Repercussão de resultados de Cielo, Localiza, RD e mais; Petrobras aprova alterar política de dividendos e outros destaques

Repercussão de resultados de Cielo, Localiza, RD e mais; Petrobras aprova alterar política de dividendos e outros destaques

outubro 28, 2020 Off Por JJ

SÃO PAULO – O noticiário corporativo tem como destaque a temporada de resultados, com repercussão dos números de Cielo, Localiza, Telefônica e Raia Drogasil, além dos dados operacionais do Carrefour. Petrobras, Vale e Bradesco divulgam resultados após o fechamento do mercado.

Ainda em destaque, a Petrobras aprovou a revisão da política de remuneração aos acionistas.

E o BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, tem intenção de votar contra os irmãos Wesley e joesley Batista em assembleia de acionistas nesta sexta. Em carta de intenção de voto, o BNDESPar afirmou que avalia que administradores estariam tomando ações para proteger os irmãos, e pede que eles sejam responsabilizados por ressarcir a empresa por crimes exposto em delação premiada.

Confira os destaques:

Mesmo tendo observado uma melhora no volume financeiro capturado no terceiro trimestre de 2020, a Cielo não conseguiu evitar que seu lucro líquido despencasse 71,6% no período, na comparação anual, para R$ 100,4 milhões.

Também em queda, o Ebitda da companhia (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sofreu uma retração de 33,7% na comparação anual, totalizando R$ 480 milhões. Frente ao trimestre anterior, o número mais que dobrou — teve uma alta de 103,4%.

O volume financeiro capturado pela Cielo recuperou o patamar anterior à pandemia de coronavírus no país, com aumento de 29,4% frente ao segundo trimestre deste ano, mas, ainda assim, tal recuperação não foi suficiente para neutralizar o impacto da Covid-19, fazendo com que o volume contra o terceiro trimestre de 2019 recuasse 3,6%, para R$ 165,3 bilhões.

“O montante pago de forma antecipada aos pequenos e médios varejistas representou em uma penetração recorde de 31,8% do volume de crédito. Este crescimento foi viabilizado pela estratégia de alocação de recursos para fomentar o pagamento antecipado de recebíveis de cartão de crédito para este segmento, anunciada em março de 2020”, destacou a Cielo em seu balanço.

O Credit Suisse avaliou que os resultados estão melhorando após um segundo trimestre fraco, mas manteve recomendação neutra da companhia (expectativa de valorização dentro da média do mercado).

O Bradesco BBI avaliou os resultados como melhor do que o esperado, e ajustou em 18% para cima a previsão de lucro Ebitda em 2020, para R$ 398 milhões. O banco manteve, no entanto, a recomendação como neutra, devido a incertezas quanto à estrutura de capital da empresa e pressões competitivas, mas elevando ligeiramente o preço-alvo de R$ 4,50 para R$ 5, o que configura um potencial de valorização de quase 30% em relação ao fechamento de R$ 3,86 da véspera.

Localiza (RENT3)

O balanço do terceiro trimestre divulgado pela Localiza nesta terça-feira (27) mostrou que o pior da crise para a empresa já ficou para trás. Com a retomada do nível de vendas de seminovos ao nível pré-pandemia, além da remoção dos descontos para alugueis de carros, a companhia viu seu lucro líquido crescer 59% no período, na comparação anual, para R$ 325,5 milhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 18,9% na mesma base de comparação, para R$ 648,1 milhões. O indicador foi ajudado pela gestão de frotas, segundo a companhia, que apresentou crescimento de 8,6% no volume de carros alugados do período, em relação ao terceiro trimestre de 2019.

“Na divisão de aluguel de carros, nos beneficiamos da diversificação de segmentos para uma retomada consistente, alcançando frota média alugada de cerca de 139 mil carros, 5,4% maior na comparação com terceiro trimestre de 2019. Em setembro alcançamos o nível de 152 mil carros alugados, próximo ao patamar de frota média alugada no primeiro trimestre de 2020”, disse a empresa.

