Petrobras: no pior trimestre para o petróleo da história, o que esperar para o resultado da estatal?
maio 14, 2020SÃO PAULO – O petróleo registrou o pior trimestre da história logo no início de 2020 em meio à pandemia do coronavírus, que derrubou a demanda, ao mesmo tempo em que a commodity sofria em meio à guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia (que teve uma trégua em abril). Apenas o WTI registrou perdas de 66% no período.
Assim, como era de se esperar, o cenário para o petróleo, que agora aponta para uma recuperação, deve se refletir no resultado da Petrobras (PETR3; PETR4) do primeiro trimestre de 2020, que será divulgado nesta quinta-feira (14) após o fechamento do mercado.
O Itaú BBA e o Bradesco BBI apontam esperar um resultado mais fraco na comparação trimestral por conta dos preços mais baixos de petróleo. Segundo o BBI, a queda de 20% no valor do brent e de 3,9% na produção da petroleira irão pesar nas demonstrações trimestrais da estatal. O único ponto que pode mitigar esses impactos é o real mais depreciado em relação ao dólar.
“Nós estimamos um [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] Ebitda ajustado de R$ 30,5 bilhões, o que representa uma queda de 19% na base trimestral e um aumento de 19% em relação ao primeiro trimestre de 2019, com um prejuízo líquido de R$ 3,4 bilhões por conta da variação cambial”, escreve a equipe do Bradesco BBI.
Conforme destaca o banco UBS, a empresa, como já mencionado por sua administração, testará os ativos em relação à perda de valor, o que pode impactar negativamente os resultados da empresa”.
Segundo a instituição, o resultado mais fraco no primeiro trimestre será apenas uma prévia de um segundo trimestre “bastante desafiador” em meio à deterioração da demanda global por petróleo e da desvalorização bastante forte dos preços da commodity. A estimativa do UBS é de uma baixa de 9,9% nas receita em dólar e de 1,5%, ante os R$ 79,999 bilhões de igual período do ano passado. Enquanto isso, de acordo com consenso Bloomberg, o lucro líquido ajustado deve ser de R$ 5,19 bilhões, alta de 12,1%.
Desalavancagem e dividendos
De qualquer forma, conforme aponta análise da Bloomberg Intelligence, os esforços de desalavancagem e de redução de custos da Petrobras apoiarão a estatal em meio ao cenário de destruição da demanda impulsionada pelo Covid-19.
Contudo, a expectativa é de adiamento de dividendos maiores para pelo menos 2021, uma vez que é improvável que ocorra a venda de ativos que permitiria maior redução da dívida nos próximos meses. Isso manterá a dívida bruta bem acima da meta de US$ 60 bilhões da empresa até 2021, restringindo os dividendos a um mínimo de 25% do lucro líquido ajustado – de acordo com a política da empresa.
Além disso, aponta, o portfólio do pré-sal da Petrobras deve ganhar participação de mercado com a queda da produção de xisto nos EUA, mas poderá sofrer pequenos cortes no curto prazo para preservar a liquidez.
A maior parte dos cortes de produção da Petrobras deve provir de seus ativos maduros na bacia de Campos. A empresa estabeleceu sua produção de petróleo em abril em 2,07 milhões de barris por dia, 6% abaixo do guidance original para 2020.
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