Osklen vende máscaras a R$ 147, é criticada e responde que lucraria “menos de 7%”
maio 6, 2020SÃO PAULO – Em meio à pandemia, a marca carioca Osklen, do grupo Alpargatas, começou uma campanha chamada “Respect & Breathe” em que vendia duas máscaras de proteção por R$ 147.
Para cada kit vendido até o fim de maio, doaria uma cesta básica no valor de R$ 70 para a comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. O produto foi anunciado no site e nas redes sociais da empresa, mas foi retirado do ar após uma enxurrada de críticas.
A empresa não é a única que está comercializando máscaras, mas o preço foi considerado abusivo pelos clientes e massacrado nas redes sociais.
No site da marca de moda, o anúncio dizia que as máscaras foram produzidas por “bravas costureiras” durante o período de isolamento social.
Segundo a Osklen, as máscaras são feitas com 100% de algodão e têm estampas exclusivas da coleção.
A situação piorou quando, após receber questionamentos sobre o valor do kit, a empresa divulgou como o preço foi formado, indicando quanto receberia de lucro e informando que o cliente arcaria com o custo cesta básica, sem nenhum subsídio da própria empresa.
“A Osklen entende que usar máscaras nesse momento é importante e quer levar aos seus clientes mais uma opção com peças funcionais, com design e qualidade”, diz a empresa no post em que justifica o preço, que foi posteriormente apagado.
“Não abrimos nossos números, mas dada a curiosidade gerada pela nossa iniciativa, resolvemos compartilhar com vocês o fato de que com o pack vendido a R$ 147, a empresa terá menos de 7% de lucro, exatamente R$ 11″, explica a empresa ao divulgar a imagem abaixo.
Veja :
Mas o tiro saiu pela culatra. Usuários no Twitter criticaram a ação: “Não é possível que na empresa inteira não teve um [profissional] da Osklen para dizer: ‘talvez [em] uma pandemia que matou [mais de] 7 mil só no Brasil não seja hora boa para capitalizar’. E doar uma cesta básica para cada 147 reais?! Sério? Tem costureira se mantendo a R$ 10 a unidade!”, diz um internauta.
“É surreal a atitude da Osklen. Vocês apagaram o post, mas o print e a má reputação é eterna!”, diz outro usuário.
Para Marcos Gouveia, especialista em varejo e diretor-geral do Grupo GS & Gouvêa de Souza, o erro da marca foi a execução. “Nesse caso específico, a ação de doação foi uma ótima ideia, mas a execução e a comunicação falharam. A campanha se volta para a questão: a venda da máscara viabiliza a doação, mas a forma como foi feita criou problemas. Não é hora de fazer resultado com máscara, o momento exige solidariedade e o ruído acontece em um momento em que o mercado está muito mais sensível”, opina.
Segundo ele, o tema “máscara” criou uma mobilização nacional, já que é, junto com o distanciamento social, “o único instrumento que assegura a redução da contaminação e um retorno possível e responsável em futuro breve”.
Ele argumenta que é inevitável que a máscara vire objeto de comercialização. “Além da máscara básica de uso quase contingencial, é obvio que vão surgir variantes com a moda, propósito e conceito, já que o item vai ser o símbolo de ‘novo sentido de segurança’ porque, se em um primeiro momento é incomodo, uma hora o uso terá que ser automático”, diz.
O InfoMoney contatou diretamente a Osklen, mas até a publicação desta matéria a empresa não se posicionou sobre o assunto.