Os 100 primeiros dias de gestão: quatro desafios para os prefeitos eleitos

Os 100 primeiros dias de gestão: quatro desafios para os prefeitos eleitos

janeiro 21, 2021 Off Por JJ

Escola, sala de aula
Escola, sala de aula

Os prefeitos eleitos tomaram posse no dia 1º de janeiro, dando início a um período muito estratégico ao mandato de um representante eleito para ocupar um cargo municipal. Durante os cem primeiros dias, eles devem implementar ações relevantes que irão reverberar por toda a gestão e que precisam envolver medidas relativas à boa governança, definição de metas, formação de equipes e definição das prioridades do mandato.

Para além desses fatores, os prefeitos começam a lidar com outra adversidade: a vacinação contra a Covid-19. O processo depende dos governos federal e estaduais para o fornecimento das doses no prazo e em quantidade suficiente, mas fica a cargo dos prefeitos organizar a logística do transporte e o armazenamento até o atendimento à população.

Como forma de auxiliar os prefeitos a obterem um amplo mapeamento de suas prioridades e ao mesmo tempo oferecer aos cidadãos uma ferramenta capaz de cobrar seus representantes de forma eficiente, o CLP lançou em novembro de 2020 o Ranking de Competitividade dos Municípios. Tal ferramenta permite aos recém-eleitos identificar os principais desafios de sua região e, a partir desse diagnóstico, formular políticas públicas mais eficientes e baseadas em evidências.

A partir da consolidação de dez pilares e 55 indicadores, o Ranking revelou aos 405 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes quatro áreas que devem ser prioritárias neste início de mandato: saneamento básico, saúde, educação e solidez fiscal.

Universalizar o saneamento é um desafio estrutural e histórico no país, e requer um trabalho em conjunto da União, estados e municípios. Além de ser fundamental para a garantia de condições mínimas de vida à população, também faz parte da saúde pública e se relaciona com o compromisso da preservação dos recursos naturais.

No âmbito da saúde, além da cobertura vacinal, os municípios terão que lidar com todas as outras questões que foram reprimidas durante a quarentena. Desde o aumento na demanda por exames e consultas até o aumento da pressão sobre o SUS – já que cerca de 364 mil pessoas perderam seus planos de saúde -, os municípios vão precisar resolver seus problemas de acordo com suas especificidades locais.

Aos que compreendem a educação como elemento chave para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação, o prognóstico é ainda mais desafiador no atual contexto de pandemia, uma vez que foi preciso substituir às pressas o ensino presencial. Os gestores municipais precisarão montar uma equipe técnica de qualidade e pôr na rua, em tempo recorde, um plano embasado em evidências e boas experiências para garantir o avanço da aprendizagem de todos os estudantes e a diminuição do impacto causado pela crise do novo coronavírus.

Por fim, fica o desafio aos recém-eleitos de encarar o cenário complicado das finanças públicas ainda mais insolvente em decorrência do estrago feito pela pandemia. Cabe, portanto, como premissa básica a adoção de medidas de austeridade fiscal mescladas com estratégias de qualidade do gasto público e transparência. É essencial ter um olhar acurado e sistemático para a despesa pública, visto que no momento o crescimento de receita não é viável.

Em um momento de queda de arrecadação de impostos, devido à diminuição da atividade econômica, os municípios se tornaram ainda mais dependentes dos recursos federais, incluindo aqueles destinados via emendas parlamentares. Neste contexto, a definição de uma agenda positiva que contemple reformas fiscais e projetos de infraestrutura deve ser liderada pelo Congresso Nacional assim que as disputas pela presidência da Câmara e do Senado estejam definidas.

Pensando a médio prazo, a recuperação sustentável da economia municipal intensifica a urgência de atrair investimentos com a modernização dos marcos setoriais, como o Marco do Saneamento, o Marco das Ferrovias, o Marco do Setor Elétrico e a Lei do Gás.

O primeiro, aprovado em julho, prevê o investimento de mais de R$700 bilhões nos próximos anos para universalizar a coleta de esgoto e o fornecimento de água potável para a população até o fim de 2033. Já a Lei do Gás, que aguarda na Câmara dos Deputados, pode trazer uma economia de R$12,37 bilhões aos cofres públicos em quatro anos, de acordo com levantamento realizado pelo CLP (Centro de Liderança Pública).

Todos esses projetos de lei fazem parte da agenda do #UnidosPeloBrasil, um movimento criado pelo CLP e apoiado por mais de 20 entidades que defendem a aprovação de uma agenda positiva com foco no crescimento econômico, social, na geração de emprego e renda e na recuperação da segurança jurídica do país.