A diária média, que havia sido bastante impactada no segundo trimestre por causa das restrições de mobilidade causadas pela pandemia de coronavírus, se recuperou gradualmente entre julho e setembro, atingindo uma média de R$ 66,80 — resultando em receita líquida do segmento aluguel de carros praticamente estável em comparação ao terceiro trimestre de 2019, de R$ 755,3 milhões, ante R$ 757,6 milhões um ano antes.

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Já a receita líquida consolidada da Localiza teve aumento de 18,8% na comparação anual, totalizando R$ 3,068 bilhões. A receita líquida do segmento seminovos subiu 29,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, devido à alta de 23,7% do volume de carros vendidos.

O Credit Suisse destacou que os resultados foram impulsionados pela venda de carros usados pela empresa a reforçar a avaliação de outperform (expectativa de valorização acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 74, frente os R$ 64,6 atuais. O Bradesco BBI também reforçou a recomendação de compra das ações, que também avalia como outperform, com preço alvo de R$ 70.

Além disso, a empresa anunciou que elevou o plano de recompra de debêntures para R$ 1,3 bilhão.

Telefônica (VIVT4)

A Telefônica Brasil, dona da Vivo, fechou o terceiro trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 1,212 bilhão, o que representa uma alta de 25,5% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com balanço publicado nesta terça-feira, 27. No acumulado do ano, o lucro chegou a R$ 3,478 bilhões, baixa de 6,7% ante o mesmo período do ano passado.

Em sua apresentação de resultados, a operadora de telecomunicações explicou que o avanço do lucro é decorrência da queda nas suas despesas com juros e com impostos. Também houve corte de custos nas operações por meio das iniciativas de digitalização do atendimento. Esses fatores compensaram a menor atividade comercial em meio à crise econômica provocava pela pandemia.

O Ebitda no trimestre foi de R$ 4,322 bilhões, recuo de 4,8%. A margem Ebitda no trimestre caiu 1,1 ponto porcentual, para 40%. E no acumulado do ano, o Ebitda totalizou R$ 12,932 bilhões, retração de 1,8%, com margem de 40,5%, alta de 0,5 ponto porcentual.

A companhia apresentou receita operacional líquida de R$ 10,792 bilhões no trimestre, queda de 2,3%, e R$ 31,934 bilhões no ano, encolhimento de 2,9%.

O resultado financeiro líquido foi uma despesa de apenas R$ 17 milhões, montante 94,6% menor na comparação anual. No ano, chegou a R$ 286 milhões, baixa de 55,1%.

Raia Drogasil (RADL3)

A RD teve lucro líquido de R$ 174,7 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 19,5% em relação ao mesmo período anterior, de acordo com dados divulgados pela rede de varejo farmacêutico na noite de terça-feira. Em termos ajustados, o lucro cresceu 13,4%, para 172,9 milhões de reais no período.

A receita bruta consolidada alcançou R$ 5,4 bilhões, um incremento de 12,8% ante o terceiro trimestre do ano passado, com o segmento OTC (produtos de saúde que não exigem prescrição médica) sendo o destaque, com crescimento de 17,3%. A margem bruta passou de 27,7% para 27,8%.

“Conforme as medidas de distanciamento social implementadas para combater a pandemia do Covid-19 foram afrouxando ao longo do trimestre, obtivemos melhoras consideráveis nas receitas… Nosso crescimento em mesmas lojas alcançou 6,7%, enquanto lojas maduras cresceram 1,4%”, observou.

De acordo com os dados divulgados na véspera, os canais digitais representaram 7,1% das vendas do varejo, em linha com o segundo trimestre, “apesar da progressiva normalização do tráfego de clientes em nossas lojas”.

O resultado medido pelo Ebitda ajustado aumentou em 10,5%, para R$ 397,2 milhões, com margem de 7,4%, ligeira queda em relação aos 7,5% um ano antes.

A companhia chamou a atenção para um ganho inflacionário sobre os estoques no trimestre, em função do adiamento do aumento de preços de março para maio.

