Tesouro Direto: juros de prefixados recuam para até 12,90% ao ano, após recorde na véspera
junho 14, 2022
A sessão desta terça-feira (14) é marcada por uma pequena recuperação para alguns ativos de risco, depois da forte queda vista na véspera. O radar dos investidores, no entanto, segue atento à possibilidade de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, surpreenda e realize uma alta de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual) na reunião desta quarta-feira (15).
Segundo o CME Group, o mercado precifica agora que há mais de 90% de chance de que o Fed faça isso. As desconfianças giram em torno de indicadores divulgados nos últimos dias, que mostraram um salto maior do que o previsto para o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em maio.
O mercado monitora ainda a divulgação do índice de preços ao produtor de maio (PPI, na sigla em inglês) nesta terça-feira.
Agentes financeiros também acompanham a apresentação dos números de serviços de abril no Brasil, que decepcionaram ao vir abaixo do previsto pelo mercado.
A aprovação pelo Senado, na noite de segunda-feira, do projeto de lei que limita em 17% a alíquota do ICMS sobre combustíveis, telecomunicações, energia elétrica e transportes coletivos também é destaque na cena local.
No Tesouro Direto, a maior parte das taxas oferecidas pelos títulos públicos opera em queda na manhã desta terça-feira (14).
Entre os papéis prefixados, os títulos com vencimentos em 2029 e 2033 ofereciam a mesma taxa de 12,90% ao ano às 9h20 de hoje. O percentual está abaixo dos 12,89% e dos 12,93% ao ano, respectivamente, registrados na véspera.
Os títulos atrelados à inflação, por sua vez, entregavam um retorno real de até 5,82% ao ano, inferior aos 5,86% vistos na sessão anterior. O papel que oferecia essa taxa real era o Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento de juros semestrais.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta terça-feira (14):
EUA, commodities
Na cena econômica, investidores acompanham a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,8% em maio na comparação com abril, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta terça-feira (14) pelo Departamento do Trabalho americano.
Nos 12 meses encerrados em maio, o PPI subiu 10,8%. Os dados vieram em linha com as expectativas do mercado, já que o consenso Refinitiv projetava uma alta mensal de 0,8% e anual de 10,9%.
No início desta terça-feira, os índices futuros dos Estados Unidos subiam. Apesar da recuperação, Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, afirmou em seu blog que o movimento não caracteriza mudança de tendência e que é natural que haja reversão pontual e sem sustentação depois de dias muito ruins para as Bolsas.
Já na Ásia, a maioria dos mercados asiáticos fechou em baixa nesta terça-feira, com exceção da China, que se recuperou das perdas do pregão anterior. Os mercados chineses registraram maior volatilidade após regiões do país resgatarem restrições à mobilidade por conta da Covid-19.
Mesmo diante de potenciais novas restrições na China e de temores de recessão, os preços do petróleo sobem, porque o mercado continua enfrentando problemas com a oferta apertada. A crise política na Líbia e as restrições à Rússia seguem limitando maiores quedas nas cotações.
Volume de serviços
Na cena local, destaque para o volume de serviços, que cresceu 0,2% em abril na comparação com março, apontam dados com ajuste sazonal divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O indicador avança 9,4% na comparação anual, com abril de 2021. Já no ano, a alta é de 9,5% e de 12,8% nos últimos 12 meses.
Os dados vieram abaixo das estimativas do mercado, pois o consenso Refinitiv projetava um avanço mensal de 0,4% e anual de 10,4%.
O crescimento em abril foi puxado pela alta em apenas duas das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE: informação e comunicação (+0,7%) e serviços prestados às famílias (+1,9%). Foi o segundo resultado positivo seguidos de ambas, com ganhos acumulados de 2,5% e 5,2%, nessa ordem.
Em contrapartida, transportes (-1,7%), profissionais, administrativos e complementares (-0,6%) e outros serviços (-1,6%) retraíram no mês. Os dois primeiros setores interromperam uma sequência de cinco taxas positivas seguidas, enquanto o último eliminou o avanço de 1,4% de março.
Combustíveis
Na seara política, o plenário do Senado Federal aprovou, na noite de ontem, por 65 votos a favor e 12 contrários, o Projeto de Lei Complementar (PLP 18/2022) que estabelece um teto para a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte público.
O texto deve seguir para a Câmara dos Deputados para uma nova análise, já que foi modificado durante a discussão pelos senadores. Mas antes é necessária a deliberação sobre os destaques das bancadas no próprio plenário do Senado Federal.
Também na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ontem (13) que não haverá reajuste para servidores federais este ano, em função de novos gastos obrigatórios.
Mesmo sem aumentar os salários, será necessário realizar cortes em áreas essenciais, explicou. Em entrevista em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que trabalha para assegurar ainda neste ano um reajuste no auxílio-alimentação dos servidores, informa o Valor Econômico.
Para o ano que vem, Bolsonaro relatou que a intenção é garantir na lei orçamentária margem para reajuste de salários e reestruturação de carreiras.