Tesouro Direto: juros dos títulos recuam com Fed e PIB abaixo do esperado nos EUA

Tesouro Direto: juros dos títulos recuam com Fed e PIB abaixo do esperado nos EUA

julho 28, 2022 Off Por JJ

Após o rali nos mercados de risco e o recuo nos juros futuros registrado na véspera (27), as taxas oferecidas pelos títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentam queda na manhã desta quinta-feira (28).

As atenções estão voltadas para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que recuou 0,9% no segundo trimestre em termos anualizados, segundo a primeira estimativa do Bureau of Economic Analysis (BEA), divulgada hoje.

Os dados apresentados indicam que a economia americana entrou em recessão técnica – quando há dois trimestres consecutivos de queda. No primeiro trimestre deste ano, o PIB do país recuou 1,6% em termos anualizados.

Após a divulgação do número, os rendimentos oferecidos pelos títulos do Tesouro americano (treasuries) recuavam na maior parte dos vencimentos.

Na leitura de alguns agentes financeiros, isso pode levar o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a adotar uma postura menos agressiva sobre os juros nas próximas reuniões.

Na véspera (27), Jerome Powell, presidente do Fed, abandonou a orientação sobre o próximo aumento dos juros e reconheceu que “em algum momento” será apropriado desacelerar o ritmo de aumentos. Na leitura de alguns agentes financeiros, a autoridade monetária foi vista como mais dovish (menos inclinada a um aperto monetário) na reunião.

O mercado local também repercute a desaceleração de mais um dado de inflação. Hoje, foi apresentado o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que avançou 0,21% em julho na comparação mensal. No mês anterior, a alta tinha sido de 0,59%. O percentual também ficou abaixo do esperado pelo mercado.

No Tesouro Direto, o retorno real oferecido pelo papel atrelado à inflação com vencimento em 2026 voltou a se distanciar dos juros reais entregues por papéis de prazo mais longo.

Às 9h20, a remuneração real oferecida pelo Tesouro IPCA+2026 era de 6,18%, abaixo dos 6,27% vistos um dia antes. No mesmo horário, papéis de vencimento maior, como o Tesouro IPCA+2055, com juros semestrais, registravam retorno real de 6,26%, inferior ao registrado na véspera, de 6,30%.

No começo da semana, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro IPCA+2026 chegou a se igualar ao retorno oferecido pelo Tesouro IPCA+2032.

Já entre os prefixados, o título com vencimento em 2033 oferecia retorno mais elevado, no valor de 13,33%, abaixo dos 13,44% vistos na véspera.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quinta-feira (28): 

Fonte: Tesouro Direto

PIB dos EUA

O destaque da cena internacional está nos números do PIB. O resultado divulgado hoje veio muito abaixo do consenso Refinitiv, que era de alta de 0,5%. No trimestre anterior, o resultado também havia decepcionado o mercado, que projetava uma alta de 1,1%.

Segundo o BEA, a queda menor no segundo trimestre “reflete principalmente um aumento nas exportações e uma redução menor nos gastos do governo federal”.

O órgão disse ainda que o recuo no PIB trimestral “refletiu quedas no investimento privado em estoque, no investimento fixo residencial, nos gastos do governo federal, nos gastos dos governos estaduais e municipais e no investimento fixo não residencial”.

Do lado positivo, as retrações foram parcialmente compensadas ​pelo crescimentos nas exportações e nas despesas de consumo pessoal (PCE). Já as importações, que são uma subtração no cálculo do PIB, aumentaram.

IGP-M

O dia é de agenda econômica cheia na cena local. Pela manhã, os investidores acompanharam a apresentação do IGP-M de julho. Já à tarde, o mercado repercute os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com projeção de criação de 250 mil vagas, segundo projeção Refinitiv.

Sobre o IGP-M, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que, com os resultados de hoje, o índice acumula alta de 8,39% e de 10,08% em 12 meses.

Na avaliação de André Braz, coordenador dos índices de preços, parte da desaceleração é reflexo da queda nos preços de commodities importantes, como minério de ferro, milho e soja. O recuo, diz, é reflexo dos riscos de um cenário macroeconômico pouco animador.

Já no âmbito do consumidor, a redução do ICMS sobre a energia elétrica e a gasolina puxaram o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para o campo negativo, com queda de 0,28%. “Se não fosse a redução do ICMS, o IPC não teria registrado taxa negativa”, afirmou Braz.

Sistema eleitoral no foco

Já na cena política, o Manifesto em Defesa da Democracia criado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) já possui mais de 165 mil assinaturas. A carta reúne assinaturas de juristas e também conta com a adesão de banqueiros e empresários.

Ontem (27), o presidente Jair Bolsonaro ironizou o documento após repetidos ataques ao sistema de votação brasileiro.

Momentos antes, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse confiar no sistema eleitoral brasileiro.

As falas ocorreram durante a convenção nacional do PP, em que a legenda formalizou o apoio à reeleição do presidente da República.