Tesouro Direto: em semana de Copom, prefixados avançam até 12,25%

Tesouro Direto: em semana de Copom, prefixados avançam até 12,25%

maio 2, 2022 Off Por JJ

À espera da decisão de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, que será apresentada na próxima quarta-feira (4), investidores monitoram a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) nesta segunda-feira (2).

De acordo com a autoridade monetária, o indicador avançou 0,34% em fevereiro na comparação mensal, abaixo da projeção Refinitiv de alta de 0,5%.

Destaque ainda para os números do Relatório Focus, do Banco Central. Mais uma vez, houve piora nas projeções de alta da inflação neste ano e no próximo. Também houve mudanças nas estimativas de avanço da Selic em 2023.

Na cena internacional, os mercados asiáticos caíram com os dados divulgados no fim de semana mostrando que a atividade das fábricas chinesas contraiu em abril.

Atenção também para a União Europeia. A expectativa é que os líderes do bloco trabalhem em um embargo contra o petróleo russo nesta semana.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam em alta, em sua maioria, na manhã desta segunda-feira (2). No caso dos prefixados, o maior avanço é registrado pelo Tesouro Prefixado 2025, em que o retorno entregue pelo papel era de 12,19%, às 9h20 de hoje, frente aos 12,13% da sessão anterior.

No mesmo horário, a maior taxa entre os prefixados era paga pelo papel com vencimento em 2033. O juro em questão era de 12,25%, levemente acima dos 12,23% registrados na sexta-feira.

As remunerações de papéis atrelados à inflação também subiam, às 9h20 de hoje. Destaque para o Tesouro IPCA+2026 em que retorno oferecido era de 5,43%, contra 5,36% vistos na tarde de sexta-feira.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta segunda-feira (2): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Relatório Focus e IBC-Br

O destaque da semana está na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que termina na próxima quarta-feira (4). O consenso de mercado aponta que o colegiado deve elevar os juros em 1 ponto percentual para 12,75% ao ano, como vem sendo ventilado há um certo tempo pelos próprios dirigentes da autoridade monetária.

O foco, no entanto, estará nos próximos passos. Em entrevista ao InfoMoney na semana passada, Tony Volpon, estrategista-chefe da WHG, e ex-diretor da autoridade monetária reforçou que o BC pode ficar a “reboque dos fatos” ou “pagar para ver” no próximo Copom. Leia a entrevista aqui.

Segundo ele, o Banco Central vem sofrendo forte pressão, em parte pelo mercado, em parte pelos dados que não estão ajudando. Em sua visão, se o BC for guiado pelo mercado e pelos fatos de curto prazo, o petróleo voltar a subir e a expectativa do Relatório Focus subir, ele pode ir adicionando juros até o momento em que ele acreditar que já fez o suficiente, ou pode “esperar para ver”.

Números de atividade econômica também chamam a atenção nesta segunda-feira com a divulgação do IBC-Br. O resultado ficou novamente abaixo do esperado pelo mercado pelo segundo mês consecutivo. Em janeiro, o IBC-Br recuou 0,99% e também frustrou as expectativas do mercado.

Na comparação anual, o IBC-Br subiu 0,66%, e no acumulado em 12 meses, a alta foi de 4,82%, segundo os dados do BC.

Atenção também para os números do Relatório Focus. O mercado agora espera que a inflação oficial encerre este ano em 7,89%, acima dos 7,65% da semana passada. Mudanças também nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023, que passaram de alta de 4,00% para 4,10%.

A expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) também subiu de 0,65% para 0,70% neste ano. Já no ano que vem, a projeção se manteve em 1,00% – mesmo valor visto na semana passada.

Por outro lado, as estimativas para a Selic e para o dólar neste ano foram mantidas em 13,25% e R$ 5,00, respectivamente. Já para o ano que vem, mais mudanças: agora, os economistas esperam que a taxa básica de juros encerre 2023 em 9,25%, frente aos 9,00% da semana anterior.

O dólar, por sua vez, pode terminar o ano que vem em R$ 5,04, valor ligeiramente acima da previsão anterior de R$ 5,00.

Greve do BC e atos de domingo

Também na cena local, os servidores do Banco Central decidiram retomar a greve por tempo indeterminado a partir de amanhã (3), após suspensão de 20 de abril a 2 de maio em uma tentativa de avançar nas negociações com a diretoria da autarquia e com o governo.

Atenção também para os protestos de domingo. Manifestantes participaram de atos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT).

As manifestações feitas por grupos favoráveis ao presidente se focaram contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que alegou que sua prisão foi inconstitucional.

O parlamentar foi preso em fevereiro do ano passado depois de divulgar um vídeo em que fazia apologia ao AI-5, instrumento de repressão mais duro da ditadura militar, e defendia a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que é inconstitucional.

A manifestação em Brasília contou com a presença de Jair Bolsonaro. Para ministros do STF, confirmou-se a expectativa de que os atos convocados por bolsonaristas seriam esvaziados neste domingo, segundo informou a jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.

Fomc, Europa e China

Na cena externa, as atenções estão voltadas para a Super Quarta, em que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, deve elevar o juro em 0,5 ponto percentual, para a faixa entre 0,75% a 1%. A decisão está mais do que precificada, mas o futuro ainda é uma dúvida.

Investidores esperam pelo comunicado para saber se o Fed endurecerá ainda mais o aperto. Outra expectativa é para o ritmo da redução do balanço patrimonial, que deve ter início em poucas semanas.

Na Europa, os índices recuam com a perspectiva de novos gargalos na cadeia de produção, reflexo de nova onda de Covid-19 e lockdowns na China. Agora pela manhã, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da zona do euro caiu de 56,5 em março para 55,5 em abril, atingindo o menor patamar em 15 meses, segundo pesquisa final divulgada nesta segunda-feira (2) pela S&P Global.

A leitura definitiva, porém, ficou acima da estimativa preliminar de abril e também da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 55,3 em ambos os casos. Apesar da queda, o resultado acima da barreira de 50 mostra que a manufatura do bloco continuou se expandindo no mês passado, ainda que em ritmo mais fraco.

Já na China, o Índice de Gerentes de Compras da manufatura oficial de abril caiu para 47,4, no segundo mês consecutivo de contração, segundo apontaram os dados do Departamento Nacional de Estatísticas chinês no sábado.

Uma pesquisa privada também mostrou contração na atividade fabril chinesa, com o PMI de manufatura Caixin/Markit chegando a 46, caindo em relação à leitura do mês anterior de 48,1.