Taxa de contágio fica menor que 1,0 e pandemia no Brasil pode estar desacelerando, apontam cálculos do Imperial College

Taxa de contágio fica menor que 1,0 e pandemia no Brasil pode estar desacelerando, apontam cálculos do Imperial College

agosto 19, 2020 Off Por JJ

mask for prevention of respiratory diseases, with the American flag painted. US pandemic concept. North america corona virus, risk of epidemic.
(RHJ/Getty Images)

SÃO PAULO – De acordo com os dados apresentados pelo o centro de controle de epidemias do Imperial College, universidade britânica que monitora a taxa de contágio do coronavírus em diversos países, a transmissão do coronavírus no Brasil está desacelerando.

Segundo a universidade, a taxa de contágio brasileira, coeficiente que indica para quantas pessoas em média cada infectado transmite o vírus, foi calculada em 0,98 na semana que começou no domingo (16). Essa é a primeira vez desde abril que o resultado aponta para um número menor do que 1.

Quanto menor for a taxa de contágio, menor é a velocidade de contágio do vírus. Com a taxa em 0,98 no Brasil, o cenário é de desaceleração, já que isso significa que cada 100 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus contagiam outras 98, que por sua vez passam o patógeno para 96, configurando uma progressão decrescente.

A redução da taxa de contágio não significa que a situação brasileira seja de controle estabilizado de transmissão. O número aponta que o país pode estar no caminho certo para combater a doença. Porém, esse número pode voltar a subir.

Alguns países que conseguiram reduzir seus índices de contágio voltaram nesta semana a uma fase de aceleração. É o caso de Equador e Bolívia, que depois de passarem algumas semanas com a taxa de contágio menor que 1, registraram um aumento para 1,16 e 1,05, respectivamente.

Países da Europa, como França, Espanha e Rússia, também enfrentam alta na taxa de contágio, após passarem semanas com baixos índices de transmissão comunitária e flexibilizarem as medidas de isolamento social e distanciamento.

França e Espanha, que passaram pelo ápice da pandemia em meados de abril, podem vivenciar uma segunda onda de contágio, conforme a taxa de contágio desses países cresce.

Dos 68 países que foram acompanhados pelo Imperial College nesta última semana, apenas Brasil e Chile apresentaram uma taxa de transmissão abaixo de 1. A situação dos dois países, porém, é bem diferente.

Enquanto os chilenos chegam à sua oitava semana com contágio controlado, o Brasil deixa essa zona vermelha da epidemia depois de passar as últimas 16 semanas com uma taxa de transmissão maior que 1.

Segundo o levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, o Brasil contabiliza 110.037 mortes por coronavírus desde o início da pandemia. Foram 1.365 nas últimas 24h.

Sobre os infectados, o total de brasileiros que foram infectados pelo novo coronavírus chegou a 3.411.872, com 48.637 novas confirmações entre ontem e hoje.

Segundo o Imperial College, a taxa de transmissão de um país é calculada com base no número de mortes reportadas, já que esse dado tende a ser menos sujeito a subnotificações do que o de casos registrados.

Como há uma defasagem entre o momento do contágio e a morte, mudanças nas políticas de combate à epidemia levam em média duas semanas para se refletirem nos cálculos.

O relatório do Imperial College ainda ressalta que essa é a primeira vez, também desde o fim de abril, que o Brasil deixou o pódio das estimativas de mortes semanais, lugar esse que é ocupado hoje pela Índia.

Para essa semana que se iniciou no domingo, são esperadas 7.200 mortes no país asiático e 6.910 no Brasil, uma queda em relação às 7.400 da semana anterior.

Os EUA não entram no relatório de estimativa de mortes, pois o Imperial College calcula os dados americanos por estado, em um estudo à parte.

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