MPs cobram transparência na liberação dos códigos do VacinAju

MPs cobram transparência na liberação dos códigos do VacinAju

junho 9, 2021 Off Por JJ

Em reunião, Ministérios Públicos cobram transparência da SES e agilidade da SMS na análise e liberação dos códigos do VacinAju para acelerar a vacinação contra a Covid-19 (Foto: arquivo/Marcelle Cristinne)

O Ministério Público do Estado de Sergipe (MPSE) e o Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) promoveram reunião com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju (SMS) para discutir sobre o andamento da vacinação contra a Covid-19 em Sergipe. Entre os assuntos, os MPs questionaram à SES sobre a transparência e a necessidade de acelerar a distribuição das doses; solicitaram à SMS Aracaju mais agilidade na análise e liberação dos códigos do VacinAju, estratégias para otimizar a imunização por meio do drive thru e celeridade na campanha de imunização na Capital.

Transparência na divulgação das doses

Os Ministérios Públicos explicitaram sobre a necessidade de clareza e transparência em relação aos dados da campanha de vacinação divulgados no site/redes sociais da Secretaria de Estado da Saúde. Pontuaram que no site não estão discriminados os quantitativos recebidos para D1 (primeira dose) e D2 (segunda dose), sendo estes dados fundamentais para indicar se efetivamente todas as D1 recebidas estão sendo imediatamente distribuídas para os Municípios.

A SES reconheceu a necessidade de aprimorar a publicização das informações sobre a vacinação em Sergipe e sinalizou que esses dados serão imediatamente atualizados, inclusive com as especificações indicadas, detalhando o quantitativo recebido do Ministério da Saúde, se é D1, D2 ou reserva técnica. Informou, ainda, que o estoque de vacinas atual é compreendido por D2 e reserva técnica, já que todas as D1 estão em processo de distribuição para os Municípios.

Agilidade na distribuição das vacinas no Estado

Os MPs também questionaram à SES sobre o atraso na distribuição das doses de vacinas recebidas em 02 de junho, uma vez que foram encaminhadas às centrais de distribuição apenas 05 dias após o recebimento. Foi explicitado pelos Ministérios Públicos que, em grande parte dos Estados, essa distribuição ocorre de forma quase imediata e que Sergipe precisa ser ágil neste processo de distribuição e acelerar a campanha, principalmente porque se encontra nas piores posições em relação a índices de ocupação de leitos Covid-19 no Brasil.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 30 Municípios, incluindo Aracaju, efetuaram a retirada das doses no sábado, dia 05, e que por opção da maioria deles, que ainda dispunham de imunizantes em estoque, a distribuição da última remessa de vacinas recebidas pelo Estado de Sergipe ocorreu apenas na segunda-feira, dia 07.

Cadastro e liberação do código do VacinAju

Em relação ao VacinAju, os Ministérios Públicos pontuaram que têm chegado à Ouvidoria do MPSE e vêm observando nas redes sociais oficiais do Município de Aracaju muitas reclamações sobre o tempo de análise dos cadastros para vacinação e liberação dos códigos. Neste sentido, foi oficiado à Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju para apresentação dos dados detalhados relacionados às pendências de análise no VacinAju: portadores de comorbidades (1692 pessoas); e profissionais de educação, que atuam em creches (184), pré-escola (818) e ensino fundamental (1997).

Sobre os portadores de comorbidades, a SMS Aju esclareceu que realizou um mutirão no último final de semana para análise e liberação dos códigos. Foram analisados mais de 1 mil cadastros pendentes. A SMS informou que também foi feito mutirão nos cadastros dos profissionais de educação e que foi acordado com a Federação das Escolas Particulares de Sergipe (Fenem/SE) o envio das listas de todos os profissionais de educação das escolas privadas para agilizar esta análise.

Os Ministérios Públicos explicitaram, ainda, que a cada grupo prioritário e/ou idade liberada para vacinar, é fundamental que todas as pessoas que se cadastraram já estejam com a análise do cadastro efetuada e o código liberado. Após a divulgação do calendário, é inadmissível que o indivíduo não tenha acesso imediato à vacina por falta de análise cadastral e liberação do código.

Vacinação no drive thru

Os Ministérios Públicos ressaltaram sobre a importância do drive thru na agilização do processo de imunização, notadamente por ser um meio de fluxo rápido e com menos exposição dos usuários a aglomeração. De acordo com os MPs, na primeira etapa da campanha, quando imunizados os idosos, a metodologia foi bastante eficaz e responsável pela aceleração da imunização, mas atualmente, segundo os dados apresentados, o serviço está sendo subutilizado, com a redução da procura.

