Tesouro Direto: em semana de Copom, retorno de prefixados permanece abaixo de 13% pela 2ª sessão seguida

Tesouro Direto: em semana de Copom, retorno de prefixados permanece abaixo de 13% pela 2ª sessão seguida

agosto 1, 2022 Off Por JJ

Em semana de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, o mercado acompanha nova rodada de revisões para cima nas projeções para a inflação do ano que vem apresentadas nesta segunda-feira (1).

Pela 17ª semana seguida, a mediana das estimativas de economistas consultados pelo Banco Central apontou que a inflação deve terminar 2023 em 5,33%, acima dos 5,30% previstos na semana passada. Os números foram apresentados hoje no Relatório Focus, do BC.

Na esteira de pressões inflacionárias maiores no ano que vem, economistas também recalibraram o ponto médio das projeções para a Selic de 2023, que passou de 10,75% para 11,00% nesta semana.

Para este ano, no entanto, não houve alteração nas projeções para a Selic, que seguem em 13,75%. Segundo os contratos de opções de Copom negociados na B3, há quase 88% de chance de que o BC eleve os juros em 0,50 ponto percentual para 13,75% ao ano na reunião desta quarta-feira (3).

Após uma semana de alta nos preços do petróleo, agentes financeiros acompanham o recuo nos preços dos contratos de petróleo, de mais de 2,5%, no começo da manhã. Às 9h50 (horário de Brasília), o dólar também caía 0,47%, negociado a R$ 5,1498, no mercado à vista.

Já nos Estados Unidos, investidores aguardam o relatório oficial de emprego (payroll), que será divulgado na próxima sexta-feira (5). O objetivo é entender se o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve seguir ou não o ritmo mais elevado de aperto monetário, após dados acima do esperado para o índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) na sexta-feira (29).

No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos opera com queda nas taxas, na maior parte dos vencimentos, na manhã desta segunda-feira (1).

É a segunda sessão seguida em que os todos os papéis prefixados disponíveis para compra oferecem retornos abaixo de 13% ao ano.

Na primeira atualização da manhã, o piso oferecido pelos prefixados chegava a 12,75% ao ano, caso do Tesouro Prefixado 2025. Na sessão anterior, o juro entregue por esse título era de 12,76%.

Já entre os papéis atrelados à inflação, a remuneração real oferecida pelo Tesouro IPCA +2026 era de 5,89%, abaixo dos 5,93% vistos na última sessão (29). Já o maior retorno real era oferecido pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 6,24%, mesmo percentual registrado na sexta-feira.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (1): 

Fonte: Tesouro Direto

Relatório Focus

Embora tenha mostrado piora nas projeções para a inflação e para a Selic em 2023, o Relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central trouxe, mais uma vez, melhora nas expectativas para a alta de preços neste ano.

A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 caiu de 7,30% na semana passada para 7,15% agora.

O movimento duplo é efeito de medidas aprovadas no Congresso Nacional, com apoio do governo federal, para baixar os preços dos combustíveis e da conta de luz a poucos meses da eleição.

Como os estímulos devem ocorrer até o fim deste ano, o corte nas projeções tende a ser revertido no IPCA do ano que vem. Não é à toa que as estimativas para o ano que vem estão subindo semana após semana.

Ajustes também nas projeções para a expansão da economia brasileira. A previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano subiu de 1,93% para 1,97%. Já a do próximo ano caiu de 0,49% para 0,40%.

A estimativa para o câmbio, por sua vez, não se alterou (US$ 1 = R$ 5,20 no fim deste ano e do próximo).

IPI, perdas com ICMS e caixa de 2023

Já na cena política, investidores repercutem a redução de 35% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre produtos não fabricados na Zona Franca de Manaus.

O texto foi publicado na última sexta-feira (29), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). O documento ainda traz redução adicional do IPI incidente sobre automóveis, de 18% para 24,75%.

Atenção também para a informação de que São Paulo e Piauí conseguiram ontem (31) liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite a compensação imediata das perdas do ICMS com a redução das alíquotas de combustíveis, energia elétrica e comunicações por meio do abatimento do pagamento das prestações das dívidas com a União.

Maranhão e Alagoas já tinham obtido decisões semelhantes. O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz) espera um efeito cascata com outros governadores conseguindo os mesmos resultados.

Após a aprovação de um pacote de medidas com foco em reduzir combustíveis, energia e outros itens essenciais, o próximo presidente da República deverá iniciar os trabalhos no ano que vem com o caixa do governo mais vazio em pelo menos R$ 178,2 bilhões.

Parte da fatura já apareceu nas contas do Tesouro Nacional, informa o jornal O Estado de S.Paulo. Segundo o veículo, a perda de recursos pode subir para R$ 281,4 bilhões, com a redução do caixa dos governadores e dos prefeitos com a desoneração permanente do ICMS dos combustíveis, energia, transporte e comunicações e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Com a inclusão de um possível reajuste no salário dos servidores federais, o valor pode chegar até R$ 306,4 bilhões, calcula o jornal.

China

Na cena internacional, agentes financeiros repercutem declaração de Yi Huiman, presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China, de que o órgão regulador tornará prioridade as operações estáveis do mercado.

“Devemos sempre aderir à mentalidade do resultado final e impedir resolutamente que ‘falhas de mercado’ causem flutuações anormais”, disse Huiman.

Ao mesmo tempo, para estimular o consumo, a China estenderá uma isenção de imposto sobre compras de veículos de energias renováveis, na esteira de um corte no imposto de compra de carros, impulsionando os setores de automóveis.

Destaque também para indicadores vindos da China. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês caiu de 51,7 em junho para 50,4 em julho, segundo pesquisa divulgada pela S&P Global em parceria com a Caixin Media.

O resultado acima da barreira de 50 mostra que o setor manufatureiro chinês continuou se expandindo no mês passado, ainda que em ritmo mais fraco.

Já a produção industrial oficial da China, medida pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), fechou julho em 49, marcando queda em relação aos 50,2 da leitura do índice em junho.

Com o resultado, o índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) ficou abaixo de 50, o que significa contração da atividade no setor.

Além disso, ficou aquém da previsão mediana de 50,3 feita pelos economistas consultados em pesquisa do The Wall Street Journal.