Mas ponderou que esse ganho foi parcialmente compensado em função do ajuste a valor presente (AVP), um efeito não-caixa, resultado de um ciclo de caixa excepcionalmente maior e da taxa de juros mais baixa, bem como maior investimento em promocionalização e aumento transitório nas perdas de inventário, sobretudo no tocante ao vencimento dos estoques de álcool líquido com validade curta comprados no pico da pandemia.

O ciclo de caixa no terceiro trimestre foi 8,9 dias maior quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Os estoques aumentaram em 2,8 dias, enquanto recebíveis aumentaram 1,8 dia.

A rede registrou um fluxo de caixa livre positivo de R$ 351,8 milhões e uma geração total de caixa de R$ 331,3 milhões no terceiro trimestre.

Dos R$ 184,4 milhões investidos no trimestre, R$ 87,3 milhões foram destinados a abertura de novas lojas, R$ 37,6 milhões foram para a reforma e ampliação de lojas existentes e R$ 59,5 milhões foram para infraestrutura.

A RD inaugurou 64 lojas entre julho e setembro, 12 a mais do que no mesmo período de 2019, com 3 fechamentos, terminando o trimestre com um total de 2.223 estabelecimentos. “Com isso, totalizamos 158 aberturas brutas em 2020 e reiteramos nosso guidance de 240 para o ano”, afirmou a companhia, também lembrando do novo guidance de 240 aberturas brutas por ano para 2021 e para 2022.

Carrefour Brasil (CRFB3)

As vendas totais do Carrefour Brasil tiveram alta de 27,3% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2019. Incluindo a venda de gasolina, o grupo vendeu R$ 19,276 bilhões. Já o crescimento LfL (que considera as vendas de mesmas lojas sem gasolina) foi de 26%, um recorde para a série histórica do grupo.

O Atacadão registrou R$ 13,545 bilhões em vendas, uma alta de 31,3%. Enquanto isso, o varejo do Carrefour sem gasolina somou R$ 5,213 bilhões. A explicação do grupo para o número elevado de crescimento do Atacadão é de que as decisões estratégicas tomadas para melhorar a competitividade da bandeira criaram uma dinâmica comercial positiva. “Ao mesmo tempo em que tivemos o retorno do crescimento das vendas para clientes B2B devido à redução das restrições de circulação no Brasil e reabertura de bares e restaurantes”, diz o grupo na prévia de vendaS publicada há pouco.

Quanto aos números do varejo, o grupo diz que as vendas de alimentos foram sustentadas pelos produtos de marca própria que ganharam importância em um ambiente de inflação alimentar. Além disso, o grupo aponta ganho de mercado no setor de hipermercados, graças às suas iniciativas de multicanalidade.

O resultado foi classificado como “excepcional” pelo Credit Suisse, que destacou dados da agência Nielsen segundo os quais a fatia de mercado do Carrefour subiu entre 1,3 e 1,9 ponto percentual. O banco afirmou que os resultados, aliados à incorporação de 30 lojas do grupo Makro nos próximos meses tornam as ações “bastante atraentes”.

Smiles (SMLS3)

A Smiles anunciou lucro líquido de R$ 50,2 milhões no terceiro trimestre de 2020, queda de 66,4% frente o mesmo período de 2019. A receita líquida caiu mais da metade na comparação anual, para R$ 133,8 milhões. Lucro Ebitda foi de R$ 62 milhões, queda de 70%. Foram acumuladas mais de 20 milhões de milhas no trimestre, e resgatadas 16,7 milhões de milhas.

O Bradesco BBI classificou os resultados como melhores do que o esperado, ampliou a expectativa para o lucro Ebitda da empresa em 2021 em 67%, com base em um novo acordo operacional com a Gol, que prevê acesso a passagens promocionais e desconto adicional sobre o preço destes produtos. Mas manteve a avaliação como neutra devido à perspectiva de enfraquecimento do real e menor distribuição de dividendos.

Em entrevista ao InfoMoney, André Fehlauer, CEO da Smiles, destacou que, existe uma recuperação bastante forte quando se olha na comparação com o segundo trimestre e quando vemos os meses dentro do trimestre.

