Tesouro Direto: piso de prefixados vai a 12,39%, com alta de juros na Europa e nova regra fiscal
março 16, 2023As atenções do mercado se voltaram, nesta quinta-feira (16), para o exterior. Um dos destaques é a crise dos bancos. A notícia positiva é que o Credit Suisse anunciou que pretende exercer a sua opção de tomar empréstimos de até 50 bilhões de francos suíços (US$ 53,68 bilhões) do Banco Nacional Suíço, por meio de uma linha de empréstimo coberta e uma linha de liquidez de curto prazo.
Os problemas com o banco suíço, assim como o que aconteceu com o Silicon Valley Bank, levantam uma grande questão, que são os juros, não só no Brasil, como também na Europa e Estados Unidos. Apesar da crise bancária, o Banco Central Europeu subiu, nesta quinta-feira (16) a taxa de juros em 0,50 pp, para 3,50% ao ano, como esperado.
No Brasil ainda se aguarda o novo arcabouço fiscal, que está agora nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar detalhes da nova âncora fiscal ao presidente na sexta-feira (17). Lula sinalizou que a divulgação deve ser feita antes de sua ida à China, prevista para o fim deste mês e que deverá contar com a presença de Haddad.
O novo arcabouço fiscal já interfere nas projeções da Selic. De acordo com Alexandre Espirito Santo, economista chefe da Órama Investimentos, a apresentação antecipada do projeto, com movimentos do governo que sugerem que a proposta dará a atenção devida à responsabilidade fiscal, (déficit primário, estabilização da dívida/PIB), “indica que a nova regra tende a ser crível e palatável. Com a expectativa se concretizando, há alívio nas curvas de juros futuros, abrindo caminho para o Banco Central (BC) antecipar as reduções na taxa.”
“Com um cenário fiscal mais positivo, para o fim de 2023, revisamos nosso número de Selic de 12,75% para 12%”, ressalta Espírito Santo em relatório.
Outro destaque local é o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que teve alta de 0,05% em março, ante taxa de 0,02% em fevereiro informou nesta quarta-feira (15) a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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No Tesouro Direto, às 15h28, o maior retorno era oferecido pelo Prefixado 2033, com 13,16% ao ano, abaixo dos 13,21% registrados nesta quarta-feira. O Prefixado 2029 apresentou igual taxa vista na véspera, de 13,11% ao ano e o Prefixado 2026 foi o único a apresentar alta, de 12,33% na sessão anterior para 12,39% hoje.
O IPCA+2045, que na véspera tinha juro de 6,53%, hoje oferece retorno de 6,51%. O título em questão chegou aos 6,58% ao ano ontem, o maior retorno já oferecido pelo papel, que começou a ser negociado em 2017.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (15):
Boletim Macrofiscal 2023
A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, divulga amanhã (17) o primeiro Boletim Macrofiscal de 2023. A apresentação e a divulgação da versão atualizada do Panorama Macroeconômico acontecem às 14h30. Serão informadas as principais projeções da grade de parâmetros macroeconômicos para este ano, além de análise sobre a conjuntura macroeconômica e fiscal do país, considerada na elaboração das estimativas.
IGP-10 e IPA
O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) teve alta de 0,05% em março, ante taxa de 0,02% em fevereiro informou nesta quarta-feira (15) a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com esse resultado, o índice acumula alta de 0,12% no ano e de 1,12% em 12 meses. O dado de março ficou em linha com do consenso Refinitiv, que apontava para inflação de 0,05% na comparação mensal. Em março de 2022, o índice havia subido 1,18% no mês e acumulava elevação de 14,63% em 12 meses.
Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 0,07% em março. No mês anterior, o índice havia registrado taxa de -0,14%. Na análise por estágios de processamento, os preços dos Bens Finais variaram de 0,20% em fevereiro para 0,31% em março.
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A principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos in natura, cuja taxa passou de -0,04% para 5,68%. O índice relativo a Bens Finais, que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, caiu 0,35% em março. No mês anterior, a taxa foi de 0,04%.
“Armistício”
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), elogiou, na noite da quarta-feira, o modelo do Banco Central independente. Lira também disse que o momento atual exige um “armistício”, em referência às tensões entre o governo e a autoridade monetária.
“Já coloquei publicamente que o modelo do BC independente é adequado e correto. Quem cuida da autoridade monetária brasileira, da taxa básica de juros, perspectiva de inflação e protege nossa moeda é o Banco Central. É bom para o País e é bom para o governo”, afirmou Lira, em entrevista à GloboNews.
O presidente da Câmara disse que um clima mais tranquilo pode contribuir para o Congresso dar andamento a “matérias que vão dar credibilidade para que a queda dos juros aconteça naturalmente”.
Socorro ao First Republic
Segundo informações do The Wall Street Journal, grandes bancos americanos, como JPMorgan e Morgan Stanley negociam capitalização no First Republic Bank ou até mesmo uma aquisição, mesmo que essa segunda opção seja menos provável, ressalta a publicação.
As ações do First Republic chegaram a cair 31% nas negociações iniciais na Bolsa americana, mas atenuaram as perdas com a notícia. Contudo, ainda registravam perdas: às 13h33 (horário de Brasília) desta quinta-feira (16), os papéis caíam 13,96%, a US$ 26,81.
Juros Europa
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu hoje manter o ritmo de aperto de sua política monetária, mesmo diante da crise bancária, optando por uma nova alta de 50 pontos-base nas taxas de juros, a exemplo do que já havia feito em dezembro e em fevereiro.
A taxa de refinanciamento (a principal) subiu de 3,0% para 3,50%; a taxa sobre depósitos de 2,50 para 3,0%, e a taxa sobre empréstimos marginais de 3,25% para 3,75%.
A decisão foi atribuída à projeção de que a inflação deve permanecer muito alta por muito tempo. O BCE comentou que o elevado nível de incerteza reforça a importância de uma abordagem dependente de dados para as decisões de taxa de juros.
O Conselho do BCE comentou ainda que está acompanhando de perto as atuais tensões do mercado e que está pronto a responder conforme necessário para preservar a estabilidade de preços e a estabilidade financeira na zona do euro.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou em sua declaração, após a decisão de política monetária, a abordagem “dependente de dados” para as decisões de taxa de juros, que já estava no comunicado da autoridade monetária que se seguiu à decisão de manutenção do ritmo de alta dos juros em 50 pontos-base nesta quinta-feira (16). Para ela, não há uma escolha (“trade-off”) entre estabilidade financeira e inflação.
Fed
A elevação de juros em 0,25 p.p. tem 76% de chance de acontecer. Segundo projeções do FedWatch, do CME Group, os juros que hoje estão na faixa de 4,50-4,75% devem chegar a 4,75-5,00% na reunião a ser realizada em 22 de março pelo Fed. As chances de haver uma manutenção agora estão em 24%. Para a reunião de 3 de maio, a perspectiva predominante (48,3%) é de que a taxa de juros vá para 5,00%-5,25%. A manutenção em 4,50-4,75% agora é aposta de 8,7% do mercado. Uma alta de 0,25 p.p., para 4,75%-5,00% agora é vista por 42,9% do mercado.
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Desemprego EUA
Os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos caíram a 192 mil nesta semana, abaixo da expectativa, que era de 205 mil. Na semana passada, os pedidos ficaram em 212 mil (revisados de 211 mil). A média das últimas quatro semanas ficou em 196,50 mil pedidos, ante 197,25 mil nas quatro semanas encerradas sete dias atrás (revisado de 197 mil).