Tesouro Direto: pela 3ª sessão seguida, juros de prefixados apresentam queda; taxa mínima bate 11,80%
setembro 2, 2022A sessão desta sexta-feira (2) é marcada pela apresentação do payroll, relatório de emprego que é monitorado de perto pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Segundo o documento, os Estados Unidos criaram 315 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em agosto. A taxa de desemprego, por sua vez, avançou para 3,7%, de acordo com o BLS (Secretaria de Estatísticas Trabalhistas, em tradução livre).
Os números trouxeram um resultado misto: a criação de vagas veio acima da expectativa do mercado (que previa 300 mil), enquanto a projeção para a taxa de desemprego era de 3,5%, segundo a Refinitiv.
Após a divulgação dos dados, houve recuo no percentual de agentes financeiros que acreditam que o Fed vai elevar o juro em 0,75 ponto percentual na reunião de setembro, embora esse patamar de alta siga majoritário ao concentrar 62% das apostas. Os dados são da CME Group.
O dia também é de divulgação da produção industrial no Brasil em julho, que cresceu 0,6% na comparação mensal. O valor veio abaixo das expectativas do mercado.
Economistas seguem recalibrando as expectativas para a inflação oficial de setembro após novo anúncio de corte nos preços da gasolina. A medida, anunciada ontem (1), pressionou a curva de juros para baixo. Situação que parece seguir nesta sexta-feira.
Os juros oferecidos pelos títulos públicos no Tesouro Direto passam por novo dia de ajustes nesta manhã. Dois papéis prefixados eram negociados abaixo dos 12% ao ano, na primeira atualização do dia: Tesouro Prefixado 2025 e o 2029.
No primeiro caso, o juro oferecido recuava de 11,90% ao ano, na sessão anterior, para 11,80%, às 9h20 de hoje. Já o retorno entregue pelo Tesouro Prefixado 2029 caía de 11,97% ao ano para 11,86% ao ano, no mesmo horário.
Da mesma forma, a remuneração real máxima oferecida por papéis atrelados à inflação era de 5,84% ao ano, abaixo dos 5,94% vistos na véspera (1). O título que oferecia esse retorno era o Tesouro IPCA+2055.
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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (2):
Payroll e commodities
O destaque da cena econômica está nos dados do payroll. Segundo o BLS, órgão ligado ao Departamento de Trabalho americano, a taxa de desemprego aumentou porque o número de desempregados cresceu em 344 mil entre julho e agosto, para 6 milhões de pessoas.
O órgão disse também que o número de desempregados permanentes aumentou em 188 mil, para 1,4 milhão, e o de desempregados de longa duração (há mais de 26 semanas) representam agora 18,8% do total.
Após a divulgação dos dados, os rendimentos oferecidos pelos títulos americanos (Treasuries) apresentavam recuo na maior parte dos vencimentos, por volta das 10h (horário de Brasília).
Atenção também para os contratos de petróleo. Após dias de queda, os contratos futuros da commodity apresentavam alta nesta manhã. Por volta das 10h (horário de Brasília), o Brent subia 2,83%, aos US$ 94,97, enquanto o WTI avançava 3,16% aos US$ 89,41.
Impactos no IPCA e produção industrial
Embora o preço do petróleo esteja avançando no começo da sessão, a queda recente na cotação do Brent ajudou a puxar para baixo o preço da gasolina.
Em anúncio feito ontem (1), a Petrobras disse que iria reduzir, a partir desta sexta-feira (2), o preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras de R$ 3,53 para R$ 3,28 por litro, uma queda de R$ 0,25 por litro, ou uma baixa de 7,08%. Esse é o quarto corte consecutivo desde meados de julho.
Nos cálculos de Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, a medida pode retirar 0,20 pontos percentuais do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro.
Com isso, a casa agora prevê uma alta de 0,10% para a inflação oficial em setembro, abaixo da expectativa anterior do Inter, que era de 0,30%. A economista, no entanto, afirma que ainda não é possível descartar totalmente que haja uma nova deflação neste mês.
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A inflação oficial de agosto será um dos destaques da agenda local da próxima sexta-feira (9). O Banco Inter espera uma deflação de 0,40% para o indicador.
Dados da atividade industrial no Brasil também estão no foco dos investidores nesta sexta-feira. A produção da indústria subiu 0,6% em julho, na comparação mensal. Na base anual, houve queda de 0,5%, segundo mostrou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta mensal foi puxada por alimentos, combustíveis e pela indústria extrativa. O resultado ficou levemente abaixo do esperado, pois o consenso Refinitiv projeta alta de 0,7% na comparação com junho, na série com ajuste sazonal, e queda de 0,3% ante julho de 2021.
Com os dados de julho, o IBGE diz que o setor industrial ainda está 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,3% abaixo do maior patamar já registrado (maio de 2011). Além disso, a indústria ainda acumula queda de 2,0% no ano e de 3,0% em 12 meses.
O indicador é divulgado um dia após o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, quando a economia brasileira surpreendeu e cresceu 1,2%. O resultado foi puxado principalmente pelo setor de serviços, mas a indústria também cresceu entre abril e junho (alta de 2,2%).
Datafolha
A pouco mais de um mês das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém a liderança na disputa pelo Palácio do Planalto, com vantagem de dois dígitos sobre seus adversários, mostrou o Datafolha.
Segundo o levantamento, realizado entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro, Lula tem 45% das intenções de voto − uma variação negativa de 2 pontos percentuais em relação ao desempenho registrado duas semanas atrás.
Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, aparece com 32% − mesmo patamar do último levantamento.
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