Tesouro Direto: piso oferecido por prefixados cai para 13,17% e se afasta de patamares recordes
julho 15, 2022Após uma semana de altas mais fortes na curva de juros, o mercado de títulos públicos opera com queda nas taxas na manhã desta sexta-feira (15), acompanhando certa estabilização do movimento de aversão a risco global.
As atenções estão voltadas para a China, depois que o Produto Interno Bruto (PIB) do país veio mais fraco do que o previsto. A segunda maior economia do mundo registrou um crescimento da atividade econômica de 0,4% no segundo trimestre em relação ao ano anterior, impactada pelas restrições de mobilidade impostas para conter o avanço da Covid-19.
As vendas no varejo chinês, por outro lado, subiram 3,1% em junho, superando as expectativas de uma pesquisa da Reuters.
Números de vendas no varejo e da produção industrial em junho também são destaque nos Estados Unidos, juntamente como os preços de importação e exportação. Investidores também repercutem mais um dia de balanços.
Após declarações feitas na véspera por membros do conselho do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que reforçaram que a elevação de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual) é o padrão para o próximo encontro, o rendimento dos títulos americanos (treasuries) apresenta queda na maior parte dos vencimentos, no começo da manhã de hoje.
Na seara política brasileira, o Congresso promulgou nesta quinta-feira (14) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que decreta emergência para ampliar benefícios e que possui cunho eleitoral.
No Tesouro Direto, o papel com vencimento em 2033 e juros semestrais era o que oferecia a taxa mais elevada, no valor de 13,28% ao ano às 9h20, abaixo dos 13,31% vistos na véspera (14). Com isso, o título começa a se afastar do percentual recorde de 13,40% batido nesta semana.
A distância entre o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA + 2055, no valor de 6,19% ao ano, e a rentabilidade histórica de 6,35% alcançada na última terça-feira (12), também aumentava no início dos negócios nesta sexta-feira. O retorno também é mais baixo do que os 6,25% entregues um dia antes pelo mesmo papel.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (15):
China e commodities
O destaque do dia está nos números vindos da China. O crescimento econômico do país desacelerou acentuadamente no segundo trimestre, com alta de 0,4% em relação ao ano anterior.
A previsão apontava para uma expansão de 1,0% no trimestre abril-junho em relação ao ano anterior, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
Na comparação com os três meses anteriores, o PIB caiu 2,6% no segundo trimestre. Já no primeiro semestre, a economia chinesa cresceu 2,5%.
Pesquisa feita pela Reuters com analistas prevê que o crescimento da China desacelere para 4,0% em 2022, muito abaixo da meta oficial de crescimento estabelecida em 5,5%.
Em relatório enviado a clientes, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, disse que os dados da China reforçam que a volatilidade deve seguir elevada.
“Ali se vê que o passado sofreu mais do que se esperava em meio a tais restrições, enquanto o presente viu de perto o resultado das reaberturas, nas vendas ao varejo, produção industrial e desemprego, ou seja, o problema ainda é Xi Jinping”, destacou o economista.
As cotações do minério de ferro recuavam fortemente, após o resultado do PIB chinês. Além disso, as perspectivas para a demanda do principal setor imobiliário, que responde por mais de 20% da economia chinesa, estão sob nova pressão devido ao boicote generalizado aos pagamentos de hipotecas por compradores de casas, que estão protestando contra o fracasso das incorporadoras em entregar casas que foram vendidas antecipadamente.
Os contratos futuros de petróleo, por sua vez, têm alta na sessão de hoje. Por volta das 9h50 (horário de Brasília), o Brent operava novamente acima dos US$ 100 o barril, diante de perspectivas de um aumento menos agressivo dos juros nos EUA.
PEC dos Auxílios, deflação e perdas com ICMS
Na cena política, o Congresso promulgou, ontem (14), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que decreta estado de emergência no País para permitir ao Planalto conceder e ampliar benefícios sociais às vésperas da eleição. O texto, que já havia passado no Senado, foi aprovado ontem na Câmara após ter a tramitação acelerada por meio de manobras regimentais.
O governo tem pressa para pagar as benesses. Hoje, o chefe do Executivo aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao participar da solenidade de promulgação da PEC dos Auxílios, Bolsonaro elogiou o Congresso por ser “parceiro” do governo e voltou a dizer que a redução do ICMS incidente sobre os combustíveis pode resultar em deflação.
“Teto do ICMS vai levar a uma inflação bem menor no próximo ano. Ouso dizer que podemos ter deflação. É o Brasil voltando à normalidade do período pré-pandemia”, declarou o presidente.
Também na seara política, o Congresso derrubou, ontem (14), o veto do presidente Bolsonaro ao trecho da lei do ICMS que prevê compensação aos Estados por possível perda na arrecadação. A lei estabelece um teto, que varia de 17% a 18%, para a cobrança do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.