Tesouro Direto: pela 2ª sessão seguida, piso de títulos prefixados recua para abaixo de 13% ao ano
julho 29, 2022Após quedas fortes na véspera (28), o mercado de títulos públicos registra movimento misto das taxas na manhã desta sexta-feira (29). Papéis prefixados de prazo curto e intermediário apresentam queda nos juros, enquanto títulos atrelados à inflação de prazo mais longo operam com alta nos retornos, em sua maioria.
Depois de declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) vistas com tom mais dovish (menos inclinado ao aperto monetário) e de dados que indicaram recessão técnica nos Estados Unidos, investidores monitoram hoje números de inflação dos EUA.
O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) avançou 0,6% em julho na comparação mensal e 4,8% na base anual. Os dados ficaram acima do esperado pelo mercado e ajudaram a deixar o cenário mais ambíguo para o Fed. Cresceram também os temores de que o País possa enfrentar uma estagflação – quando uma nação passa por uma queda da atividade econômica, juntamente com a forte disparada dos preços.
Números de inflação recorde na zona do euro em julho também são destaque no cenário externo. Já na cena local, o mercado repercute a taxa de desemprego do Brasil no segundo trimestre, com dados melhores do que o esperado pelo mercado. Investidores também monitoram o resultado primário do setor público de maio, com consenso Refinitiv apontando para um déficit de R$ 24,5 bilhões.
No Tesouro Direto, o piso dos juros oferecidos por papéis prefixados segue abaixo dos 13%, pela segunda sessão seguida. Caso do papel com vencimento em 2025, que oferecia 12,90%, às 9h20 de hoje, em linha com os 12,91% da véspera.
A última vez que o Tesouro Prefixado 2025 tinha oferecido retorno abaixo de 13% tinha sido no começo deste mês.
Papéis atrelados à inflação, por outro lado, apresentavam alta nos juros, na primeira atualização do dia. O maior retorno real era oferecido pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 6,27%, acima dos 6,24% da véspera (28).
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (29):
PIB na zona do euro e commodities
Agentes financeiros estão atentos a dados da zona do euro. A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região atingiu a máxima histórica de 8,9% em julho, superando o recorde anterior de 8,6% em junho.
Os dados são preliminares e foram apresentados nesta sexta-feira pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado deste mês superou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam estabilidade da taxa em 8,6%.
Apenas os custos de energia deram um salto anual de 39,7% em julho, impulsionados pelo conflito russo-ucraniano, após subirem 42% em junho.
A Eurostat também apresentou hoje os dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, que cresceu 0,7% no segundo trimestre na comparação com o primeiro.
O resultado veio bem acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de apenas 0,1%.
Na comparação anual, o PIB da zona do euro cresceu 4% entre abril e junho, também superando o consenso do mercado (+3,4%). Os dados são referentes à primeira estimativa da Eurostat.
Destaque também para as commodities. Os preços do petróleo sobem com a oferta apertada, à medida em que as atenções se voltam para Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP +), que concordou em se reunir na próxima semana.
As cotações do minério de ferro, por sua vez, sobem e engatam a sexta alta consecutiva em Dalian. Por outro lado, o contrato de minério de ferro mais negociado em setembro na Bolsa de Cingapura caiu 3,7%, a US$ 114,30 a tonelada, após ter atingido na sessão anterior seu maior nível desde 30 de junho, a 119,90 dólares. A China indicou que controlar os surtos de Covid-19 ainda era uma prioridade, conforme disse a mídia estatal após uma reunião do Partido Comunista na quinta-feira (28).
Pnad
Na cena econômica local, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 9,3% no segundo trimestre, o menor patamar para o período desde 2015 (quando estava em 8,4%). Os dados foram apresentados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
O resultado é melhor do que o esperado pelo mercado. O consenso Refinitiv projetava uma taxa de desocupação de 9,4%.
O número de desempregados recuou 15,6% no trimestre, para 10,1 milhões de pessoas. Isso representa 1,9 milhão de pessoas a menos procurando por trabalho no país, o que fez a taxa de desemprego cair 1,8 ponto percentual na comparação com o primeiro trimestre.
Crédito a caminhoneiros e taxistas e dividendos Petrobras
Na cena política, o governo federal editou ontem (28) a Medida Provisória 1.131 para abrir crédito extraordinário de R$ 10,901 bilhões que irá viabilizar o pagamento do auxílio aos transportadores autônomos de cargas e o pagamento do auxílio aos motoristas de táxi. Além disso, a medida destina recursos para a concessão de auxílio financeiro para Estados e o Distrito Federal que outorgarem créditos tributários do ICMS aos produtores ou distribuidores de etanol hidratado.
O auxílio a ser pago aos motoristas de táxi e transportadores autônomos está previsto na PEC dos Benefícios, convertida em emenda constitucional em meados de julho.
Destaque também para a informação de que o governo já acumula R$ 70,4 bilhões em receitas com dividendos, sendo que o valor pode superar R$ 100 bilhões neste ano, segundo cálculos feitos pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Parte do montante é fruto do lucro anunciado na véspera pela Petrobras, no valor de R$ 54,3 bilhões. Por ser acionista majoritária da companhia, a União espera receber R$ 25,2 bilhões, segundo estimativas do Tesouro Nacional.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, no ano, a arrecadação com dividendos pode superar R$ 100 bilhões e garantir com segurança a virada das contas do governo de déficit para superávit ao final do ano. Essa é a expectativa da equipe econômica. Paulo Guedes, ministro da Economia, conta com essas receitas para entregar o ano com saldo positivo nas contas públicas. A última vez que isso ocorreu foi em 2013.