“O mês de setembro está muito próximo a patamares do ano anterior, seja em resgate de passagens ou mesmo em faturamento de milhas. Não está tudo bem; mas, em uma indústria afetada pela pandemia, a velocidade de recuperação em um segmento que vem sofrendo muito mostra que estamos no caminho positivo para chegar a patamares que tínhamos antes. A indústria de turismo derreteu, mas estamos saindo do pior trimestre do ano com uma evolução consistente no mensal”, afirmou.

Ele ainda apontou que o modelo de negócios da companhia se comprovou resiliente. “Temos 17,9 milhões de clientes na base de cartões de credito, os indicadores vêm recuperando mês a mês de forma consistente e a empresa voltou a dar lucro nessa pandemia. Temos R$ 219 milhões de caixa. O ano de 2019 tinha uma economia muito mais aquecida, mas estamos nos recuperando. Claramente essa recuperação depende da capacidade de companhias aéreas, sobretudo da Gol”, complementou.

JBS (JBSS3)

Nesta sexta-feira a assembleia de acionistas da JBS pode vivenciar momentos tensos. O BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, que é acionista minoritário da JBS afirmou, por meio de carta de intenção de voto, que pretende votar a favor de processo contra os irmãos Wesley e Joesley Batista, controladores da empresa, envolvida no escândalo da Lava Jato.

O BNDES acusa administradores de recorrer a subterfúgios para proteger os irmãos, e pede ação de responsabilidade contra a dupla para ressarcir a JBS por prejuízos causados por administradores, ex-administradores e pelos próprios controladores por crimes expostos em delação premiada. Segundo o Estadão, a carta cita nominalmente os ex-administradores Florisvaldo Caetano de Oliveira e Francisco de Assis e Silva.

Petrobras 

A Petrobras informou que seu Conselho de Administração, em reunião realizada ontem, aprovou a revisão da política de remuneração aos acionistas. Segundo a empresa, o objetivo de possibilitar que a administração proponha o pagamento de dividendos compatíveis com a geração de caixa da companhia, mesmo em exercícios em que não for apurado lucro contábil.

Com as alterações aprovadas, no cenário em que o endividamento bruto da companhia estiver acima de US$ 60 bilhões, poderá ser apresentada a proposta de distribuição de dividendos, sem apuração de lucro contábil, quando se verificar redução de dívida líquida no período de doze meses anteriores, caso a Administração entenda que será preservada a sustentabilidade financeira da companhia. A proposta de distribuição deverá ser limitada à redução de dívida líquida.

A companhia informou que poderá, ainda, em casos excepcionais, propor o pagamento de dividendos extraordinários, superando o dividendo mínimo legal obrigatório ou o valor anual apurado a partir da fórmula (Remuneração = 60% x (Fluxo de caixa operacional – CAPEX), quando seu endividamento bruto estiver inferior a US$ 60 bilhões, mesmo na hipótese de não verificação de lucro contábil.

Totvs e Linx

A Totvs convocou assembleia para 27 de novembro assembleia para avaliar a incorporação da Linx.

IPO da Havan adiado

A varejista Havan vai tentar retomar seu projeto de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no ano que vem, perseguindo a avaliação que não conseguiu atingir em 2020.

A varejista, comandada pelo empresário Luciano Hang, não conseguiu convencer o mercado em 2020 de que deveria chegar à Bolsa avaliada em R$ 70 bilhões.

Hang participou das conversas preliminares com investidores desde agosto, usando suas tradicionais camisetas com frases patrióticas.

No entanto, não conseguiu convencer o mercado sobre o preço pretendido em um momento em que o mercado brasileiro tem uma sobreoferta de candidatas a IPOs.

Na época em que a varejista desistiu do IPO, uma fonte do setor disse que o modelo da Havan não é tão fácil de se entender – logo, seria necessário analisar mais a proposta.

No início das tratativas, o empresário tinha colocado como alvo um valor de mercado de R$ 100 bilhões.

Quando as conversas efetivamente começaram com os bancos, no entanto, esse valor já havia sido reduzido a R$ 70 bilhões. E nem assim a operação saiu do papel.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

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