Tesouro Direto: juros mantêm alta; prefixados vão a 12,65%, com mercado repercutindo a regra fiscal
abril 19, 2023O texto do arcabouço fiscal, apresentado ao Congresso nesta terça-feira (18), continua no radar dos investidores. Sobre o projeto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou, nesta quarta-feira (19), que é positivo, mas lembrou que não há relação mecânica entre as medidas fiscais e a condução da política monetária, que depende da evolução das expectativas de inflação.
“Parece (o projeto) mais ou menos em linha com o que vimos antes. É uma boa indicação de que estamos avançando na direção certa. O arcabouço tira um pouco do risco de cauda sobre um aumento da dívida rapidamente”, avaliou, em participação em reunião com investidores em Londres, organizada pelo European Economics & Financial Centre (EEFC).
No cenário internacional, o Livro Bege, divulgado hoje, mostra que a atividade econômica dos Estados Unidos mudou pouco nas últimas semanas, com moderação leve no crescimento do emprego e aparente desaceleração dos aumentos de preços, de acordo com um relatório do Federal Reserve publicado nesta quarta-feira.
“As expectativas de crescimento futuro também permaneceram praticamente inalteradas; no entanto, dois distritos viram as perspectivas se deteriorarem”, disse o banco central dos EUA na mais recente edição do compilado de pesquisas e entrevistas conhecido como “Livro Bege” realizado em seus 12 distritos até 10 de abril.
No Tesouro Direto, os juros dos títulos públicos apresentavam alta às 15h19, movimento visto desde manhã. O destaque dos prefixados, o Prefixado 2033, oferecia retorno de 12,65%, bem maior do que os 12,42% da véspera, diferença de 23 pontos-base (0,23 ponto percentual). O piso, do Prefixado 2026, passou de 11,87%, de ontem, para 12,00% hoje.
Entre os títulos atrelados à inflação, o IPCA+2045 tinha valor de 6,15%, superior aos 6,12% da sessão anterior.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (19):
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Arcabouço fiscal
O projeto de lei complementar que trata do arcabouço fiscal, encaminhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Congresso Nacional na última terça-feira (18), trouxe os detalhes aguardados por agentes econômicos sobre a regra que deverá substituir o teto de gastos.
O novo marco fiscal precisa passar pela deliberação de deputados e senadores, com necessidade de apoio de maioria absoluta nas duas casas legislativas, para entrar em vigor e pode ser modificado pelos parlamentares ao longo da tramitação.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quer dar celeridade à análise da proposta e fala em aprová-la em plenário dentro de 15 dias. No Senado Federal, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também tem demonstrado boa vontade com a proposição..
O texto do arcabouço fiscal foi recebido de forma mista por agentes de mercado na véspera. O texto continua bastante focado nas receitas, que não ficam dentro do controle do governo. E com relação aos gastos, para alguns analistas, a proposta não parece enfática com o compromisso fiscal.
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Para a Levante, o pacote de aumento de receitas – o quanto será, de fato, arrecadado pelo governo visando o objetivo de resultado primário para 2023 – e o avanço da reforma tributária passam a determinar as discussões no mercado. A casa de análise prevê aprovação do novo marco fiscal ainda no primeiro semestre, concluindo sua tramitação em ambas as Casas e indo à sanção presidencial, sem grandes dificuldades.
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Relatório da Órama indica que “primeiramente, é preciso compreender queseria improvável que um governo de viés mais à esquerda propusesse uma nova regra fiscal consubstanciada em corte de despesas. É consensual que a proposta é fundamentada em aumento de arrecadação.” Além disso, o texto detalha que, pelo lado das despesas, o que foi proposto é um crescimento condicionado ao resultado primário e em um ritmo menor que o aumento das receitas líquidas, “isto é, descontada de dividendos, concessões, royalties e transferências legais e constitucionais por repartição de receitas primárias.”
