Tesouro Direto: juros de prefixados de prazo mais longo chegam a 13,20% e alcançam nova marca histórica
julho 7, 2022
Investidores voltam a se posicionar em ativos de risco – ainda que de forma tímida – na manhã desta quinta-feira (7), depois de dias de forte aversão a risco diante de temores de uma recessão global.
Na leitura de alguns agentes financeiros, o quadro apresentado ontem (6) na ata do Federal Reserve (Fed), banco central americano, trouxe um posicionamento mais hawkish (inclinado ao aperto monetário), porém com um olhar “retrovisor”.
O motivo é que, desde a reunião do Fed em junho, houve recuo nos preços de commodities energéticas e agrícolas, o que poderia impactar o cenário para a inflação e consequentemente, para os juros.
Embora o documento do banco central americano não tenha citado preocupações com a recessão, os temores seguem nas mesas de negociações. O mercado agora aguarda a apresentação da criação de vagas (payroll) amanhã (8), já que a divulgação do relatório de emprego do setor privado (ADP) foi cancelada nesta quinta-feira para passar por reformulações.
No Brasil, agentes financeiros se mantêm atentos aos desdobramentos em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que deve ser votada hoje na Câmara e que possui forte impacto fiscal. Atenção também para os dados de inflação oficial de junho, que serão apresentados amanhã (8) e para a continuação do avanço do dólar frente ao real.
No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos passa por mais um dia de recorde, com alta nas taxas no início desta quinta-feira. Papéis atrelados à inflação oferecem juros reais de até 6,14%. Caso do Tesouro IPCA+2055, que entregava esse retorno na primeira atualização da manhã.
Tal percentual é o maior oferecido por esse título que passou a ser negociado em fevereiro de 2022. Retornos reais históricos também para o Tesouro IPCA+2032 e 2040, que apresentavam remunerações reais de 5,95% e de 6,04%, nessa ordem, às 9h20 de hoje. Valores acima dos 5,92% e 6,01% da véspera (6).
Entre os prefixados, chamava a atenção a taxa oferecida pelo papel com vencimento em 2033, com juros semestrais. Às 9h20, o percentual entregue era de 13,20%, maior valor já registrado por esse título que passou a ser negociado em fevereiro deste ano.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quinta-feira (7):
PEC dos Auxílios e LDO
Após pedido vista, a Câmara dos Deputados voltou se reunir nesta quinta-feira (7), para votar o texto da PEC dos auxílios.
Em entrevista coletiva, o relator da proposta, Danilo Forte (União-CE), descartou alterações no texto. Segundo o deputado, a ideia é acelerar a promulgação da proposta do Palácio do Planalto e, consequentemente, os pagamentos dos benefícios. Na prática, ao evitar modificar o texto já aprovado no Senado, o parlamentar acelera a tramitação.
Também na cena política, o Congresso Nacional deve se reunir amanhã (8) para votar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023. Ontem, os parlamentares já “limparam a pauta” e votaram todos os vetos presidenciais que impediam a aprovação de projetos orçamentários.
A LDO precisa ser votada até o dia 17 para que os parlamentares possam sair de recesso neste mês. Porém, eles decidiram antecipar a análise por causa das campanhas eleitorais.
Retorno das publicações do BC
Com o encerramento da greve dos servidores do Banco Central após cerca de três meses de paralisações, a autoridade monetária disse ontem (6) que irá retomar o calendário de publicação de indicadores atrasados.
Ao ser divulgado hoje pela manhã, o questionário feito antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, mostrou que a maior parcela dos economistas acredita que há mais chances de que a inflação seja maior em 2023. Ao mesmo tempo, boa parte dos agentes consultados disse que a alta de preços neste ano deve ser menor do que as projeções atuais.
No documento, 43% dos economistas acham que há risco de baixa em seus cenários para a inflação deste ano, contra 29% de risco de alta. Para 2023, o risco de baixa ficou em 5%, enquanto o de alta, ficou em 76%. Na visão de 27% dos analistas, os riscos devem permanecer equilibrados em 2022, já no ano que vem, o risco é de 19%.
Ainda hoje, serão apresentados o Relatório de Poupança de maio e junho, às 15h, seguido, às 16h30, pela atualização parcial dos Indicadores Selecionados, mas sem o fluxo cambial ou o resultado das operações cambiais da autoridade monetária.
Serão divulgados, contudo, o Indicador de Commodities do BC (IC-Br), de abril a junho, e o Indicador de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), de março e abril.
Já amanhã (8), haverá a atualização do Boletim Focus, às 8h30, com os relatórios semanais de 6 de maio a 1º de julho (9 arquivos). Na sequência, às 9h, o BC vai divulgar a distribuição de frequências referente a maio e junho. Já 12h, será a vez do Top 5 de junho (Curto Prazo IPCA e Selic), 2º trimestre (Médio Prazo IPCA, Cesta e Administrados, Câmbio) e ranking acumulado de 12 meses iniciado em maio de 2021 (IPCA).
Já, na segunda-feira (11), o órgão vai voltar a publicar normalmente o Boletim Focus, às 8h30, com a atualização da série toda das expectativas de mercado às 9h.
Commodities, renúncia de Boris Johnson e ata do BCE
Enquanto isso, na seara externa, as cotações do petróleo viraram para alta após registrarem perdas mais cedo nesta quinta-feira, com temores de uma potencial recessão global estimulando preocupações sobre a demanda por petróleo.
Outro destaque da cena internacional está no anúncio de que Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, deixará o cargo, depois de ser abandonado por ministros e pela maioria de seus parlamentares conservadores diante de uma série de escândalos.
“O processo de escolha do novo líder deve começar agora”, disse Johnson à porta do número 10 da Downing Street. “E hoje eu nomeei um gabinete, como farei, até que um novo líder esteja no cargo.”
Ele permanecerá na função de forma interina enquanto o Partido Conservador escolhe seu sucessor. Johson ainda informou que as nomeações feitas nas últimas 24 horas vão ajudar a fazer esse processo de transição.
Também na agenda econômica, investidores acompanham a divulgação da ata do Banco Central Europeu (BCE). No documento, os dirigentes avaliaram que um aumento inicial mais agressivo de seus juros básicos poderá desencadear uma reação excessiva nos mercados de juros, diante das atuais projeções macroeconômicas e elevado grau de incertezas. O documento é referente ao encontro de 9 de junho.
Na reunião do mês passado, o BCE já tinha revelado planos de elevar seus juros em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) na reunião do próximo dia 21, mas há especulação sobre um aumento maior, possivelmente de 50 pontos-base, à medida que a inflação na zona do euro renova sucessivos recordes em meio aos efeitos da guerra na Ucrânia.