Para 67% dos gestores, descontrole fiscal é o principal risco do Brasil, aponta BofA

Para 67% dos gestores, descontrole fiscal é o principal risco do Brasil, aponta BofA

agosto 18, 2020 Off Por JJ

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(RHJ/Getty Images)

SÃO PAULO – Em meio às discussões sobre o teto de gastos, a preocupação com relação a um descontrole fiscal tem crescido entre gestores. De acordo com a pesquisa “LatAm Fund Manager Survey”, do Bank of America, a fatia de entrevistados que elencaram a questão fiscal como o principal risco no Brasil subiu de 53%, em julho, para 67% este mês. Ruídos políticos aparecem na sequência, com 15%.

A dúvida sobre o descumprimento da regra fiscal que limita o gasto público ocorre em meio a uma economia fragilizada pela pandemia de coronavírus, que tem levado a uma série de estímulos fiscais e monetários por parte do governo.

Ainda que as estimativas apontem para uma forte contração da atividade brasileira este ano, o percentual de gestores que enxergam queda de 5% ou mais do PIB em 2020 recuou de 84% para 71% este mês.

A avaliação de 56% dos gestores é de que o PIB voltará aos níveis de 2019 em 2022. A Bolsa, por sua vez, deve superar o patamar pré-crise já em 2021, segundo a pesquisa.

De acordo com o BofA, metade dos entrevistados vê o Ibovespa negociando acima de 110 mil pontos ao fim de 2020, o que implica potencial de valorização de 10,5% em relação ao fechamento do dia 17 de agosto.

Do total de entrevistados, 74% dizem acreditar que as ações são os ativos financeiros que terão a melhor performance no país nos próximos seis meses. Essa fatia de investidores, que subiu dos 66% no último levantamento, está acima da média histórica da pesquisa, de 70%.

No que tange às expectativas para a taxa Selic, 67% dos entrevistados esperam que os juros permaneçam no atual patamar, de 2,00% ao ano, enquanto 28% preveem novos cortes na taxa básica de juros – em linha com o esperado pelo BofA, que vê redução da Selic em outubro, para 1,75% a.a.

Coronavírus perde espaço entre principais riscos

Na América Latina, o coronavírus, que liderava as preocupações no último mês, com 34% das menções, foi destacado agora por apenas 10% dos entrevistados e deu espaço para os riscos em torno da tensão entre Estados Unidos e China, preços de commodities e eleições nos Estados Unidos, bem como com uma desaceleração da economia americana.

Como consequência da pandemia, a expectativa de 51% dos gestores é de que a inflação suba modestamente na América Latina. O percentual, contudo, está acima da fatia de 31%, de julho, e é o segundo mês seguido de revisão para cima do indicador.

Com relação aos portfólios, entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado, ou equivalente à compra) estão os setores de consumo discricionário (46%) e materiais (31%). Na ponta underweight (posição abaixo da média do mercado, ou venda), as financeiras lideram, com cerca de 25%.

A fatia de investidores que afirmaram estar tomando mais risco que o normal em seus portfólios, por sua vez, recuou para 18%, abaixo da média histórica, de 24%.

Realizada entre os dias 7 e 13 de agosto, a pesquisa do Bank of America entrevistou 39 gestores da América Latina, com US$ 91 bilhões em ativos sob gestão.

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