Lucro da Marfrig salta 1.740% e vai a R$ 1,59 bi, enquanto BRF lucra 5,5% menos; balanços de Ultrapar, MRV e mais destaques

Lucro da Marfrig salta 1.740% e vai a R$ 1,59 bi, enquanto BRF lucra 5,5% menos; balanços de Ultrapar, MRV e mais destaques

agosto 13, 2020 Off Por JJ

carne frango
(Shutterstock)

SÃO PAULO – O noticiário corporativo mais uma vez é movimentado pela temporada de resultados, com Marfrig, que viu o lucro disparar, Via Varejo que reverteu o prejuízo, enquanto BRF lucrou menos no segundo trimestre de 2020. A retomada do IPO da Caixa Seguridade também ganha destaque. Confira no que ficar de olho:

A Marfrig teve lucro líquido de R$ 1,59 bilhão no segundo trimestre, um salto de 1.738% ante os R$ 86,5 milhões registrados no mesmo período de 2019, alta atribuída à melhora no desempenho operacional e firme demanda da China.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado teve alta de 266% na mesma base de comparação, a R$ 4,1 bilhões.

A receita líquida consolidada, por sua vez, foi a R$ 18,9 bilhões, crescimento de 54% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

As operações na América do Norte tiveram recorde histórico para um trimestre em receita líquida (US$ 2,6 bilhões), Ebitda (US$ 635 milhões) e margem Ebitda (23,7%).

As unidades da América do Sul também apresentaram o melhor trimestre histórico, com a receita líquida totalizando R$ 4,4 bilhões, alta de 27,7% na base anual.

“No segundo trimestre, as exportações passaram a representar 68% da receita da operação ante aos 59% no primeiro trimestre de 2020, e 52% no segundo trimestre de 2019. Aproximadamente 65% do total das receitas de exportação foram destinados a China e Hong Kong; esse montante representou um aumento de 81% quando comparado ao mesmo período de 2019 e reflete o melhor posicionamento da Marfrig na região para atender à demanda asiática”, destacou a empresa no release de resultados.

Via Varejo (VVAR3)

A Via Varejo  passou de um prejuízo de R$ 162 milhões no segundo trimestre de 2019 para um lucro líquido de R$ 65 milhões entre abril e junho deste ano, informou a companhia.

A receita líquida da dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, por sua vez, teve queda de 12,4%, passando de R$ 6 bilhões para R$ 5,2 bilhões.

Já o Ebitda foi de R$ 532 milhões no segundo trimestre de 2020, 71,7% superior ante os R$ 310 milhões registrados no segundo trimestre de 2019.

A companhia encerrou o trimestre com um volume bruto de vendas (GMV) nas operações de e-commerce de R$ 5,081 bilhões, 280% de alta na base de comparação anual.

“A estabilidade das ferramentas no canal online (Sites e Aplicativos), a introdução de muitas melhorias na experiência do cliente e o sucesso das iniciativas de marketing foram cruciais para um excelente resultado. Nosso 1P (venda direta) cresceu 311% no período em relação ao segundo trimestre de 2019”, apontou a companhia.

A BRF registrou lucro líquido de R$ 307 milhões no segundo trimestre de 2020, uma queda de 5,5% em relação ao mesmo período de 2019. Se contadas somente as operações continuadas da companhia, o lucro teve aumento de 60,8% na comparação anual.

O Ebitda somou R$ 1,177 bilhão entre abril e junho, um recuo de 21,9% na comparação anual. No critério ajustado, o indicador ficou em R$ 1,031 bilhão, com recuo de 33,3% em relação ao segundo trimestre de 2019. Retirando os efeitos tributários, essa queda foi de 15,4%.

A receita líquida da BRF no trimestre fiou em R$ 9,104 bilhões, crescimento de 9,2% em relação ao período entre abril e junho do ano passado. O volume vendido ficou praticamente estável, em 1,083 milhão de toneladas.

O resultado financeiro líquido da companhia no segundo trimestre foi negativo em R$ 190 milhões, uma sensível melhora em relação ao resultado negativo de R$ 619 milhões do mesmo período do ano passado.

A dívida líquida da BRF fechou junho em R$ 15,311 bilhões, um aumento de 15,4% em relação ao saldo de dezembro de 2019. O nível de alavancagem medido pela relação dívida líquida/Ebitda chegou a 2,89 vezes ao final do segundo trimestre, ante 3,74 vezes de um ano antes.

