Taxas de títulos do Tesouro Direto têm alta na manhã desta quinta-feira
agosto 6, 2020SÃO PAULO – As taxas dos títulos públicos negociados via Tesouro Direto sobem na manhã desta quinta-feira (6), de olho no sentimento de maior aversão ao risco no exterior.
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, cortou, como amplamente esperado pelo mercado, a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 2,00% ao ano – nova mínima histórica.
No comunicado, o BC reforçou que “entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.
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Para Roberto Secemski, economista do Barclays, o BC deixou uma porta aberta para eventual redução nos juros em setembro e pareceu enfatizar que o motivo para cautela advém de questões prudenciais e de estabilidade financeira e não das projeções de inflação.
Já Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, diz que talvez o BC tenha terminado o ciclo de cortes da Selic, mas talvez não. A dúvida foi levantada pela maior preocupação da autoridade monetária com a atividade econômica e pelo fato de ela já sinalizar que vai olhar um horizonte mais longo de expectativas antes de aliviar o estímulo monetário.
Segundo Ramos, o mais provável é que não haja um novo corte da Selic na próxima reunião do Copom, em setembro. Ele acredita ser difícil uma redução adicional de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros por conta da crescente deterioração fiscal em 2020 e 2021, “e pela economia parecer estar respondendo bem ao estímulo geral de crédito fiscal-monetário já entregue”.
Levantamento da XP feito após a decisão do Copom com gestores, economistas e consultores financeiros mostrou que a maioria dos entrevistados não espera novos cortes na Selic neste ano e vê a taxa básica de juros voltando a subir entre o quarto trimestre de 2021 e o começo de 2022.
Mercado hoje
No Tesouro Direto, o título indexado à inflação com vencimento em 2026 pagava uma taxa anual de 2,11% nesta manhã, ante 2,05% a.a. na sessão anterior. Os papéis com prazos em 2035 e 2045, por sua vez, ofereciam um prêmio de 3,51% ao ano, frente 3,42% a.a. anteriormente.
Entre os títulos prefixados, o papel com prazo em 2026 pagava uma taxa anual de 5,99%, ante 5,96% a.a. ontem, enquanto o juro pago pelo Tesouro Prefixado com juros semestrais e vencimento em 2031 avançava de 6,70% para 6,77% ao ano.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta quinta-feira (6):
Cena externa
No ambiente internacional, o sentimento é de aversão ao risco na Europa, após o Banco da Inglaterra ter decidido pela estabilidade das taxas de juros, em 0,1% ao ano, e alertado para uma lenta recuperação da economia.
Segundo a autoridade monetária britânica, a atividade econômica do Reino Unido não deve voltar ao patamar pré-pandemia até o final de 2021.
Além disso, não houve alteração no programa de recompra de títulos, que é de 745 bilhões de libras (equivalente a US$ 981 bilhões).
Já nos Estados Unidos, os investidores monitoram os dados de pedidos por seguro-desemprego, que somaram 1,186 milhão na semana passada, segundo o Departamento de Trabalho do país.
O resultado veio abaixo do esperado pelos economistas consultados pela Bloomberg, de 1,4 milhão de requisições do benefício durante o período.
Por lá, a atenção segue voltada ainda para um acordo entre republicanos e democratas para a aprovação do novo pacote de estímulo à economia. A tensão entre China e Estados Unidos também permanece no radar dos mercados.
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