Tesouro Direto: juros reais de papéis de inflação recuam e chegam até 5,79%, às vésperas do 1º turno

Tesouro Direto: juros reais de papéis de inflação recuam e chegam até 5,79%, às vésperas do 1º turno

setembro 30, 2022 Off Por JJ

No último pregão antes do primeiro turno, o mercado repercute nesta sexta-feira (30) o debate entre os presidenciáveis visto na véspera (29). Na ocasião, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), trocaram ataques sobre corrupção em noite marcada por pedidos de direito de resposta.

Os dois seguem na liderança das pesquisas de opinião de voto. Ontem (29), o Datafolha mostrou que Lula manteve 50% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro oscilou positivamente em um ponto percentual, para 36%. A margem de erro é dois pontos percentuais.

Destaque também para a taxa de desemprego no Brasil, que caiu para 8,9% no trimestre encerrado em agosto, resultado que veio dentro do esperado pelo mercado. Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

Já na cena externa, o dia reserva a apresentação de dados importantes de inflação da Europa e dos Estados Unidos. Nos EUA, o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) ficou acima das expectativas do mercado na comparação mensal e anual. O indicador é acompanhado de perto pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

A inflação na Europa, por sua vez, manteve os investidores em alerta, ao bater 10,0% em setembro, ante 9,1% em agosto. Atenção também para notícias vindas da Rússia acerca da anexação de territórios ucranianos que passaram por “referendos” e novas declarações do Kremlin.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam de forma mista nesta manhã. Taxas de papéis prefixados são negociadas em estabilidade, enquanto títulos atrelados à inflação apresentam, em sua maioria, queda nos retornos.

Na primeira atualização da manhã, o maior juro oferecido entre papéis prefixados era de 12,15% ao ano, em linha com os 12,16% ao ano vistos na véspera (29). Tal retorno era entregue pelo Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral.

No mesmo horário, o Tesouro IPCA+2055, com juros semestrais, oferecia a remuneração real mais alta entre os papéis atrelados à inflação, no valor de 5,79% ao ano, abaixo dos 5,82% ao ano registrados um dia antes.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (30):

Fonte: Tesouro Direto

Setor público

No noticiário doméstico, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 30,3 bilhões em agosto de 2022, ante superávit de R$ 16,7 bilhões em agosto de 2021, conforme trouxe hoje o Banco Central. O Governo Central apresentou déficit de R$ 49,8 bilhões, e os governos regionais e as empresas estatais, superávits de R$ 18,5 bilhões e de R$ 970 milhões, respectivamente.

O déficit no mês foi maior que o estimado pelo mercado. O consenso Refinitiv apontava para R$ 28,75 bilhões negativos.

Nos doze meses encerrados em agosto, o superávit primário do setor público consolidado atingiu R$ 183,5 bilhões, equivalente a 1,97% do Produto Interno Bruto (PIB).

Debate na Globo

Na reta final para o primeiro turno, os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), não tiveram interações diretas regulares no último debate entre os presidenciáveis antes do primeiro turno, promovido pela TV Globo ontem (29), mas protagonizaram um duelo peculiar com ataques durante interações com outros candidatos e uma enxurrada de pedidos de direitos de resposta.

O centro dos enfrentamentos envolveu mais uma vez a pauta da corrupção, levantada logo no início do debate, em dobradinha feita pelo candidato Padre Kelmon (PTB) com Bolsonaro. Pesquisas e diversos analistas políticos, no entanto, vêm indicando que, ao contrário do que ocorreu em 2018, a corrupção não é tema prioritário para o eleitor no pleito deste ano.

Inflação nos EUA e na zona do euro

Enquanto isso, na cena externa, investidores monitoram com atenção o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que subiu 0,6% em agosto na comparação mensal e 4,9% na anual, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Departamento de Comércio americano.

Com o resultado, o indicador acelerou na comparação com julho (quando subiu 0,1% na base mensal e 4,6% na anual) e ficou acima da expectativa do mercado (que projetava uma alta mensal de 0,5% e anual de 4,7%, segundo a Refinitiv).

O núcleo do PCE exclui os preços de alimentos e energia, que são mais voláteis. Considerando esses preços, a inflação de consumo americana (medida pelo PCE) foi de 0,3% na base mensal e 6,2% na anual.

O índice de preços PCE é conhecido por capturar a inflação (ou deflação) em uma ampla gama de despesas do consumidor e refletir mudanças no comportamento do consumidor. Ele é observado de perto pelo Federal Reserve (FED) para auxiliar na condução da política monetária.

A inflação anual ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na Zona do Euro, por sua vez, subiu para 10,0% em setembro, de acordo com estimativa divulgada hoje pelo Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia. Em agosto, a taxa anualizada foi de 9,1%. A variação mensal foi estimada em 1,2%.

A variação dos preços superou as estimativas do mercado. O consenso Refinitiv previa uma inflação anualizada de 9,7%. Entre os principais componentes da inflação na região, o destaque continua a ser dos preços de energia, que subiram 40,8% em setembro ante o mesmo mês de 2021 (em agosto, a alta foi de 38,6%).