A MRV Engenharia, maior construtora residencial do País, obteve lucro líquido de R$ 124 milhões no segundo trimestre de 2020. O montante foi 34,6% menor que o do mesmo período de 2019.

A queda no lucro se deve a descontos nas vendas de imóveis, aumento nas despesas com juros e doações para causas sociais devido à pandemia.

A MRV passou a adotar uma política comercial mais agressiva nos últimos meses, com descontos em torno de 5% na venda dos imóveis, como forma de ganhar liquidez e reduzir os estoques. Por outro lado, isso levou a uma redução na margem bruta de 30,7% para 28,4% no período.

A companhia também registrou um resultado financeiro (saldo entre despesas e receitas com juros) positivo em R$ 15 milhões, que foi 64,8% menor, explicado pelas captações no trimestre, que somaram R$ 492 milhões.

A construtora informou ter destinado R$ 7,5 milhões para doações. Sem este desembolso, o lucro teria chegado a R$ 131,5 milhões – neste caso, o equivalente a um recuo de 30,7% em vez de 34,6%.

O balanço mostrou ainda que o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 232 milhões, queda de 9,9% na comparação entre os mesmos períodos. A margem Ebitda encolheu de 16,5% para 14,2%.

Por sua vez, a receita líquida totalizou R$ 1,639 bilhão, aumento de 5,2%, seu maior patamar de todos os tempos, ajudada pelas vendas recordes.

Conforme já divulgado, as vendas líquidas atingiram R$ 1,813 bilhão no segundo trimestre de 2020, alta de 37,4% na comparação anual. Já os lançamentos caíram 47,9%, chegando a R$ 942 milhões, por conta do fechamento do comércio provocado pela quarentena.

A MRV encerrou o trimestre com R$ 2,558 bilhões em caixa, leve alta de 3,2%. A empresa tem R$ 807 milhões em dívidas corporativas com vencimento nos próximos 12 meses.

A dívida total foi a R$ 3,659 bilhões, alta de 20,5%, por conta da captação já citada. E a dívida líquida atingiu R$ 1,039 bilhão, aumento de 99,1%.

A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) subiu de 10,5% para 19,3%.

Ultrapar (UGPA3)

O lucro líquido da Ultrapar caiu 59% no segundo trimestre de 2020, para R$ 50 milhões, ante o mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, a queda foi maior, de 70%.

O Ebitda ajustado da companhia atingiu R$ 611 milhões entre abril e junho de 2020, queda de 10% em relação ao mesmo período de 2019. Já em comparação ao primeiro trimestre deste ano a queda foi de 31%.

A receita líquida da companhia chegou a R$ 15,876 bilhões no segundo trimestre deste ano, queda de 27% ante o segundo trimestre do ano passado e redução de 26% em relação a janeiro e março deste ano.

A Ultrapar informou que neste momento de crise gerada pela pandemia do novo coronavírus atuou em diversas frentes para assegurar a sua liquidez financeira e garantir que os serviços essenciais fossem mantidos para a população.

Segundo a empresa, apesar dos impactos relevantes que afetaram os resultados da Ipiranga, o desempenho do trimestre foi marcado pela resiliência do portfólio da Ultrapar, que viu seus demais negócios apresentarem resultados crescentes e robustos.

“As medidas de contenção de caixa, como contingenciamento dos investimentos e despesas, combinadas com uma melhora no capital de giro, possibilitaram uma forte geração de caixa e uma ligeira redução da nossa alavancagem financeira”, disse a Ultrapar na carta que acompanha os resultados.

IPO da Caixa Seguridade

A Caixa Seguridade informou que a controladora Caixa Econômica Federal protocolou perante ao órgão e à B3 o pedido de retomada do registro da oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias (IPO, na sigla em inglês), além de listagem da empresa no segmento Novo Mercado.

“A companhia continuará mantendo o mercado informado, nos termos da regulamentação aplicável, a respeito de qualquer decisão ou fatos adicionais relacionados à Oferta e à sua listagem no Novo Mercado”, diz a empresa na nota.

No último dia 16 de julho, a Caixa havia anunciado a retomada do processo de IPO, interrompido em março, devido à “turbulência dos mercados” causada pela pandemia do novo coronavírus. A operação estava estimada em R$ 15 bilhões.

(Com Agência Estado)