Tesouro Direto: juros do Tesouro IPCA+ 2045 batem recorde após declarações de Lula e piora no exterior
janeiro 19, 2023Com os temores de recessão renovados após números de atividade menores do que o esperado nos Estados Unidos, a quinta-feira (19) inicia com aversão a risco em boa parte dos mercados.
Investidores estão à espera de mais dados econômicos nos EUA e de falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para entender os próximos passos da autoridade monetária americana.
Se o cenário internacional exige atenção, a cena política local reforça a cautela. Por aqui, as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuam a fazer preço. Nesta quarta-feira (18), o chefe do Executivo questionou a independência do Banco Central e também a necessidade de ter uma meta de inflação menor.
Na ocasião, Lula também defendeu a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, o que pode trazer uma renúncia significativa em termos de arrecadação e exigir novos malabarismos na gestão das contas públicas.
Por volta das 9h35, o dólar comercial era negociado com alta de 1,06%, a R$ 5,217. Os juros futuros, por sua vez, disparavam. Investidores também monitoram dados de emprego em novembro no Brasil.
No Tesouro Direto, os títulos públicos operam com alta de até 38 pontos-base (0,38 ponto percentual) nas taxas nesta manhã.
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Na primeira atualização do dia, os retornos reais oferecidos pelo Tesouro IPCA+ 2045 batiam recorde e chegavam a 6,48% ao ano. Esse é o maior percentual já registrado pelo título desde que ele passou a ser negociado, em fevereiro de 2017. O valor máximo que ele tinha entregue até então era de 6,47% ao ano. Na véspera, o mesmo papel oferecia uma remuneração real de 6,27%.
Já no caso dos prefixados, a maior elevação de juros era registrada pelo papel com vencimento em 2029, que via a taxa passar de 12,71%, na sessão anterior, para 13,09%, agora pela manhã.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na manhã desta quinta-feira (19):
Entrevista de Lula
Em entrevista à GloboNews, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a independência do Banco Central como uma “bobagem” e que a atual meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), atrapalha o crescimento da economia.
Durante a entrevista, o chefe do Executivo disse também duvidar que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seja “mais independente” do que foi Henrique Meirelles, que comandou o banco nos primeiros governos Lula.
Lula também afirmou ontem (18) que promoverá uma reforma tributária sobre o Imposto de Renda, que diminua a participação dos mais pobres e aumente a dos mais ricos nas contribuições.
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Em seu discurso, o presidente disse que irá brigar pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil – promessa feita durante a campanha eleitoral de 2022.
Lula também anunciou ontem a criação de um grupo de trabalho para discutir a construção de uma política permanente de valorização do salário mínimo.
Pelo texto, a equipe terá prazo de 45 dias, prorrogável por outros 45 dias, para formular a proposta. Participarão do processo os ministérios de Trabalho e Emprego; Fazenda; Planejamento e Orçamento; Previdência Social; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Secretaria-Geral da Presidência e Casa Civil.
Pnad
Já na cena econômica, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 8,1% no trimestre móvel encerrado em novembro, uma queda de 0,9 ponto ante os três meses anteriores. Em outubro, a taxa estava em 8,3%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e foram divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado ficou dentro do esperado pelo mercado, que previa uma taxa de desocupação exatamente de 8,1%, segundo o consenso Refinitiv.
O número de desempregados caiu para 8,7 milhões, o menor contingente desde o trimestre terminado em junho de 2015. São 953 mil pessoas a menos em busca de emprego no país (-9,8%).
A taxa de desocupação vem caindo de forma significativa há seis trimestres móveis consecutivos. De acordo com a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, a retração no trimestre encerrado em novembro é explicada pelo aumento de 0,7% na ocupação no período, que novamente atingiu o maior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Esse percentual equivale a um acréscimo de 680 mil pessoas no mercado de trabalho.