Open Finance: Antes de ofertar produtos, saiba o que cliente quer, dizem executivos em evento da Febraban

Open Finance: Antes de ofertar produtos, saiba o que cliente quer, dizem executivos em evento da Febraban

agosto 11, 2022 Off Por JJ

O Brasil já estrutura um dos mais completos e complexos ecossistemas de Open Finance do mundo, segundo consenso entre representantes de instituições financeiras presentes na Febraban Tech 2022, evento do setor bancário realizado em São Paulo nesta semana.

O Open Finance é um sistema de compartilhamento de dados feito sob o consentimento de cada usuário às instituições, que processam as informações para disponibilizar produtos e serviços mais atrativos e personalizados.

Sob este guarda-chuva estão dados bancários, de seguros e previdência, investimentos, entre outros. Em estágio mais avançado no país está o compartilhamento de informações bancárias, mais conhecido como Open Banking.

Alexandre Conceição, CEO do Original Hub, fez uma analogia em debate realizado no evento da Febraban, nesta quarta-feira (10). A empresa, segundo o executivo, deve funcionar como um médico, que cuida da saúde do consumidor. E completou: “a saúde digital é a nossa informação, são os nossos dados”.

Antes do Open Finance, o dado estava necessariamente atrelado às instituições em que o consumidor tinha conta. Essa dinâmica, muitas vezes, causava dor de cabeça ao cliente, que ficava dependente da empresa para ter a acesso a serviços e produtos que precisava.

Nesse contexto, as instituições tomavam suas decisões de negócio a partir de um grande volume de dados que recebiam de sua base. O Open Finance mudou isso, e colocou o cliente no centro decisório. É ele quem escolherá, a partir de agora, quem vai acessar seus dados, quem deve cuidar de sua “saúde digital”.

“A maioria das empresas já atestam que os dados são recursos cruciais para evoluir em termos de negócios e para serem mais assertivas em suas estratégias”, disse Telma Luchetta, sócia de dados da consultoria EY para América do Sul. “Os clientes estão ficando mais exigentes e querem a melhor experiência possível”.

E o processamento dessas informações mudou sob a lógica do Open Finance, disse Rafael Cavalcanti, superintendente executivo de dados do Bradesco. “Antes, a partir do dado, o banco criava ou oferecia algo da prateleira ao cliente. Hoje, o primeiro passo é entender o que o cliente quer para, depois, solicitar os dados e criar ou oferecer um produto muito mais assertivo para monetizar”.

Uma pergunta exemplifica: “o cliente precisa de empréstimo?”. Este questionamento, segundo os executivos presentes no evento da Febraban, precisa ser feito antes de a oferta chegar ao consumidor. Sob o Open Finance não cabe encher o cliente de produtos só porque são rentáveis ao banco.

No Itaú, conta Carlos Carneiro, head de Open Finance, o índice de aprovação de cartões de crédito é baixo — o indicador não foi revelado pelo executivo. A aprovação passa por várias etapas, que buscam atestar se o consumidor terá condições financeiras de pagar a conta, depois do produto liberado.

Carneiro disse, no evento da Febraban, que uma mudança no processo alterou a análise de risco de cartões do banco: “adicionamos uma opção que dava uma nova chance de análise de crédito, se o cliente compartilhasse seus dados conosco. Vimos uma melhora relevante na aprovação de cartões, a partir de mais informações que a pessoa optou por nos dar”.

O exemplo do Itaú caminha para a lógica de trabalhar com dados sob demanda: entender o momento do cliente para oferecer o que for mais adequado a ele. A promessa é que isso gere um “ganha-ganha”: o cliente vê valor em compartilhar o dado ao ter um benefício que faça sentido para ele, o que aumenta a chance de contratação e pode gerar mais receita às instituições.

“Quem buscar fazer ofertas contextualizadas, a partir do momento de vida do cliente, vai sair na frente”, decreta Carneiro.