Caso as metas de resultado primário, estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sejam alcançadas, diz a Órama, o governo pode aumentar em 70%, de forma real, as despesas. “Na hipótese de o governo não entregar um resultado primário dentro das bandas de 0,25 ponto percentual para cima ou para baixo, haverá uma penalização e as despesas só poderão aumentar 50% da receita.
É importante mencionar também que há um crescimento real mínimo de 0,6% e máximo de 2,5% para as despesas de forma que, se, excepcionalmente, as receitas explodirem, os gastos não vão poder ter um aumento tão expressivo.”
Inflação
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta quarta-feira, 19, que o índice geral de inflação no Brasil tem diminuído e deve alcançar o piso em junho, voltando a acelerar depois, terminando o ano em torno de 6,0%. Mas ressaltou que os núcleos de inflação seguem resilientes, indicando que o BC precisa persistir na estratégia de política monetária. “Trabalho não está feito ainda em inflação e precisamos ser persistentes.”
As declarações do presidente do BC foram feitas em reunião com investidores em Londres, organizada pelo European Economics & Financial Centre (EEFC).
Campos Neto considerou que as projeções de inflação para os próximos anos estão melhores do que para 2023, mas ainda estão longe das metas.
Livro bege
A atividade econômica dos EUA teve poucas alterações nas últimas semanas, mostra Livro Bege, do Fed. As expectativas de crescimento futuro também permaneceram praticamente inalteradas; no entanto, dois distritos viram as perspectivas se deteriorarem.
“Contatos esperam mais alívio nas pressões de custos de insumos, mas anteciparam mudanças de preços com mais frequência em comparação com os anos anteriores.”
A última leitura do Fed sobre o estado da economia fornece uma retrato das condições de empresas, instituições financeiras e do mercado de trabalho após a falência de dois grandes bancos regionais dos EUA em meados de março, que abalou a confiança no setor financeiro norte-americano e levou a uma resposta de emergência de reguladores para conter os efeitos colaterais.
Investimentos
O governo fará anúncio de medidas para fomento dos investimentos, diz secretário do Tesouro, Rogério Ceron. Segundo ele, o foco será em parceria público-privadas (PPPs) de Estados e municípios, com garantias federais. “Os investidores estrangeiros se interessam pelas PPPs do governo federal, mas não buscam os entes. Por isso, o Tesouro vai oferecer garantias nessas PPPs, mudando completamente o patamar de atratividade”, afirmou, em entrevista à GloboNews. Ceron diz que o objetivo é fomentar PPPs em rodovias, mobilidade, educação, saúde, parques urbanos, parques de conservação, equipamentos culturais e projetos do sistema prisional. (Estadão Conteúdo)
Produção industrial
A produção industrial brasileira recuou 0,2% em fevereiro, após registrar queda de 0,3% em janeiro, informou nesta quarta-feira (19) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ante fevereiro de 2022, na série sem ajuste sazonal, a indústria caiu 2,4%. É o terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando queda de 0,6% no período.
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O consenso Refinitiv esperava uma queda de 0,1% em fevereiro ante janeiro e uma retração de 1,9% sobre fevereiro de 2022. O resultado para o bimestre de janeiro-fevereiro de 2023 é de -1,1% enquanto o acumulado nos últimos 12 meses é de -0,2%.
Calote
Depois das fortes preocupações provocadas pela crise envolvendo alguns bancos americanos no mês passado, como o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank nos Estados Unidos, o lendário gestor da Oaktree Capital, Howard Marks, alertou que o mercado imobiliário comercial americano (CRE) pode ter que lidar com uma onda de calotes, especialmente envolvendo hipotecas de lajes comerciais. Segundo ele, esse é um dos maiores medos dos bancos americanos atualmente.
Em carta enviada a investidores, o executivo destacou que cerca de 40% dos empréstimos envolvendo o mercado imobiliário comercial dos Estados Unidos vão precisar ser renovados até o fim de ano de 2025.
Embora as taxas cobradas sejam fixas, Marks afirmou que é bem provável que os juros estejam mais elevados, diante do aperto monetário iniciado pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) desde o ano passado.