Rock in Rio faz 1ª edição ‘pandêmica’ com seguros para acidentes: como festejar, apesar da Covid?
maio 30, 2022Enquanto cantava “eu ainda sou uma estrela do rock”, refrão de “So What”, P!nk parecia ter incorporado o talento de Simone Biles pela infinidade de piruetas executadas — marca da ginasta compatriota da cantora pop e símbolo do esporte olímpico.
Mas P!nk não estava em um tablado. Os movimentos orquestrados ao som de seu grande sucesso eram repetidos sobre uma multidão e a muitos metros do chão.
Amarrada por cabos de aço, a pop star foi içada ao céu e fez de um tudo naquele novo palco ao relento: rodopiou, flanou e, sim, cantou — como se nada estivesse acontecendo.
A performance marcou a primeira apresentação da norte-americana no Brasil e ocorreu no principal palco do Rock in Rio, em 2019, ano em que a palavra pandemia não estava no vocabulário de ninguém; e aglomerar era verbo de ação tão natural em eventos desta magnitude.
Olhar no retrovisor e relembrar P!nk é fundamental: os riscos deste 2022 nem se comparam com as piruetas da artista que ensaiou aqueles “mortais” à exaustão.
E das muitas outras estripulias que estão por vir naquele mesmo palco daqui a exatos quatro meses sob a batuta de Iron Maiden, Guns N ’Roses, Coldplay e Dua Lipa, só para citar alguns.
A pandemia de Covid-19 não acabou, e o desafio é: como proteger quem faz um dos maiores espetáculos da terra (além dos artistas, os trabalhadores por trás das estruturas) e sua plateia em meio ao já conhecido coronavírus?
Parte da resposta a esta questão passa pelos seguros. Quem pisar na Cidade do Rock, em setembro, já terá automaticamente uma cobertura caso o imprevisto se materialize. Para imprevisto, leia-se: a-ci-den-te.
Recentemente, um festival de menor envergadura colocou em prática coberturas de seguros contra roubos e furtos de celulares aos frequentadores. A experiência ocorreu no MITA (Music is The Answer), realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro este mês, e transformou o evento no primeiro festival de música do mundo assegurado contra estas ocorrências.
O RiR não terá cobertura para celulares. E ocorrerá sob os reflexos da pandemia de Covid-19 — apesar da grande aglomeração esperada, os shows serão realizados ao ar livre, e o desempenho da vacinação no Brasil ajuda, com 77,2% da população com o ciclo de imunização completo contra o coronavírus, índice que deve aumentar até o início do megaevento.
É este índice vacinal que vem reinserindo o Brasil na rota dos grandes shows — já passaram por aqui Kiss, Metallica e o quarteto Greta Van Fleet — e dando respiro ao setor cujos profissionais sobreviveram de auxílios públicos e “bicos” quando os eventos foram proibidos na fase aguda da crise sanitária.
O seguro do RiR está sob a gestão da Prudential pela segunda edição consecutiva do evento — em 2019, caso P!nk sofresse algum sinistro (acidente, por exemplo), ela seria indenizada pela seguradora, que também é apoiadora do festival.
Os fãs de astros do pop e do rock internacional terão a cobertura garantida da entrada à saída de cada dia de festival, que começa em 2 de setembro e termina no dia 11 (serão 7 dias de evento).
Os artistas também estarão cobertos ao longo de suas apresentações; já os cerca de 600 trabalhadores responsáveis pela montagem das estruturas estão com o benefício em vigor desde abril, mês em que os trabalhos para erguer a Cidade do Rock começaram — eles continuarão com seguro até dois meses após o fim do festival, tempo necessário para a desmontagem dos palcos.
Dennys Rosini, diretor de Produtos da Prudential, é o responsável por estruturar a cobertura de seguros do festival. Com 21 anos de experiência neste mercado, o executivo diz que as linhas previstas são por morte acidental, invalidez por acidente e despesas médicas e hospitalares provocadas pelos sinistros.
Sem citar números, Rosini afirma que o pagamento de despesas médicas e hospitalares é a mais acionada no festival.
“Teremos um ambulatório médico para prestar um serviço gratuito a quem precisar, mas, se o caso for um pouco mais grave, o beneficiário será levado a um hospital, e o custo reembolsado por nós”, explica Rosini.
Também caberá à vítima de acidente juntar notas fiscais dos custos médicos e hospitalares para ser reembolsada pela seguradora. O executivo frisa que os acidentes envolvendo pessoas ao longo do festival terão de ser registrados oficialmente por meio de boletins de ocorrência da polícia.
“O próprio organizador fará isso até para apurar de quem é a responsabilidade”, diz. O executivo exemplifica: caiu algo na cabeça; um frequentador despencou de uma certa altura; algum brinquedo de aventura apresentou falha e causou ferimentos em que estava nele…
“Tudo isso é acidente e precisará ser indenizado”, afirma.
Capital segurado
O capital segurado para vítimas potenciais de acidente no RiR é maior entre artistas e trabalhadores do festival do que o previsto para o público em geral.
Rosini explica que esta diferenciação acontece pelo grau de exposição a acidentes dos astros e dos funcionários, que é maior se comparada a de quem vai apenas assistir aos shows.
Casos de morte por acidente e/ou invalidez receberão até R$ 50 mil de cobertura e até R$ 5 mil para despesas médicas. Os valores dobram para artistas e trabalhadores do festival. “Os funcionários lidam com equipamentos, caixas de som, andaime. Estão mais expostos por isso”, conta Rosini.
A montagem da apólice considera o número previsto de público, que deve girar em torno de 110 mil pessoas, e os riscos contidos no que a Prudential chama de “minieventos”, como o uso de brinquedos de entretenimento (montanha-russa e roda-gigante).
“Em 2019, tivemos uma pista de escalada. Há um risco envolvido nesse tipo de estrutura que é colocado no cálculo da apólice”, explica Rosini. “A segurança física é fundamental: qual é o risco de alguém armado furar o bloqueio da organização?”.
“O desafio é prestar um atendimento rápido diante dos riscos envolvidos para uma multidão”, completa o executivo. E para quem vai entreter tanta gente, a pergunta é: quem vai superar P!nk? A resposta só virá em setembro.
Vida Segura
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