela queda nos preços dos combustíveis (principalmente da gasolina e do etanol) e da energia elétrica. Apesar de a queda recorde para o IPCA-15, os preços dos grupos alimentação e bebidas (+1,12%) e saúde e cuidados pessoais (+0,81%) continuaram subindo.
Com a redução do ICMS sobre combustíveis e energia elétrica aprovada em junho pelo Congresso, além de três cortes seguidos nos preços da gasolina pela Petrobras (PETR3;PETR4), o grupo de transportes teve forte recuo de -5,24%, contribuindo com -1,15 ponto percentual (p.p.) no IPCA-15 do mês.
Também houve queda nos preços em habitação (-0,37%) e comunicação (-0,30%). A variação negativa em habitação está relacionada ao recuo de -3,29% nos preços da energia elétrica residencial, também devido à redução do ICMS em vários estados; em comunicação, a contração foi puxada pelos preços dos planos de telefonia fixa e móvel (que caíram 2,29% e 1,04%, respectivamente).
Segundo Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, olhando para fora de preços administrados, um dos destaques do IPCA-15 está no fato de que o índice de serviços subjacentes se mostrou bastante elevado ao fechar em 0,78% em agosto. “Continuamos preocupados com a inflação de serviços, com a transferência de renda com o Auxílio Brasil maior e a melhora do mercado de trabalho. Acreditamos que os preços de serviços seguirão pressionados.”
A economista também chama atenção para o fato de que a alimentação em domicílio se manteve bastante alta em agosto. O mês atual e o anterior costumam ser períodos em que os preços de alimentos recuam, por questões de sazonalidade, mas isso não vem ocorrendo neste ano, pontua Laíz.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, observa também que a inflação de bens comercializáveis (ou seja, de bens que são comercializados no mercado internacional) subiu 0,46% no mês, uma aceleração marginal em relação ao 0,43% do IPCA-15 de julho.
“Isso significa que a inflação internacional ainda traz efeitos para a inflação doméstica”.
Ao olhar bens não-comercializáveis, Carla defende que a inflação do grupo avançou 0,58% agora, o que representa uma desaceleração em relação aos 0,84% vistos no IPCA-15 de julho. Para ela, os dados já mostram certo efeito da contração monetária afetando os preços domésticos, mas não ao ponto de conseguir trazer a inflação para a meta e de oferecer alívio para o Banco Central.
Estados Unidos e commodities
Na cena externa, os índices futuros dos EUA operam próximo à estabilidade após cair por três sessões consecutivas, com investidores aguardando pela fala do presidente do Fed em Jackson Hole.
Os investidores também monitorarão novos dados para avaliar a saúde da economia americana. Dados de bens duráveis e vendas pendentes de casas serão divulgados nesta quarta-feira.
As cotações do petróleo, por sua vez, sobem, estendendo ganhos de mais de 3% na sessão anterior, com preocupações de um corte iminente na produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
Na véspera, o ministro da Energia saudita disse que a Opep+ tem os meios para lidar com desafios que incluem corte de produção, segundo informou a agência estatal de notícias SPA na segunda-feira.
Ciro Gomes e Lula
Em sabatina ao Jornal Nacional, da TV Globo, Ciro Gomes, candidato à Presidência da República pelo PDT, disse que pode reavaliar seu discurso de ataque direto aos candidatos à frente nas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Indagado se tais ataques não agravariam o cenário de polarização no país, Ciro disse que o tom dele pode soar mais agressivo pela região de onde ele vem, mas que ele tem que confrontar a política atual e a dos últimos anos, que guiaram o Brasil até os problemas que existem hoje.
Candidato à Presidência da República pelo PT, Lula se reuniu com empresários da construção civil em São Paulo. Ele recebeu um documento com propostas para estimular o crescimento do setor de habitação e afirmou que retomará dois programas criados na época em que era presidente da República, o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).