Para driblar desemprego e pandemia, brasileiro abre negócio na internet e e-commerce cresce 40% em 12 meses
agosto 26, 2020SÃO PAULO – Se o e-commerce no Brasil já vinha apresentando crescimento nos últimos anos, em 2020 o movimento se tornou ainda mais expressivo. Com a pandemia, negócios migraram suas operações para o universo digital e muitos brasileiros viram nas vendas online a saída para driblar a crise e o desemprego. Como resultado, o comércio eletrônico atingiu números surpreendentes neste ano.
Essas são algumas das conclusões da sexta edição da pesquisa “Perfil do E-Commerce Brasileiro”, realizada pela empresa de pagamentos PayPal e pela plataforma de análise de dados BigData Corp, que mostra que a abertura de lojas digitais no país cresceu 40,7% nos últimos 12 meses encerrados em agosto, em relação ao mesmo período do ano passado, maior alta registrada desde 2015.
Segundo o levantamento, que buscou mapear os números que compõem o comércio digital no país, o número de sites de comércio eletrônico no Brasil saltou de 930 mil em agosto de 2019 para 1,3 milhão em agosto de 2020.
“Quando o e-commerce cresce dessa forma, temos certeza de que fatores externos impulsionaram a aceleração. Nesse caso, podemos destacar a pandemia e como ela muda o comportamento do consumidor e a própria situação econômica do país, que leva as pessoas a buscarem iniciativas para empreender e o e-commerce se mostra como uma dessas alternativas”, diz Thoran Rodrigues, CEO da BigData Corp.
Pela definição do estudo, e-commerce é qualquer loja virtual que venda efetivamente alguma coisa por meio do próprio site, seja um produto ou serviço.
Rodrigues afirma que o crescimento do e-commerce brasileiro acompanhava o ritmo de abertura de novas empresas no país, que costuma apresentar um crescimento estável, de 10% a 15% ao ano. Porém, a pandemia mudou bastante essa realidade.
Diante da expansão do setor, o e-commerce no Brasil passou a representar 8,48% dos sites na internet brasileira, fatia que não passava de 2,65% há cinco anos. E 8,7% dos sites já recebem até 10 mil visitas mensais, outro dado que confirma o amadurecimento das vendas online, segundo o estudo.
“Sabemos que o meio digital é o caminho natural para qualquer empresa que tem a pretensão de se manter viva e atuante no mercado, mas a Covid acelerou muito a tomada de decisão dos lojistas. Como sempre, crise e oportunidade parecem caminhar juntas”, acredita Thiago Chueiri, diretor de Desenvolvimento de Negócios do PayPal Brasil.
Outra grande mudança observada pela pesquisa foi no perfil das empresas. Se em 2019, 26,93% dos e-commerces eram de pequeno porte – com faturamento de até R$ 250 mil por ano-, hoje eles passaram a representar quase a metade das lojas online (48,06%).
Como a pandemia forçou grande parte dos comerciantes a fechar seus negócios ou as lojas presenciais, montar um site e migrar as vendas para o digital foi a solução encontrada por muitos brasileiros que acabaram perdendo a renda dos seus negócios físicos.
“O que percebemos nesta edição da pesquisa é que muitos negócios tiveram que migrar para a versão online por causa da pandemia – para serem capazes de manter um mínimo de vendas e conseguirem sobreviver”, diz Chueiri.
A pesquisa ainda mostra que cerca de 92% de todas as lojas que atuam no e-commerce no Brasil operam exclusivamente no ambiente digital. O que, para os especialistas por trás do mapeamento, é outro exemplo concreto do impacto da pandemia nos negócios brasileiros.
As redes sociais e o marketplace
O estudo também mostrou como as redes sociais se tornaram importantes na busca pelo sucesso de qualquer e-commerce no Brasil.
Hoje, as mídias sociais já são adotadas por cerca de 68% das lojas online, seja para estabelecer uma comunicação mais próxima com os clientes ou até mesmo para fazer demonstrações de produtos.
“É sobre conveniência. Comunicação e presença nas redes e nas mídias sociais é fundamental, já que elas são, hoje, o principal e mais direto canal de comunicação entre clientes e vendedor”, explica Rodrigues.
O Twitter e o Facebook, que há dois anos eram grandes aliados do pequeno comércio digital, vêm perdendo importância, enquanto YouTube e o Instagram crescem. Para Rodrigues, o crescimento do YouTube e do Instagram são reflexos diretos da adoção, por grande parte dos vendedores, de ferramentas cada vez mais visuais e interativas para engajar clientes.
A relevância dos marketplaces, os shoppings virtuais, também tem impulsionado o e-commerce e permitido a sobrevivência de muitos dos pequenos negócios digitais.
Para os especialistas, grandes marketplaces como MercadoLivre, Magazine Luiza e Amazon têm contribuído para profissionalizar e impulsionar o ambiente digital como um todo, além de permitir maior visibilidade, para que pequenos empreendedores tenham acesso a um público consumidor maior e menos nichado.
Eles também têm forte apelo junto ao consumidor, já que essas grandes varejistas possuem maiores exigências de segurança e funcionam como um filtro de qualidade, ajudando a reduzir a desconfiança do cliente, que tinha medo de fornecer dados para realizar uma compras em sites desconhecidos.
Ao citar as diferenças entre ter uma loja online própria e utilizar um marketplace, Rodrigues afirma que os dois modelos se complementam e usa uma analogia: o seu site próprio funciona como uma loja de rua, onde os clientes podem ter um contato mais intimista com os produtos e com a experiência que o vendedor quer passar.
Já anunciar as vendas em um grande marketplace seria como abrir uma loja no shopping, garantindo maior visibilidade do seu negócio para um público mais diverso, além de contar com as seguranças, garantias e comodidades que um ponto no shopping oferece.
Metodologia
O estudo “Perfil do E-Commerce Brasileiro” usa a tecnologia de captura de dados da internet da BigData Corp., que processa mais de 10 petabytes semanalmente, extraídos de visitas a mais de 28 milhões de sites brasileiros, dos quais são obtidas informações estruturadas e seus links. Os dados apresentados foram colhidos na primeira semana de agosto de 2020.