Passagens aéreas podem ficar 50% mais caras com efeitos da pandemia, estima Iata
maio 12, 2020SÃO PAULO – Considerando uma média mundial, os preços das passagens aéreas podem subir entre 43% e 54% em relação às tarifas do ano passado, segundo uma estimativa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Levando em conta apenas a América Latina, os preços devem subir 50%.
A crise causada pela pandemia do coronavírus vai trazer mudanças ao setor quando as fronteiras forem reabertas e uma retomada de viagens se iniciar.
Na prática, devido à baixa demanda de passageiros, queda nos preços de combustíveis e com grande parte da frota no solo, uma queda de preço é esperada dada a competição acirrada dos players do setor, mas as restrições advindas da Covid-19, como novos regulamentos de distanciamento social e custos operacionais, devem aumentar os preços no médio prazo.
“Para as companhias aéreas atingirem o break even [o chamado ‘ponto de equilíbrio’, que consiste no momento em que a empresa consegue pagar as contas sem prejuízo] precisarão aumentar os preços das passagens”, afirma o documento da Iata. Ou seja, para não falir, a alternativa será repassar mais custos ao passageiro.
“As companhias aéreas estão lutando por sua sobrevivência. Eliminar o assento do meio aumentará os custos. Se isso puder ser compensado com tarifas mais altas, a era das viagens acessíveis chegará ao fim. Por outro lado, se as companhias aéreas não puderem recuperar os custos com tarifas mais altas, vão falir”, afirma Alexandre de Juniac, o CEO da Iata em comunicado.
Veja aumento de preços por região:
Região | Aumento de preço estimado pela Iata |
Ásia-Pacífico | 54% |
América Latina | 50% |
Europa | 49% |
Ásia Setentrional | 45% |
África e Oriente Médio | 43% |
América do Norte | 43% |
Por que deve ficar mais caro?
Segundo a associação, o distanciamento social vai obrigar as aéreas a seguirem novas regras, o que vai causar um desequilíbrio na taxa de ocupação dos assentos do avião.
“Dependendo do tipo de aeronave e da configuração do assento, o distanciamento social pode reduzir o assento disponível capacidade em 33-50%. Por exemplo, com a popular configuração de 3 a 3 lugares, o distanciamento social pode significar deixar o assento do meio vazio nos dois lados do corredor. Por outro lado, para aeronaves com uma configuração de 2-2 assentos, isso pode implicar o preenchimento de apenas um assento por fila em cada lado do corredor”, diz o documento.
Ainda, a associação estima, considerando toda a frota global de aeronaves, que o distanciamento social reduziria a taxa de ocupação de assento para 62% da capacidade normal.
O problema é que a média global hoje é de 77% e a proporção de assentos ocupados em uma aeronave é um importante fator no desempenho financeiro da companhia aérea.
“Considerando todas as regiões, com base em uma amostra de 122 companhias aéreas, apenas 4 companhias aéreas da amostra conseguiriam atingir o break even com coeficiente abaixo de 62%. As 118 companhias aéreas restantes, com seus preços atuais, ficariam deficitárias”, explica a associação.
Ou seja, as restrições advindas da pandemia poderiam prejudicar a grande maioria das aéreas. O documento não informa quais são essas quatro companhias aéreas.