São Martinho (SMTO3) prevê aumento da produção em 2023/24, e foco maior em dividendos

São Martinho (SMTO3) prevê aumento da produção em 2023/24, e foco maior em dividendos

junho 21, 2023 Off Por JJ

As chuvas deste mês de junho têm sido um problema, mas são positivas as perspectivas da São Martinho (SMTO3) para a produção de cana, açúcar e etanol nesta safra 2023/24, que começou em abril na região Centro-Sul. O cenário traçado pela empresa, uma das maiores do segmento no país, também contempla preços firmes, embora com prêmios menores pelo biocombustível exportado, e um foco maior no pagamento de dividendos, tendo em vista os investimentos realizados no exercício 2022/23, encerrado em março.

Para a atual temporada, a companhia projeta que conseguirá processar 21,5 milhões de toneladas de cana, 7,4% mais que no ciclo passado. O açúcar total recuperável (ATR) deverá subir 1,3%, em média, e com isso a produção de açúcar tende a alcançar 1,38 milhão de toneladas e a de etanol, 944,9 mil metros cúbicos – aumentos de 14,4% e 5,1%, respectivamente. A depender do comportamento das chuvas nos próximos meses, as contas poderão melhorar.

Nesta terça-feira (20), em teleconferência com analistas sobre os resultados registrados no quarto trimestre do exercício 2022/23, Felipe Vicchiato, CFO e diretor de Relações com Investidores da São Martinho, afirmou que as chuvas prejudicaram a moagem de cana em usinas paulistas da empresa nas últimas semanas, e não descartou que os trabalhos avancem até dezembro caso as precipitações continuem mais elevadas que o normal no segundo semestre, em função do fenômeno El Niño.

Por enquanto, a previsão de incremento da disponibilidade de matéria-prima reflete as boas condições climáticas da última entressafra, entre outubro e abril, e também investimentos em tratos culturais realizados nas safras 2021/22 e 2022/23. Vicchiato também realçou que parte dos aportes programados para 2022/23 foi adiada para 2023/24, por causa de adversidades climáticas na fase de plantio.

Capex

Somando-se também alguns investimentos em projetos que ficaram de um exercício para o outro, o capex total projetado para 2023/24 chega a R$ 2,472 bilhões, 1,9% abaixo do total realizado em 2022/23 (R$ 2,518 bilhões). O capex de manutenção deverá subir 7,3% na comparação, para R$ 2 bilhões, os investimentos em melhoria operacional tendem a subir 22,8%, para R$ 157 milhões, e a projeção é de queda de 40,2% nos aportes em modernização e expansão, para R$ 314,5 milhões.

Essa queda do capex de modernização e expansão reflete o avanço de projetos que consumiram boa parte dos recursos destinados a essa frente em 2022/23, sobretudo a construção de uma planta de produção de etanol de milho em Quirinóplis (GO). A unidade começou a rodar em março, mas com atraso na moagem – em parte, por causa das chuvas. Dessa forma, deverão ser processadas na fábrica goiana cerca de 420 mil toneladas de milho em 2023/24, ante uma capacidade total de quase 500 mil toneladas.

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Colheita de cana da São Martinho: empresa deverá investir R$ 2,47 bilhões no ciclo 2023/24 (Divulgação)

Na conversa com analistas, Vicchiato também informou que a São Martinho não conseguiu capturar a recente queda dos preços do milho no mercado doméstico, por ter optado por iniciar as operações da nova unidade com armazéns cheios – em março, a saca de 60 quilos do cereal custava entre R$ 85 e R$ 90 na região de Quirinópolis, e atualmente está em cerca de R$ 60. Mas o executivo observou que as novas compras, que ganharão força com a colheita da safrinha, no início do segundo semestre, já sairão mais em conta e que o Ebit do etanol de milho deverá chegar a R$ 100 milhões em 2023/24.

Resultados em 2022/23

Em toda a safra 2022/23, o Ebit ajustado da São Martinha chegou a R$ 1,704 bilhão, 5,1% menos que em 2021/22. Na mesma comparação, o Ebitda ajustado da empresa cresceu 6,8%, para R$ 3,356 bilhões, a receita líquida aumentou 15,2%, para R$ 6,643 bilhões, e o lucro caixa caiu 15,5%, para R$ 1,291 bilhão. Os resultados vieram em linha com o que esperavam os analistas do Credit Suisse, por exemplo. A alavancagem da companhia subiu de 0,93 vez, no fim do exercício 2021/22, para 1,05 vez em março último.

Os resultados foram garantidos sobretudo pela alta das cotações do açúcar e dos prêmios de exportação do etanol, negócio que ganhou força com a perda de competitividade do hidratado no mercado doméstico a partir de julho do ano passado, em razão da redução da carga tributária sobre a gasolina. Tal redução já começou a ser revista pelo governo, o que torna a operação doméstica mais rentável em tempos de prêmios já mais baixos na exportação de etanol.

No caso do açúcar, a São Martinho espera cotações ainda firmes, dadas as previsões de aumento modesto que oferta brasileira e do aumento da mistura de etanol na gasolina na Índia, outro grande país exportador de açúcar e que usará mais cana para a produção do biocombustível. A empresa também espera redução de custos de insumos como fertilizantes, que está em curso, e diesel.

No exercício 2022/23, a receita líquida da São Martinho com as vendas totais de etanol chegou a R$ 2,991 bilhões, 15,6% mais que em 2021/22 e R$ 2,565 bilhões foram gerados no mercado interno. No caso do açúcar houve alta de 11,4% na receita total, para R$ 2,347 bilhões – as exportações representaram R$ 2,169 bilhões. Energia elétrica, levedura, negócios imobiliários e CBios completam a receita da companhia.

Dividendos

De acordo com Vicchiato, a São Martinho cumprirá a meta de pagar dividendos equivalentes a 41% do lucro caixa em 2022/23. Já foram distribuídos R$ 255 milhões, e outros R$ 255 milhões foram aprovados pelo conselho de administração e aguardam o sinal verde final de uma assembleia de acionistas. Para 2023/24, com a redução dos investimentos, o executivo disse que será maior o foco no pagamento de dividendos.

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