Petroleiras e siderúrgicas são destaque de alta da bolsa; aéreas seguem pressionadas

Petroleiras e siderúrgicas são destaque de alta da bolsa; aéreas seguem pressionadas

novembro 30, 2021 Off Por JJ

Painel de ações e gráfico (Crédito: Shutterstock)

SÃO PAULO – Nesta segunda-feira (29), a bolsa brasileira recuperou parte da queda vista no último dia da semana passada, quando o anúncio da identificação da nova variante da Covid-19 assustou o mercado. Investidores, porém, continuam atentos às publicações sobre a doença e de olho nos setores que estão mais expostos ao avanço da Ômicron, como o de aviação, o de turismo e o de commodities.

Todas as três áreas são muito ligadas à retomada econômica e à reabertura das fronteiras mundo afora. A perspectiva de novos lockdowns e restrições, então, foi responsável por fazer – na última sexta-feira – as ações preferenciais da Azul (AZUL4) recuarem 14,1% e as ordinárias da PetroRio (PRIO3), 8,74%.

Hoje, o setor de petróleo apresentou boa recuperação e a PetroRio recuperou parte do seu valor de mercado perdido, fechando em alta de 3,42%. Enquanto isso, as ações da Petrobras (PETR3);PETR4) saltaram 3,98% e 3,51%.

A Azul, porém, não apresentou o mesmo comportamento e a sua alta foi bem mais modestas: as ações PN tiveram alta de apenas 0,82%.

Aéreas continuam pressionadas

“O mercado hoje está em recuperação daquilo que foi, de acordo com o próprio mercado, uma reação exagerada à nova variante. A reação é exagerada, porém, até a segunda página. Se novos dados mostrarem que a Ômicron é mais grave e perigosa, veremos novamente um sell-off”, comenta Rodrico Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Segundo ele, a pressão deve continuar até o mercado ter acesso a novos dados sobre a variante. “Temos de esperar novas informações para ver se faz sentido essa correria para sair de certos papéis e de ativos de risco”, pontuou. “As aéreas não têm jeito. O que era um setor que tinha um potencial de volta, com um upside interessante, agora volta a sofrer com as restrições”, completou.

A despeito de novas notícias apontando que a Ômicron pode ter sintomas mais brandos do que outras variantes, apesar de mais transmissível, não houve nesta segunda recuou quanto ao bloqueio de voos já impostos para conter o avanço da doença – países como os EUA, o Reino Unido e até mesmo o Brasil já proibiram, por exemplo, seus translados com cerca de sete países africanos.

“No Brasil, há ainda a questão da Azul ter feito uma oferta pela Latam. A Latam fazendo um plano bilionário de recuperação judicial. Então há também os ruídos que acabam atrapalhando o setor. O movimento não é só por conta da Covid-19″, explicou o sócio da Monte Bravo.

As ações PN da Gol (GOLL4), que caíram 11,71% na sexta, diferentemente das da Azul, hoje, conseguiram um alta mais relevante, avançando 3,45%. As ações ON da CVC (CVCB3), que despencaram 11,07% na sexta, tiverem novo recuo nesta segunda-feira, de 2,68%.

Commodities têm “respiro técnico”

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As companhias de commodities, como já mencionado, tiveram altas mais relevantes no pregão de hoje. Além da PetroRio, a Usiminas (USIM5) foi destaque do lado positivo do Ibovespa, fechando em alta de 6,11%.

No setor de petróleo, a alta das companhias acompanhou a recuperação da commodity. Os contratos do petróleo WTI para janeiro fecharam em alta de 3,23%, com o barril negociado a US$ 70,35. O Brent subiu 0,65%, a R$ 73,19.

Notícias como a de que o presidente Joe Biden descartou novos lockdowns nos Estados Unidos e de que a Opep irá rever sua política de aumento da produção do petróleo ajudaram a impulsionar o preço, que avançou – mas que ainda está muito distante do seu patamar de duas semanas atrás.

“Hoje tivemos um respiro técnico, com óleo e minério subindo, fazendo as companhias do setor serem destaques do Ibovespa”, comentou César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

O minério fechou em alta de 6,83% em Qingdao, a US$ 103,27 a tonelada, recuperando totalmente a baixa de sexta. Em Dalian, avanço foi de 4,77%, a US$ 96,27.

O gestor ainda apontou que, na sexta, boa parte das quedas se deu também porque boa parte dos índices de países desenvolvidos – os dos EUA, por exemplo – estão próximos a suas máximas históricas. “Qualquer notícia, mesmo que não seja ‘tudo isso’, acaba se magnificando, porque o mercado está comprado. Qualquer ruído tem um movimento forte de correção”, explicou.

E, segundo ele, essa volatilidade, que gera grandes baixas, continuará até o Federal Reserve e outros bancos centrais optarem por elevarem os juros.

Companhias de tecnologia, por outro lado, podem se beneficiar de nova crise

Se a crise causada pela Ômicron se tornar mais séria, porém, algumas companhias podem acabar se beneficiando do novo cenário. “Quando você tem essa nova variante, temos também a perspectiva de novos estímulos fiscais e de juros mais baixos. Se isso se consolidar, deve aliviar um pouco o mercado de juros em países de primeira linha, o que costuma, por exemplo, impulsionar empresas de tecnologia”. comentou Franchini. 

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Nesta segunda-feira, alguns papéis de companhias brasileiras deste setor foram destaque. A Locaweb (LWSA3) e a Méliuz (CASH3), por exemplo, figuraram entre as principais altas, subindo, respectivamente, 6,77% e 3,46%.

Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, aponta ainda que as empresas de concessões também podem ter um alívio com o arrefecimento da alta dos juros.

Crise da Ômicron liga sinal de alerta para vários setores

Além de commodities e companhias aéreas, o gestor da Ouro Preto Investimentos afirma que é necessário se atentar para a dinâmica de vários setores. “No caso de uma nova crise, setores como o varejo de vestuários devem ficar para trás, uma vez lockdowns fazem a demanda cair, bem como as companhias com mais exposição ao canal de lojas físicas”, explicou.

A Ômicron se tornou uma variável importante neste momento para como o mercado desempenhará no futuro próximo. Gestores e analistas devem, então, continuar monitorando as próximas notícias dessa nova mutação do coronavírus.

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