Pesquisa avalia potabilidade de água em comunidades quilombolas

Pesquisa avalia potabilidade de água em comunidades quilombolas

abril 6, 2021 Off Por JJ

Professora doutora Maria Nogueira Marques, pesquisadora do ITPS e docente do Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente da Unit (Foto: divulgação)

A contaminação da água em comunidades quilombolas tem sido foco de um projeto realizado por pesquisadores da Universidade Tiradentes. Isso porque o padrão de potabilidade da água inadequado é um dos principais problemas ambientais enfrentados por diversos grupos populacionais, especialmente nas regiões mais necessitadas.

Segundo o Instituto Trata Brasil, por volta de 83,7 % dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada. No entanto, a estatística chama a atenção para a parcela da população que ainda não possui acesso a esse serviço básico, chegando a quase 35 milhões dos brasileiros.

“Os dados socioeconômicos baseados nas informações disponíveis sobre as famílias quilombolas registrados no Cadastro Único de Programas Sociais em 2013 mostraram que 54 % possuem saneamento básico inadequado; 33% não têm banheiro ou sanitário; e 55,2% ainda não possuem água canalizada”, salienta a professora doutora Maria Nogueira Marques, pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa, ITP, e docente do Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente da Unit.

“Os fatos evidenciam a importância da avaliação da qualidade da água de consumo em comunidades quilombolas, localizadas no Estado de Sergipe, de modo a fornecer subsídios para elaboração de políticas públicas que garantam a prevenção e o controle das doenças causadas por água contaminada”, acrescenta.

Tendo isso em vista, um grupo de pesquisadores do ITP, alunos de mestrado e de Iniciação Científica da Unit, realizam um projeto com o objetivo de avaliar os padrões de potabilidade da água utilizada para consumo humano e os riscos à saúde em comunidades quilombolas. A análise hídrica tem sido fundamental para a prevenção e controle de doenças causadas pela contaminação.

O estudo foi iniciado em 2017 ainda como projeto de Iniciação Científica e, no ano seguinte, foi selecionado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe, Fapitec/SE, para o desenvolvimento dos estudos no ITP por meio da Chamada MS/CNPq/Fapitec/SE/SES – Nº 06/2018 PPSUS-Sergipe.

“O projeto é desenvolvido em parceria com o Instituto de Tecnologia e Pesquisa, contando com toda a infraestrutura para as análises, estudos e desenvolvimento”, destaca Maria Nogueira. Além da docente, a professora doutora Cristiane Costa da Cunha Oliveira e professora doutora Cláudia Moura de Melo também integram a equipe de pesquisadores. A professora Cristiane coordena, inclusive, projeto de mestrado e iniciação científica em desdobramento na temática quilombola.

“Nós temos resultados parciais os quais já foram apresentados em diversos eventos científicos nacionais, regionais e locais, bem como a produção de uma dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente, PSA, da Unit da aluna Aline Barreto Hora”, complementa.

Para a pesquisadora, a iniciativa já propiciou o despertar e o desenvolvimento científico de nove alunos dos cursos das Engenharias, Enfermagem e Biomedicina da instituição de ensino. “Também tivemos uma bolsista de Iniciação Científica júnior, a Vanessa Helena Souza de Oliveira, aluna do ensino médio, com bolsa PROBEM da Unit, e que era uma moradora de uma das comunidades quilombolas que fazem parte do projeto”, frisa.

Os alunos de Iniciação Científica auxiliam na coleta de dados e amostras, realização das análises e no tratamento dos dados. “Nesse processo, desenvolvem o interesse pela pesquisa, aprendem a fazer um levantamento bibliográfico, desenvolvem diversas habilidades, tais como as atividades laboratoriais, o tratamento e interpretação de dados, redação científica e interpretação de textos científicos escritos em português e inglês”, destaca Maria Nogueira.

A acadêmica do curso de Engenharia Química da Unit, Pamela Bortoluzzi, contribui para o projeto de pesquisa. “A Iniciação Científica me proporcionou muita coisa além do conhecimento. Foi um crescimento pessoal. Tive oportunidade de trabalhar diretamente com comunidades vulneráveis, as quilombolas, onde estudei sobre a qualidade de água consumida por eles, além de ter tido a chance de conhecer melhor a região do baixo Rio São Francisco”, garante.

“Além disso, veio o crescimento profissional, frequentando congressos em outros estados, participando de monitorias em eventos lado a lado com profissionais incríveis, tendo um artigo publicado, prêmios e outras iniciativas. Sou muito grata à professora Maria e aos mestrandos e doutorandos com quem trabalhei por terem me ajudado e me ensinado tanto ao longo desses três anos”, finaliza a acadêmica.

Fonte: Unit