Reino Unido e Bélgica estão entre os países de olho em vacinas da Índia
janeiro 20, 2021(Bloomberg) — A Índia diz que pode aumentar a produção de vacinas contra a Covid-19 para 500 milhões por mês para exportação em meio ao interesse do Reino Unido, Bélgica e países do Oriente Médio e África que buscam acesso a vacinas mais baratas.
O país do sul da Ásia pode aumentar a produção com a expectativa de que a demanda por vacinas cresça até o final desta semana, segundo pessoas com conhecimento do assunto, que não quiseram ser identificadas. África do Sul, Quênia e Nigéria estão entre as nações africanas em negociações para suprimentos, segundo as fontes.
Na quarta-feira, o governo indiano começou a enviar vacinas para seis países vizinhos – Butão, Bangladesh, Nepal, Mianmar, Ilhas Maldivas e Seychelles – e espera por autorizações regulatórias do Sri Lanka, Afeganistão e Maurício para exportar as vacinas, disse o Ministério de Relações Exteriores da Índia em comunicado na terça-feira. O porta-voz do ministério não respondeu de imediato a pedidos de comentários.
As vacinas enviadas para os países vizinhos serão administradas a profissionais de saúde, trabalhadores da linha de frente e pessoas mais vulneráveis no sul da Ásia, segundo o comunicado. Cartas de intenções para mais países são esperadas na quarta-feira.
Mais países da Europa mostraram interesse em adquirir vacinas produzidas na Índia, dado o custo médio de US$ 35 das vacinas da Pfizer-BioNTech e Moderna, de acordo com autoridades. O Serum Institute of India, maior fabricante mundial de vacinas em volume, pode exportar o imunizante desenvolvido pela AstraZeneca e Universidade de Oxford com preço entre US$ 5 e US$ 10 por dose.
O Serum pode atualmente produzir 65 milhões de vacinas contra a Covid por mês, mas tem capacidade de aumentar esse volume para 100 milhões de doses, disse um representante da empresa com sede em Pune, que pediu para não ser identificado. A expectativa é que o governo registre pedidos de entregas para Mianmar, Bangladesh e Sri Lanka na quarta-feira.
Efeitos adversos
Mas mesmo países que encomendaram as 20 milhões de doses que serão enviadas aos vizinhos da Índia e ao Oriente Médio esperam até o final desta semana por dados sobre os efeitos adversos da vacina Covishield, do Serum, que a Índia começou a administrar à população antes de fazer os pedidos finais, de acordo com as autoridades.
A Índia também concedeu licença de uso antecipado para a vacina Covaxin, da indiana Bharat Biotech International, embora a empresa ainda não tenha finalizado os ensaios de fase final. Até o momento, todos os embarques da Índia são da candidata à vacina do Serum, disseram as autoridades, acrescentando que a demanda final por ambas as vacinas dependerá dos dados de segurança.
A Índia, o segundo país mais atingido pelo coronavírus no mundo, com mais de 10,5 milhões de casos, deu início à maior campanha de vacinação global no sábado. Das 674.835 pessoas vacinadas no país até quarta-feira, nove pessoas necessitaram de hospitalização por efeitos adversos, de acordo com dados do governo.
A Índia também se prepara para enviar uma remessa para o Brasil, que foi adiada na semana passada, disseram as pessoas. O Brasil está entre alguns países que receberam garantias pessoais do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para o fornecimento de vacinas, segundo as fontes.