Foi pontuado que um dos possíveis fatores da baixa demanda pode ser o atraso na análise dos cadastros pelo VacinAju, o que deverá ser solucionado.

Encaminhamentos

Após as discussões ficou definido que:

– a SES deverá, no prazo de 05 dias, aprimorar a publicização das informações sobre os dados de vacinação em Sergipe, apontando o quantitativo recebido do Ministério da Saúde e especificando se é D1, D2 ou reserva técnica; detalhar, a cada nova distribuição, os dados relativos às remessas de vacinas para os Municípios, especificando o tipo de vacina (D1 ou D2) e a quantidade enviada de cada tipo aos Municípios;

– a SMS Aju deverá analisar, até a próxima sexta-feira, dia 11 de junho, todos os cadastros para vacinação de portadores de comorbidades (647 pendentes), liberar os códigos aprovados e enviar aos MPs a planilha atualizada do VacinAju;

– a Fenen/SE será oficiada para que envie as listas complementares indicando os profissionais da educação da rede privada e, após o recebimento destas informações, a SMS Aju deverá, no prazo de 03 dias, analisar todos os cadastros pendentes e liberar códigos dos profissionais da educação que laboram em creches, pré-escolas e ensino fundamental;

– no prazo de 48 horas, a Secretaria deverá informar como será resolvida a situação dos profissionais da educação cadastrados no VacinAju, vinculados aos estabelecimentos de ensino não filiados à Fenen/SE;

– para o próximo planejamento do calendário de vacinação, a SMS Aju deverá avaliar estratégias complementares para otimizar a utilização do drive thru, evitando a subutilização do serviço, dada a sua importância para a campanha;

– a SMS Aju, como forma de agilizar a imunização na Capital, deverá avaliar no curso da semana a execução do calendário vigente e se a vacinação do público-alvo está correspondendo aos números planejados, para que, se possível, seja antecipado o calendário de vacinação para grupos prioritários/idades em geral, evitando “saldo de vacinas D1” para a semana subsequente.

SMS

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde reafirmou a transparência aplicada no Plano Municipal de Vacinação contra covid-19 e atua em parceria com os órgãos reguladores para garantir celeridade na vacinação e evitar possíveis fraudes.

Sobre os questionamentos apontados pelo Ministério Público Estadual (MPE), a Secretaria esclareceu que são registrados muitos cadastros de profissionais de Educação que ainda não estão na fase de vacinação, haja vista o Plano contemplar atualmente profissionais de Educação que atuam em creche, pré-escola e primeiro a nono ano do ensino fundamental e médio.

Além disso, conforme a SMS, os códigos são gerados a partir da conferência de dados nas listas enviadas pela Secretaria Municipal de Educação, Secretaria de Estado da Educação e pela Federação dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Sergipe (Fenem) e que demanda tempo.

Segundo a SMS, é importante destacar que em reunião para debater a vacinação dos profissionais de Educação, com a presença de representantes das Secretarias de Educação do Município, do Estado e Fenem, foi acordado que as informações sobre profissionais de instituições de ensino privada seriam centralizadas na Federação. Portanto, as instituições de ensino que ainda nao enviaram dados para Fenem, devem fazê-lo de imediato.

A atuação das equipes de validação da SMS pode ser mensurada a partir do número  de códigos de profissionais da rede municipal e estadual de ensino aguardando validação. Dos 2900 profissionais listados pela rede do Município, não há cadastro em análise, 1918 já foram vacinados e 735 ainda não se cadastraram. O mesmo ocorre com lista enviada pela Secretaria de Educação do Estado, a qual não há pendência de cadastro em análise.

Já em relação aos cadastros de pessoas com comorbidades, a SMS explicou que a documentação é avaliada por uma equipe técnica composta por mais de dez pessoas, a fim de assegurar a lisura da vacinação, e que muitos dos cadastrados ainda em análise apresentaram relatórios médicos de comorbidades não contempladas pelo Plano Nacional de Imunização.

Até o momento, o município de Aracaju vacinou 32.350 pessoas com comorbidades.

Sobre a circulação no drive-thru, a gestão tem percebido movimentação de escolha de imunizante e uma queda na procura pelo drive-thru porque o tipo de vacina disponibilizado nesse ponto de atendimento é AstraZeneca.

Fonte: MPSE