Pátria encarteira sua sexta concessão de rodovia, a primeira federal
agosto 26, 2023O Pátria Investimentos venceu com tranquilidade o aguardado leilão de rodovias do Paraná realizado nesta sexta-feira (25) na B3 e colocou mais uma concessão de rodovia em seu portfólio, a primeira federal. Os 473 quilômetros de estradas paranaenses arrematados nesta sexta se juntam a outros 3,5 mil quilômetros espalhados em rodovias de São Paulo e da Colômbia que já estão sob sua gestão.
Com um deságio de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado, o consórcio Infraestrutura Brasil Holding XXI, composto pelo Fundo Pátria Infraestrutura V, desbancou sua única concorrente, um consórcio entre ERP Participações e Perfin Voyager, em lance único, sem disputa viva-voz. “É um investimento que gostamos, temos muita experiência e estamos colhendo bons resultados”, diz Roberto Cerdeira, sócio e head de Logística e Transportes do Pátria, ao IM Business.
Para assumir a concessão, o Pátria vai se comprometer a investir R$ 7,9 bilhões em obras nos próximos 30 anos, com outros R$ 5,2 bilhões em custos operacionais. O consórcio do Pátria arrematou trechos de estradas federais e estaduais entre Curitiba, Região Metropolitana, Centro-Sul e Campos Gerais do Paraná, nas rodovias BR-277, BR-373, BR-376, BR-476, PR-418, PR-423 e PR-427. A expectativa é que, superadas as etapas regulatórias finais, como a assinatura do contrato, os investidores assumam a concessão entre o fim deste ano e o início de 2024.
O racional para entrar neste leilão, explica o executivo, foi a atratividade da região do Estado somada à estrutura regulatória prevista no edital. “É uma área que já conta com praças de pedágios e um tráfego muito resiliente e conhecido. Mas o que nos deu segurança para nos comprometer com esse capex foram as regras claras. Há previsão para resolução de conflitos, garantia de reajuste de tarifas, enfim, cria-se um ambiente regulatório confiável. Essa segurança torna os projetos financiáveis e, naturalmente, atrai o investidor”, afirma.
IM Business
Newsletter
Quer ficar por dentro das principais notícias que movimentam o mundo dos negócios? Inscreva-se e receba os alertas do novo InfoMoney Business por e-mail.
Aliás, a segurança regulatória foi um dos catalisadores para a entrada da gestora na concessão de estradas. A primeira incursão do Pátria em rodovias, lembra o executivo, ocorreu em 2017, quando conquistou o direito de operar 570 quilômetros de estradas que ligam São Paulo a Minas Gerais e Paraná – a tese deu origem à Entrevias, empresa na qual o Pátria vendeu 55% do capital neste ano para a francesa Vinci.
Em 2019, o Pátria encarteirou a concessionária Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart), que opera 830 quilômetros da rodovia de mesmo nome em São Paulo, junto à Invepar (IVPR4B). No ano seguinte, venceu o leilão da maior rodovia paulista em quilometragem, de 1.273 mil quilômetros, por R$ 1,1 bilhão – atualmente, o trecho é operado pela subsidiária EixoSP.
Antes da vitória do lote paranaense, a última concessão vencida pelo Pátria foi em 2021, quando levou dois lotes de rodovias na Colômbia, um perto da cidade de Cali – terceira maior do país – e outra próxima da fronteira do Equador, em que se comprometeu a investir US$ 345 milhões nos próximos anos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Outro diferencial do Pátria em relação a outros fundos que apostam em infraestrutura, aponta Roberto Cerdeira, é a preferência por operar as próprias concessões – a exemplo da Entrevias, EixoSP e Auto Raposo Tavares. Para as obras, a gestora costuma fazer parceria com construtoras locais. “Não somos apenas sócios financeiros, somos estratégicos também.”
Embora não tenha um plano fixo para a tese de rodovias, os fundos de infraestrutura do Pátria trabalham com um mandato de 12 anos para desinvestir, que pode ser prolongado por mais tempo, a depender do ativo. “Não existe uma resposta [de quando ocorrerá o desinvestimento]. No caso da Entrevias, ocorreu em seis anos, mas isso não é um padrão”, acrescenta Cerdeira.