
Tesouro Direto: juros de prefixados voltam a avançar até 12,03% às vésperas da decisão do Fed e do Copom
setembro 20, 2022Investidores acompanham nova rodada de alta nos rendimentos de alguns títulos americanos (Treasuries) nesta terça-feira (20). Por volta das 9h50 (horário de Brasília), o juro oferecido pelo título de dois anos se aproximava dos 3,9601%, valor que está acima dos 3,9460% vistos na véspera (19).
Verifica-se subida mais expressiva também nos vencimentos mais longos, caso do título de dez anos, que oferecia uma taxa de 3,559%, no mesmo horário, contra 3,489% na sessão anterior.
A terça-feira também é marcada pelo primeiro dia de reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central brasileiro.
A maior parte dos agentes espera que o Fed eleve os juros em 0,75 ponto percentual para a faixa entre 3% e 3,25% ao ano na decisão de amanhã, enquanto a aposta majoritária segue na manutenção dos juros em 13,75% ao ano no Brasil. Os dados são da CME Group e da B3, respectivamente.
Destaque também para a inflação ao produtor na Alemanha que chegou a 45,8% em agosto na comparação anual e bateu recorde.
Já no noticiário doméstico, investidores repercutem pesquisas eleitorais, que mostraram leve oscilação positiva do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial. Atenção também para o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) na abertura da 77ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Depois de recuar na véspera (19) impulsionado por perspectivas de que o governo do candidato petista poderia ser mais pragmático na economia, o mercado de títulos públicos voltou a registrar alta nas taxas nesta manhã. Por volta das 9h20 desta terça-feira (20), os juros oferecidos por papéis prefixados chegavam a 12,03% ao ano, caso do Tesouro Prefixado 2025.
Na véspera, esse mesmo título oferecia 11,97% ao ano. Chama a atenção que o percentual oferecido pelo título de prazo mais curto era levemente maior do que o valor entregue pelo Tesouro Prefixado 2033, que era de 12,01% ao ano, no mesmo horário.
Esse movimento costuma contraintuitivo, já que papéis de prazo mais longo costumam ser mais sensíveis a oscilações do mercado e por isso, tendem a entregar retornos maiores do que títulos de vencimento mais curto.
Entre os papéis atrelados à inflação, o maior juro real era oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2055, no valor de 5,88% ao ano, acima dos 5,85% ao ano vistos na véspera.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta terça-feira (20):

Alemanha e commodities
O destaque da cena externa está em novos dados de inflação vindos da Alemanha. Segundo a Destatis, agência de estatísticas do país, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) saltou 45,8% em agosto ante igual mês de 2021.
O resultado ficou bem acima do esperado por analistas entrevistados pelo Wall Street Journal, que projetavam alta de 37,9%. Foi o maior avanço em uma comparação anual já registrado pela série histórica.
A taxa anual do PPI acelerou em relação aos 37,2% em julho. Em comparação ao mês anterior, o índice subiu 7,9% em agosto. Foi também o maior avanço de um mês para o outro já registrado na série histórica. Especialistas esperavam uma elevação de 1,6% na comparação mensal.
Enquanto isso, os preços do petróleo abriram o dia em leve alta, mesmo com a expectativa de que a política de aperto monetário mais dura feito pelo Fed reduza o crescimento da economia americana e ajude a fortalecer o dólar ante outras divisas.
Ações na Justiça e pesquisas eleitorais
Enquanto isso, na cena política, o risco fiscal calculado pelo governo federal para ações judiciais movidas contra a União chegou ao ponto mais crítico dos últimos dois anos, segundo o Valor Econômico.
Conforme mostrou hoje o jornal, o impacto aos cofres públicos é de R$ 2,6 trilhões, de acordo com balanço atualizado em agosto. Em relação à estimativa anterior, fechada em março, o aumento foi de 66%. O valor faz referência a processos que entraram no radar de preocupações do governo, ou que a chance de derrota na Justiça piorou nos últimos meses.
Também na seara política, a menos de duas semanas para as eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve a liderança na disputa pelo Palácio do Planalto. É o que mostrou pesquisa Ipec encomendada pela TV Globo, divulgada ontem.
Segundo o levantamento, feito entre 17 e 18 de setembro, Lula reuniu 47% das intenções de voto − oscilação positiva de 1 ponto percentual em relação à última pesquisa, feita em 9 de setembro. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, manteve os 31%.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) seguiu com 7% das intenções de voto, enquanto a senadora Simone Tebet (MDB) oscilou de 4% para 5% no mesmo período. A senadora Soraya Thronicke (União Brasil) se manteve com 1%.