Preocupação do brasileiro com coronavírus volta a crescer e 77% acreditam em segunda onda no país
novembro 23, 2020
SÃO PAULO – O novo aumento no número de casos de contaminação, internações e óbitos pela pandemia de coronavírus em diversas regiões do país gerou um refluxo na tendência otimista observada na percepção dos brasileiros sobre a situação da crise sanitária. É o que mostra a rodada de novembro da pesquisa XP/Ipespe.
Segundo o levantamento, realizado entre os dias 18 e 20, 77% dos entrevistados acreditam que o Brasil enfrentará uma segunda onda de covid-19. Outros 19% não esperam que isso aconteça no país, enquanto 4% não responderam.
Pela primeira vez em quatro meses, o grupo de entrevistados que acreditam que o pior da pandemia ainda está por vir supera numericamente os que imaginam que o pior já passou: 47% contra 46%. Em outubro, a relação era de 64% a 30% para os otimistas.
De acordo com a pesquisa, 24% dizem não estar com medo da covid-19 ‒ o patamar mais baixo desde julho. Por outro lado, 37% afirmam estar com muito medo da pandemia, em um salto de 9 pontos percentuais em um único mês. Outros 38% estão com um pouco de medo da doença.
A piora nas avaliações corrobora com a maior preocupação de investidores com a atividade econômica, caso aconteça uma retração no movimento de reabertura, e com a situação fiscal do país, em meio à pressão por mais medidas de enfrentamento à crise – caso de uma possível nova prorrogação do auxílio emergencial.
Questionados sobre quando haverá uma vacina contra o novo coronavírus disponível para a população, 51% apontaram o primeiro semestre de 2021. Para 25%, isso acontecerá apenas na segunda metade do ano, enquanto 4% esperam o imunizante ainda para este ano. Subiu de 11% para 15% o grupo dos que não acreditam que haverá vacina disponível.
Quase metade dos entrevistados (49%) classifica como ruim ou péssima a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia, contra 25% de avaliações positivas. Já os governadores têm 34% de avaliação ótima ou boa e 28% de ruim ou péssima na gestão da crise.
Foram realizadas 1.000 entrevistas telefônicas com abrangência nacional, no período de 18 a 20 de novembro. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
A pesquisa também registrou uma oscilação negativa, dentro da margem de erro, da popularidade do presidente Jair Bolsonaro em comparação com outubro. A distância entre avaliação positiva e negativa, que era de 8 pontos no mês passado, caiu para 3 pontos agora.
O percentual dos que avaliam a atual administração como ótima ou boa saiu de 39% para 37%, ao passo que o grupo o classifica como ruim ou péssimo subiu de 31% para 34%.
As maiores oscilações negativas ocorreram entre os eleitores homens (6 p.p.), das regiões Nordeste (7 p.p.) e Sul (7 p.p.), moradores das capitais (10 p.p.), com idade entre 35 e 54 anos (7 p.p.) e renda familiar mensal entre 2 e 5 salários mínimos (7 p.p.).
A avaliação sobre a condução da economia no Brasil reflete a oscilação desfavorável: 52% dos entrevistados entendem que a economia está no caminho errado, enquanto 35% responderam estar no caminho certo. O grupo que classifica negativamente esse aspecto do governo subiu 5 pontos em relação a outubro.
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