Leishmaniose permanece como doença infectocontagiosa de grande risco

Leishmaniose permanece como doença infectocontagiosa de grande risco

julho 10, 2022 Off Por JJ

Leishmaniose permanece como doença infectocontagiosa de grande risco (Foto: FioCruz)

O pesquisador Sandro Pereira, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo), afirma que o medicamento reduz o risco de transmissão da doença, mas não garante que o cão não vai voltar a se infectar. Nos casos de animais que apresentam o exame parasitológico positivo e que não estejam em tratamento, o Ministério da Saúde recomenda a prática da eutanásia.

De acordo com estudos, a eliminação de cães tem o pior desempenho quando comparada com outras estratégias de controle, como o uso de inseticidas, por exemplo, e até mesmo a vacinação canina, como medida de proteção ao animal e população em áreas de risco.

Por outro lado, o uso da coleira com efeito repelente é medida complementar recomendada para minimizar a transmissão leishmaniose visceral, com eficácia de mais de 90% contra a picada do flebotomíneo. “A utilização de coleiras impregnadas com deltametrina impede a picada por ação repelente e inseticida”, enfatiza a pesquisadora Maria Inês Fernandes Pimentel.

A vacinação canina é outra forma de prevenir a infecção, mas estudos científicos ainda avaliam o custo-benefício em programas de saúde pública. “Ela funciona como forma de tratamento, mas o cão nunca deixa de ter o parasita e deve ser monitorado até o fim da vida. Além disso, é uma medida de proteção controversa”, afirma Elisa Cupolillo, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Leishmaniose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e curadora da Coleção de Leishmania do IOC.

Para Sandro Pereira, Lapclin-Dermzoo, a atuação do médico veterinário na atenção básica à saúde e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) também são medidas que podem auxiliar no controle das zoonoses endêmicas no País.

Novo padrão de transmissão

O desmatamento e a modificação de áreas de matas em decorrência da construção de grandes obras podem aumentar os riscos para a ocorrência das leishmanioses, assim como migração de pessoas do campo para as cidades, levando seus animais de estimação.

Segundo Elisa Cupolillo, do IOC, a leishmaniose visceral já tem sido vista em áreas urbanizadas em várias regiões do Brasil. “Isso ocorre porque os insetos vão se adaptando às condições ecológicas e ambientes urbanos. Por isso, precisamos entender como se dá essa dispersão para a implementação de medidas mais efetivas de controle”.

Atualmente, capitais como Teresina (PI) Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS) e Rio de Janeiro (RJ) têm registrado casos da doença, devido ao papel do cão doméstico como reservatório da leishmaniose.

Fonte: FioCruz